Vinte
anos depois da promulgação do Estatuto da Criança e Adolescente, ainda não
existe consenso em torno de propostas sobre a maioridade penal e o aumento das
penas socioeducativas.
Um grupo de deputados tenta, desde maio, consolidar uma proposta comum sobre o tema, mas ainda não há expectativa de conclusão do debate.
Mais de dez projetos de lei tramitam no Congresso Nacional com
propostas de mudanças no ECA, e os deputados que integram a comissão especial
criada para tratar do assunto já estiveram em vários estados para ouvir o
posicionamento de juízes e especialistas que atuam na área.
Ainda assim, o relator do colegiado, deputado Carlos Sampaio
(PSDB-SP) não conseguiu fechar um texto final para ser analisado pelo grupo e
depois no plenário da Câmara e do Senado.
Sampaio explicou que não existe um senso comum em torno de pontos
mais polêmicos, como a penalidade adequada para casos de crianças e
adolescentes envolvidas com tráfico de drogas.
Um dos maiores impasses gira em torno do aumento das penas
aplicadas aos jovens e da idade mínima para que eles respondam penalmente.
O coordenador-geral do Sistema Nacional de Atendimento
Socioeducativo, Cláudio Augusto Vieira da Silva, reafirmou que o governo é
contra qualquer mudança da maioridade penal e considera as medidas socioeducativas
suficientes para reverter o quadro de violência envolvendo crianças e
adolescentes.
Durante audiência convocada pela comissão, Cláudio Vieira
apresentou pesquisas para mostrar que a maior parte das ocorrências criminais
envolvendo jovens está relacionada a roubo e tráfico de drogas.
Pelos dados, o número de internações de adolescentes no Brasil
passou de 19,8 mil em 2011 para 27 mil no ano passado.
A presidenta do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente, Maria Izabel da Silva, reiterou a posição contrária ao agravamento
das penas.
O estatuto já prevê responsabilização a partir dos 12 anos de
idade e é mais “duro” com crianças e adolescentes que precisam esperar,
reclusos, a sentença do juiz, do que o Código Penal, que abre possibilidade de
adultos aguardarem o julgamento em liberdade, acrescentou.
“Não é verdade que nossos adolescentes são os grandes responsáveis
pelo aumento da violência no país. Pelo contrário, eles são vítimas da
ausência de políticas públicas, do acesso à educação de qualidade, do acesso ao
mercado de trabalho”, disse Maria Izabel.
Ela informou que 95% dos internos são homens, 75% têm entre 16 e
18 anos e todos estavam cursando da 4ª à 6ª séries na escola.
Fonte: Agência Brasil
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