José
Cláudio de Oliveira,
47 anos, está há 30 atuando na imprensa campinense.
Sempre trabalhou nos Associados (Rádio Clube e TV Borborema).
Divorciado e pai de três filhos adultos,
o “homem do cipó de boi” é humilde,
“pé no chão” e nunca “empinou” o nariz.
Os programas policiais que ele comanda no
rádio e na TV são líderes de audiência.
O sucesso não lhe subiu à cabeça.
Para Zé Cláudio, em determinados casos,
“BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO”.
Acompanhe aqui a história de um dos mais
carismáticos apresentadores da Paraíba.
COMO
FOI A SUA INFÂNCIA?
Foram tempos difíceis. Com muita
dificuldade. Meu pai trabalhou como vigia de rua e guarda noturno; Minha mãe
trabalhou como costureira, mas eles sempre me deram a condição para estudar.
COMO
FOI SUA CHEGADA AO RÁDIO E A TV?
Quando eu era criança, com onze ou doze
anos, sempre insistia com meu pai para que ele comprasse um gravador (daqueles
que tinham um microfone). Naquela época eu já brincava de ser radialista. Era
um rádio ligado e o gravador ligado. A partir daí eu senti que tinha tendência
para a área de comunicação e em 1984 eu recebi um convite do Timóteo de Souza,
do professor Everaldo Lira e outros companheiros para apresentar na Rádio
Sociedade (hoje Rádio Cariri), o programa “A Turma da Escola” que era um
noticiário variado, levado ao ar todos os sábados. A Rádio Sociedade funcionava
ao lado dos estúdios da Rádio Borborema (hoje Clube), pois fazia parte do Grupo
Associados. Fiz um teste para a Rádio Borborema (não passei), depois eu fiz o segundo
teste e acabei aprovado. O primeiro programa que apresentei na Borborema foi “Nelson
Sempre Nelson”. Fui ainda repórter de pista (repórter esportivo) e plantão
esportivo na Sociedade. Na Borborema fiz plantão policial “de hora em hora”. O
primeiro plantão era às 06h00 e o último às 23h00. Algum tempo depois recebi um
convite da direção da emissora para apresentar a Patrulha da Cidade em
substituição ao jornalista Assis Costa. Esse programa apresentei, durante algum
tempo, com Alexandre Borges e José Nilton “Barra Pesada”. A Patrulha no rádio
ficou alguns anos fora do ar, mas já faz quatro anos que ela voltou aqui na
Clube. Vinte um anos atrás, uma ideia do diretor Marcelo Antunes foi colocada
em prática, ou seja: A Patrulha da Cidade na TV Borborema. O programa emplacou e é líder em audiência.
Eu recebi inúmeras ameaças (por telefone
e cartas) que eu não levava em consideração, mas algumas outras foram muito
sérias. Na época com a repercussão das ameaças, o então secretário de segurança
Marcus Benjamin determinou proteção 24 horas. Isso durou aproximadamente um mês.
Aquilo era algo complicado. Depois a “poeira baixou”. Tudo aconteceu por causa
das denúncias que eu fazia. Hoje, posso garantir que essas coisas não me
intimidam. Faço meu trabalho denunciado os errados, “doa em quem doer”.
COMO
FOI A EXPERIÊNCIA DE SER VEREADOR POR DUAS VEZES EM CAMPINA GRANDE? QUAL O LADO
BOM E O LADO RUIM?
Em 1996 fui eleito pela primeira vez.
Isso foi uma demonstração do carinho da população. Nesta oportunidade fui o
quinto mais votado na cidade e o primeiro da minha coligação (que elegeu seis
vereadores). Tive oportunidade de conviver com muitas lideranças, hoje
conhecidas em todo o estado da Paraíba. Tive alegrias e decepções com algumas
pessoas, com alguns políticos, mas me considero um político, mesmo sem mandato.
Com a minha voz eu trabalho pela segurança da minha cidade. Levo às
reivindicações da sociedade até as autoridades. Não me arrependo de nada quando
vereador. Foi uma experiência válida. Não posso dizer que não vou me candidatar
futuramente, mas meu foco hoje é continuar trabalhando no rádio e na TV em
benefício da população.
