O
ENTREVISTADO DA SEMANA É O VEREADOR CAMPINENSE OLÍMPIO OLIVEIRA, 50 anos,
casado e natural de Santo André (antes distrito de Gurjão), no Cariri paraibano.
Formado em Direito, Olímpio é delegado
de polícia, onde entrou por concurso público em 1988.
Iniciou como Delegado Operacional da
“Operação Manzuá” em Campina Grande.
Não demorou e foi nomeado Delegado de
Roubos e Furtos, em seguida Coordenador Administrativo da 2ª SRPC.
No ano de 1993, Superintendente Regional
de Polícia da 2ª SRPC.
Permaneceu no cargo por 5 anos
consecutivos, só se afastou, a pedido, no ano de 1998 para ingressar na
atividade política.
Até hoje, nenhum outro Delegado de
Polícia conseguiu permanecer à frente da 2ª SRPC por tanto tempo.
Conheça um pouco de um dos vereadores
mais atuantes do legislativo campinense com projetos relevantes que considera o
governo de Romero Rodrigues um retrocesso e que até agora não mostrou serviço.
CONFIRA...
CONTE
SUA TRAJETÓRIA NA POLÍTICA.
A minha primeira experiência na política
foi no ano de 1998, quando fui candidato a Deputado Estadual e não logrei
êxito. Em 2000, fui candidato a vereador e fiquei na 2ª suplência, quando tive
a oportunidade de assumir o mandato por 4 meses, por conta de licença do
vereador titular. Em 2004, fui mais uma vez candidato a vereador e fiquei na 1ª
suplência, entretanto, com a vitória de Veneziano para prefeito, assumi o
mandato já no mês de Janeiro de 2005, sendo efetivado como vereador titular em
janeiro de 2007, com a eleição de Guilherme Almeida a Deputado Estadual. Em
2008, fui eleito a vereador com uma expressiva votação, 4.502 votos, o mais votado da nossa coligação. Em 2012, fui
reeleito com 3.413 votos. Este ano (2014), fui candidato a
Deputado Estadual, não fui eleito, mas fiquei na 2ª suplência. Tive a
expressiva votação de 15.557 votos,
inclusive, três deputados eleitos tiveram menos votos do que eu. Por outro
lado, fui o 3º candidato a deputado estadual mais votado em Campina Grande,
foram 12.345 votos (só em Campina).
O
QUE LHE FEZ OPTAR PELA POLÍCIA?
Na verdade, me tornei policial por
acaso. Ao concluir o Curso de Direito em 1987, o primeiro concurso público que
prestei foi para Delegado de Polícia Civil. Aprovado, ingressei na carreira
policial. Foi a melhor coisa que fiz na
minha vida, pois, hoje estou convencido de que nasci para ser policial. Sou
vocacionado e apaixonado pela atividade policial. É uma pena que a Polícia
Civil da Paraíba tenha uma estrutura institucional tão frágil. Comandei grandes operações e com a minha
equipe desarticulei poderosas organizações criminosas, como prêmio fui
transferido e voltei a ser “Soldado Raso”. De Superintendente da regional mais importante do interior da Paraíba, fui
jogado na 14ª Delegacia Distrital, no bairro de Tibiri, da cidade de Santa
Rita-PB, como delegado adjunto. Um fato lamentável, porém não isolado, que
tirou a minha motivação pelo serviço policial.
QUAL
SUA OPINIÃO SOBRE A PC HOJE EM CAMPINA GRANDE E NO ESTADO?
A Polícia Civil se renovou, está mais
culta, está mais técnica, mas enfrenta pelo menos três grandes problemas: 01. O efetivo precisa ser ampliado
urgentemente, pois, ao longo do tempo a PC diminuiu de tamanho; 02. A PC precisa, urgentemente, ser
unificada. Antigamente, alguns defendiam a unificação da PM com a PC. Hoje, a Polícia Civil está fragilizada por
conta das cisões internas, onde as diversas gerações de delegados não se
entendem. Por outro lado, as demais carreiras, como: agentes, escrivães e
peritos reclamam que são preteridas nas discussões sobre a política salarial; 03. Policiais que já deviam estar aposentados há anos continuam trabalhando
para sobreviver, pois, a aposentadoria significa perdas salariais em torno de
30% do salário da ativa.
VIVEMOS
UM CAOS NA SEGURANÇA PÚBLICA?
Segundo o dicionário, caos é uma
confusão extrema e irremediável. Apesar da grande confusão que se tornou a
segurança pública, há remédio para salvar a nossa paciente que está, digamos,
enferma. O remédio é investimento. Na verdade, os governos que se sucedem na
Paraíba nunca deram importância aos investimentos em Segurança Pública. Fazer
segurança é muito caro e exige investimentos crescentes e permanentes. É preciso investir em SEGURANÇA HUMANA, que
é algo que este Estado nunca fez. Segurança humana é mais amplo e envolve
políticas públicas de ordem social e não só ações policialescas.
JÁ
FOI PRECISO ATIRAR EM ALGUÉM?
Não.
QUAL
O CASO EM QUE O SENHOR ESTEVE À FRENTE QUE “COROU” SEU TRABALHO NA PC?
Comandei o trabalho de inteligência que
culminou com a prisão da “Gang dos Carros Fortes”. Foi a operação policial mais
exitosa da história da Polícia Civil da Paraíba até hoje. Foram mais de 10
prisões. Apreendemos 15 espingardas calibre 12 de repetição e 2 fuzis AR 15.
Todos os integrantes da Gang foram presos, inclusive, alguns foram presos por
nossa equipe no estado de Pernambuco. A
operação rendeu matérias nos telejornais da grande mídia nacional.
VAMOS
PARA A POLÍTICA: COMO FOI ESSA ATRAÇÃO PELA POLÍTICA?
Sempre gostei de política. Antes de ser
policial já militava nos movimentos sociais, aos 21 anos fui eleito presidente
da Associação dos Feirantes do Mercado Central. Na minha adolescência li muito
sobre política, fui fortemente influenciado por dois amigos ligados à esquerda
(Aderaldo, amigo feirante e genro de um militante comunista, e Seu Félix, um
velho comunista que morava em João Pessoa, envolvido com cinema e com os movimentos
sociais da capital), os quais me emprestavam livros sobre a revolução cubana,
sobre o golpe de 1964 e sobre a extinta União Soviética.
O
SENHOR TEM TIDO UM TRABALHO RELEVANTE PARA A CIDADE NOS SEUS PROJETOS. POR QUAL
MOTIVO O SENHOR NÃO OBTEVE ÊXITO NA SUA TENTATIVA DE SER DEPUTADO?
Fazer
política como escolhi fazer, sem comprar votos, conquistando o voto consciente
e de opinião não é fácil, mas é prazeroso. Talvez esse tenha sido o grande
motivo pela qual não logrei êxito na tentativa de ser deputado. Entretanto,
considero uma grande vitória contar com a confiança de quase 16 mil paraibanos,
os quais votaram em mim de graça. Vitória
é não perder a integridade, derrota é ganhar uma eleição a qualquer preço.
O
LEGISLATIVO CAMPINENSE ESTÁ EM “SINTONIA” COM OS APELOS E REIVINDICAÇÕES DA
SOCIEDADE?
Ainda somos um Poder muito distante do
povo, pela própria opção do povo. O eleitor pensa que democracia é só o direito
de votar. Democracia é muito mais que isso: É o direito de votar, é o direito
de cobrar dos que foram eleitos, é o direito de fiscalizar os mandatários, etc.
O povo precisa entender que político é
um servidor público e é portador de obrigações. Político não é celebridade, nem
ídolo para ser colocado em posição muito superior. Político tem que trabalhar e
o povo tem que cobrar resultados.
O
PREFEITO ROMERO RODRIGUES: QUAL A SUA AVALIAÇÃO?
Estamos fechando o 2º ano do mandato do
prefeito Romero Rodrigues e até agora
ele não correspondeu com a grande expectativa que ele mesmo criou. Não há uma
única obra relevante a mencionar. É um governo de cartas de intenções e de
assinaturas de atos administrativos como as desapropriações. A cidade
continua suja, são 962 pontos de acúmulo de lixo, conforme declarações do
próprio secretário de serviços urbanos. São gritantes as reclamações sobre os
serviços da Secretaria de Saúde, as pessoas reclamam da demora em marcar
consultas e para fazer exames e receber os respectivos resultados; da falta de
medicamentos e de médicos nas Unidades Básicas de Saúde da Família. Enfim, Romero precisa urgentemente começar a
governar.