COMO
É O JOSÉ CLÁUDIO FORA DOS ESTÚDIOS DA TV E DO RÁDIO? O QUE VOCÊ FAZ?
Veja bem: eu me dedico muito ao trabalho
também fora da empresa. Em casa eu procuro me informar do que está acontecendo.
Tenho que ficar “antenado”. Tenho um bom relacionamento com policiais civis e militares
que são fontes, mas tenho meus momentos de lazer com a família, com meus filhos
e com minha mãe (meu pai já morreu). Tem o momento da cervejinha com os amigos,
uma boa conversa e tudo com muita responsabilidade (eu bebo, Batatinha bebe e você bebe... com responsabilidade). Gosto
de dançar, me divirto como qualquer pessoa normal. Muitas vezes as pessoas me encontram
num lugar dançando e acham aquilo quase que “anormal”. Eu posso beber, posso
dançar e posso me divertir. Não sou estranho, não sou estrela. Sou uma pessoa
normal, no entanto no meu trabalho mostro minha seriedade, como mostro também
fora, pois é meu nome que está em jogo, é o nome da empresa e é o nome do
programa.
COMO
VOCÊ AGE DIANTE DO ASSÉDIO? QUEIRA SIM,
QUEIRA NÃO, O FATO DE VOCÊ SER UM HOMEM DA TV EXISTEM OS FÃS E OS QUE NÃO SÃO
TÃO FÃS ASSIM.
Olha: nem CRISTO agradou todo mundo. Eu
sei que tem pessoas que não gostam do meu trabalho, mas eu respeito, pois ninguém
é obrigado a gostar da pessoa ou do trabalho dela. Por outro lado eu tenho
recebido o apoio, o carinho e a solidariedade de uma infinidade. Procuro me manter
numa conduta firme e responsável, pois é meu nome e isso é motivo de respeito e
aceitação. Posso dizer também que o carinho que recebo de pessoas (crianças,
jovens, adultos, e da melhor idade) tirando fotos comigo me estimula, me faz
feliz e me traz alegria.
QUAIS
AS REPORTAGENS OU MOMENTOS QUE MARCARAM VOCÊ, NO SEU TRABALHO?
Foram inúmeros os momentos que marcaram.
Houve um caso que acompanhei (ainda como repórter da então Rádio Borborema) que
me tocou bastante. Por exemplo: uma menina de cinco anos foi sequestrada por um
maníaco que abusou dela de todas as formas e depois a matou, além disso,
ocultou o cadáver em uma fossa. Isso me chocou. Outro caso foi em 1986 e diz
respeito à morte de um taxista. Dois homens solicitaram uma corrida. O taxista
saiu da praça, próximo a rodoviária velha, e desapareceu. Um mês depois ficamos
sabendo que o corpo dele tinha sido enterrado em Russas/CE. Durante o tempo em que ele ficou
desaparecido, nós nos mobilizamos bastante para saber o paradeiro dele. A
família não tinha condições de trazer o corpo e fizemos uma campanha na rádio
para que ele fosse transladado. Arrecadamos uma boa quantia. Houve a exumação
do corpo. Uma equipe do UML (hoje Numol), a família dele e eu fomos até o
Ceará. Na volta, quando chegamos ao distrito de São José da Mata, nos deparamos
com uma imensa fila de táxis. O cortejo me marcou. Muita gente pensa que para repórter
policial, “quanto pior, melhor”. Não é assim. Eu, você e outros, não temos
pedra de gelo no lugar do coração. Somos humanos e temos sentimentos. A gente
se depara com tanta tragédia que as lágrimas caem. Nós temos sentimentos e temos
vontade de chorar.
QUEM
TRABALHA NESSA ÁREA DO JORNALISMO O TELHADO É DE VIDRO?
Nós trabalhamos numa vertente do
jornalismo que muita gente não compreende. É complicado e é difícil. Por
exemplo: se elogiamos um policial, por sua conduta em uma ação, somos afagados;
se condenamos a conduta de um policial, por uma atitude inadmissível, somos
condenados. Eu já tive oportunidade de denunciar muitos
policiais. Sei perfeitamente que uma minoria não gosta de mim, mas a grande
maioria trabalha comigo. Faz o certo. Muitas das minhas fontes são policiais;
fontes extraordinárias. Eu respeito muito essa gente que confia no meu
trabalho, no nosso trabalho. Mas eu digo para quem quer enveredar nesta área:
não se intimidem com cara feia. Quem abraçar o jornalismo policial tem que ter
vocação, credibilidade, honestidade e caráter. Eu sou apaixonado pela área
policial. É emocionante.