QUAL
A NOTA QUE O SENHOR DARIA A ADMINISTRAÇÃO DE CAMPINA GRANDE?
Pode ser uma nota musical? Nota RE, de REtrocesso.
A
ALIANÇA PSB/PMDB/PT NO SEGUNDO TURNO OBRIGA RICARDO A GOVERNAR COM O PMDB? Obrigação é um termo muito pesado. É um novo
governo, apesar de ser o mesmo governante. Com certeza, o PMDB poderá ajudar
muito com os seus quadros na formação desse novo governo.
O
SENHOR ACREDITA NA LONGEVIDADE DESSA ALIANÇA?
Isso funciona como um casamento, ninguém
vai para uma festa de casamento pensando em separação. Por isso, acredito e
torço para que essa aliança seja duradoura para o bem da Paraíba, que já não
aquenta mais tanta divisão na política.
VENEZIANO
É INDISCUTIVELMENTE O NOME DO PMDB PARA CAMPINA EM 2016?
As
urnas de 2014 comprovaram que Veneziano está mais vivo do que nunca para
disputar e ganhar as eleições para prefeito de Campina em 2016, entretanto,
precisamos definitivamente desmontar o palanque político eternamente montado
nesta cidade. A cidade precisa respirar outra atmosfera. Temos problemas
seríssimos que precisam ser enfrentados sem partidarização: A questão hídrica,
a insegurança, a crise na saúde pública, etc.
SEU
NOME SERIA UMA OPÇÃO?
Como disse, temos um nome forte no
partido que é o de Veneziano. Estarei
trabalhando para viabilizar a sua eleição.
POR
QUAL MOTIVO O SENHOR ACREDITA QUE CÁSSIO PERDEU A ELEIÇÃO?
Ele
subestimou o adversário. Acreditou que só o seu carisma seria o suficiente para
ganhar a eleição. Ricardo vendeu bem as ações do governo e não foi só no guia
eleitoral. Cada ação do governo é acompanhada de perto por agentes do governo
que interagem o tempo todo com a população beneficiada. O cidadão mais
simples do lugar sabe que aquela obra foi decidida no Orçamento Democrático e
que o governador tem interesse pessoal que a obra seja concluída. A relação é
direta entre o governador e o povo (eleitor), ao contrário da política estilo
Cássio, onde a relação tem um atravessador (Deputado ou chefe político). Isso
fez a diferença.
O
CONSELHO DE SEGURANÇA EM CAMPINA GRANDE É INVISÍVEL? SERVE PARA ALGUMA COISA?
Diria que dorme em berço esplêndido. É
uma ferramenta importante de controle social, desde que desprovido de qualquer
partidarismo. Vivemos numa cidade onde é praticamente impossível reunir pessoas
para um projeto participativo de longo prazo. Por isso, lamento a inação dos
dirigentes do Conselho Municipal de Segurança, os quais prestam um desserviço
ao município, quando por omissão contribuem para desmotivar os vários
conselheiros que atenderam ao convite da Prefeitura para compor o referido
colegiado.
SEUS
PROJETOS TÊM RELEVÂNCIA PARA CAMPINA, COMO EU JÁ DISSE; O SENHOR DESTACARIA
ALGUNS?
Continuo firme no propósito de apresentar
a cidade um mandato propositivo, o qual se traduz na aprovação de diversos
projetos relevantes, que estão modificando a qualidade de vida das pessoas. Já
são mais de 70 leis originadas de projetos de minha autoria. Citarei apenas os
mais recentes:
A-)
Lei Municipal nº 5.670/2014, que dispõe sobre a aplicação de penalidades mais
duras pela emissão abusiva de ruídos sonoros provenientes de aparelhos de som
instalados em veículos automotores, estabelecimentos comerciais e de
entretenimento, residências e carrinhos de venda de CDS e similares.
Pela nova lei, o descumprimento lei
acarretará na imposição de multa de 05 (cinco) até 100 (cem) Unidades Fiscais
de Campina Grande (UFCG), sem prejuízo das demais sanções de natureza civil,
penal e das definidas em normas específicas. Atualmente, a Unidade Fiscal de
Campina Grande é fixada no valor de R$ 37.75 (Trinta e sete reais e setenta e
cinco centavos). Assim, a multa poderá variar de R$ 188,75 até R$ 3.775,00.