NÓS
SABEMOS QUE A FONTE NÃO DORME? VOCÊ ATENDE TELEFONES DURANTE A MADRUGADA, OU
DORME?
Quer se dedicar a área policial? Então
não desligue o telefone. Insista. Crie elo com instituições e com pessoas. Não
acredito em quem se diz jornalista policial que não pode atender uma fonte
durante a madrugada. Meu telefone é ligado 24 horas. Eu durmo com um caderno e
um lápis ao lado da cabeceira. Se ligarem eu anoto. Faz parte e é assim que tem
de ser.
BANDIDO
BOM É BANDIDO MORTO?
Em determinados casos bandido bom é
bandido morto. Não digo àquele ladrão de galinha, batedor de carteira, entre outros,
mas tem bandido que violenta, que sequestra, que mata covardemente e o melhor
lugar para esse tipo de gente é cemitério. Não estou aqui incentivando a
violência. Lhe digo com toda sinceridade: eu tenho ódio de bandido. Meu pai e
outros familiares já foram vítimas de bandidos. Quem não foi vítima de bandido
covarde? Quantas famílias que estão tendo acesso a essa nossa conversa, já não
perderam alguém para essa gente? Quantas vítimas de estupros? Repito: em determinados
casos, bandido bom é bandido morto.
RELAÇÃO
POLÍCIA E IMPRENSA EM CAMPINA GRANDE. QUAL SUA VISÃO?
Melhorou bastante, mas seria
interessante adotar a figura do assessor de imprensa. O jornalista policial (repórter)
poderia ter um local específico para poder trabalhar na Central ou Batalhão
informando o fato “em cima da hora”. Já trabalhei em períodos horríveis de
relacionamento, mas sempre resolvemos isto. O diálogo resolve.
QUAL
O SEGREDO DA PATRULHA DA CIDADE NUNCA FICAR “EM BAIXA”?
Temos um trabalho de equipe. Nada é
decidido por um só. A área policial tem critérios. São normas que devem ser empregadas
sempre. Tudo passa pelo crivo de Bastos
Farias, nosso Gerente de Jornalismo, mas tudo é combinado e discutido. É uma
equipe. A linha adotada é informar com responsabilidade. O sensacionalismo não
tem espaço no jornalismo responsável.
CAMPINA
GRANDE É UMA CIDADE VIOLENTA?
A violência é uma questão nacional. Não
é uma particularidade de Campina Grande. É preciso ser justo: o número de
homicídios diminuiu bastante em nossa cidade, porém os crimes patrimoniais e
roubo a pessoas são uma constância. Isso é preocupante. Me perturba, por exemplo,
passar em ruas de vários bairros e ver estabelecimentos com grades. O
comerciante está preso, no seu local de trabalho, sem poder abrir a porta,
enquanto o bandido lá fora, dita as normas. Mas é bom deixar claro: a polícia
enxuga gelo. Ela prende hoje e amanhã o bandido está nas ruas. É imoral ver
situações como esta. A maioria dos bandidos presos em flagrante delito, nos
crimes de roubos e furtos, tem um histórico de reincidência. Se a polícia
prende hoje e amanhã o cara está nas ruas, é culpa dela? Não é? A fragilidade
de nossas leis é uma porta escancarada para a contínua impunidade. Isso não é
culpa do delegado, do agente, policial militar, do agente penitenciário. A
culpa é de um bando de senadores e deputados federais que ignoram a realidade. Eles
deveriam ter vergonha na cara. O nosso país precisa de gente que se preocupe
com o país.
Parabéns Renato Diniz,você soube como desnudar o homem sisudo que nós vemos na frente das câmeras de tv e no programa de rádio.Excelente entrevista.
ResponderExcluirPessimo apresentador so fala besteira deveria assistir mais datena do brasil urgente pra aprender a apresentar um programa policia porque ele parece um palhaco deveria esta no circo . Matuto.
ResponderExcluir