B-)
Lei Municipal nº 5.579, de 14 de abril de 2014, que dispõe sobre as
penalidades para coibir a demora dos serviços para o conserto de vazamentos na
rede de abastecimento de água, os quais estejam danificando a pavimentação de
vias públicas. Não podemos fechar os olhos para o desperdício. Mesmo diante da
crise hídrica enfrentada por Campina, é possível encontrarmos diversos
vazamentos jorrando água tratada e potável nas ruas da cidade. A nossa lei
possibilita que a Prefeitura multe a CAGEPA pela demora do conserto desses
vazamentos.
C-)
Lei Municipal nº 5.684/2014, que dispõe sobre a flexibilização da carga horária
de servidores públicos municipais que sejam cônjuges, pais ou responsáveis
legais de pessoas com deficiência. A flexibilização da carga horária se dará
nos dias e horários necessários e justificados, com o objetivo de acompanhar o
atendimento do respectivo dependente nas instituições de saúde, reabilitação ou
educação especializada.
Convivendo mais de perto com vários pais
e cônjuges de pessoas com deficiência, nas reuniões do Fórum Permanente sobre
Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência, identificamos as dificuldades
enfrentadas por essas pessoas para conciliar o horário de trabalho com a agenda
para acompanhar o atendimento do respectivo dependente (filho ou cônjuge) nas
instituições de saúde, reabilitação ou educação especializada. Daí a
necessidade da flexibilização da carga horária desses trabalhadores para que
eles possam oferecer a assistência ao ente familiar, com maior qualidade e sem
os riscos de retaliações de ordem financeira ou disciplinar impostas pela
chefia da repartição pública a que estejam vinculados.
D-)
Lei Municipal nº 5.508/2014, que dispõe sobre a proibição da cobrança de taxa
de transporte e/ou de montagem de móveis, de eletrodomésticos e de equipamentos
de informática por parte das empresas instaladas na cidade de Campina Grande.
Quem compra um produto tem o direito de
receber esse produto em casa e funcionando, pois, quando visitamos uma loja,
compramos um produto que está exposto, devidamente montado e em funcionamento.
Ninguém compra um móvel ou um equipamento desmontado. Logo, é obrigação de quem
vende entregar o produto da mesma forma que ele estava exposto.
ESTAMOS
PERDENDO A LUTA PARA O CRACK?
Não
se perde uma luta que não se luta. Na verdade, essa luta não existe. O governo
brasileiro é omisso e indiferente ao sofrimento de muitos adolescentes, jovens
e de seus familiares. O governo não previne, não oferece tratamento para a
demanda de dependentes e reprime muito mal. Toda capital e toda cidade polo
deveria ter um Centro de Referência para o Tratamento de Dependentes Químicos.
O Crack é um derivado da cocaína. No Brasil, não há plantação de EPADU, planta
da qual se extrai a pasta base da cocaína, ou seja, toda a cocaína consumida no
país vem de fora e o governo não consegue barrar a entrada da droga. Enfim, o
governo faz de conta que combate e o traficante faz de conta que acredita.
O
MINISTÉRIO PÚBLICO EM CAMPINA “FECHA OS OLHOS” PARA ESSA REALIDADE (CRIANÇAS EM
ESTADO DE DEGRADAÇÃO NAS RUAS)?
O Ministério Público tem as suas
limitações, pois, desenvolve uma atividade meio e sofre com inércia do
Judiciário. A obrigação de cuidar para que essas crianças não permaneçam nas
ruas é da Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Ação Social – SEMAS.
Na omissão da Prefeitura, o Ministério Público pode tentar formalizar um Termo
de Ajustamento de Conduta. Como a Prefeitura sabe das limitações do Ministério
Público e sabe também que não está obrigada a assinar o TAC, simplesmente faz
pouco caso, uma vez que, confia também na morosidade do Judiciário, o qual
levaria anos para julgar uma pretensa Ação Civil Pública que porventura fosse
impetrada pelo MP. Enfim, é um círculo vicioso que só será vencido quando
existir vontade política do governante.
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