("Bruna Valeska") |
Nesta quinta-feira (04/12) no Fórum
Affonso Campos acontece um dos mais importantes julgamentos do ano em Campina
Grande.
Sentarão no banco dos réus três mulheres
acusadas de um dos crimes mais cruéis e covardes já ocorridos na cidade.
Maria Cristina Vieira dos Santos Martírios
(“Bruna Valeska”), Maria da Guia Venâncio e Alzicleide Diniz da Silva são acusadas
de assassinar Midiã Emanuele Nunes de Andrade, de 10 anos.
(Alzicleide Diniz) |
A menina foi espancada até a morte, ainda
foi queimada viva com álcool e teve o corpo jogado em um terreno baldio no
Bairro Liberdade.
O crime aconteceu em outubro de 2010 e em 2013 foi elucidado.
Um homem também participou da barbárie.
Ele teve o processo desmembrado, pois a
defesa sugeriu que o acusado tinha problemas mentais.
Realizados os exames, o resultado deu
negativo (ele não tem nada de louco) e vai a júri em outra oportunidade.
(Wedson Gomes) |
O julgamento das mulheres, que estão em
um presídio em Cajazeiras, no Sertão, tem início às 09h00 e será presidido pelo
juiz Falkadre de Souza Queiróz.
O ministério público será representado
pelo promotor Osvaldo Barbosa.
Nas defesas atuarão os advogados Tadeu
Licarião Nogueira, Álvaro Gaudêncio Neto e Milton Aurélio.
O promotor Osvaldo Barbosa no WhatsApp se expressou: "eu considero esse um dos crimes mais bárbaros que eu tenho conhecimento nesses meus 27 anos de promotor de justiça..."
ENTENDA
O CASO
Midiã Emanuele de Andrade e a irmã dela
foram adotadas por Maria Cristina Vieira dos Santos Martírios, cinco anos
atrás.
A mãe biológica das meninas não tinha
condições de criar as filhas.
De acordo com a polícia, a fragilidade e
o perfil social facilitaram a adoção irregular das crianças.
“Bruna Valeska” mantinha uma relação homossexual
com Alzicleide Diniz.
Ainda na residência do casal, moravam
Maria da Guia e Wedson Gomes.
Quase que diariamente as meninas eram
espancadas e mantidas encarceradas.
Midiã, de tanto sofrer, começou a ficar
rebelde.
Essa atitude foi o suficiente para “Bruna
Valeska” encontrar a “solução”, ou seja: tramou sumiço da criança.
No dia da morte, Mídiã comeu escondida, um
biscoito.
Isto foi à gota d’água.
O
CRIME
“Bruna Valeska” mandou “Guia” comprar álcool.
A menina foi espancada, jogada no chão e
teve o corpo queimado quando ainda estava viva.
Ela morreu carbonizada no banheiro.
A
OCULTAÇÃO DO CADÁVER
Depois de 24h da morte, o corpo foi
colocado em uma caixa de papelão e jogado em um matagal próximo a linha férrea
na Liberdade.
“Quando
eles deixaram o corpo na linha do trem, atearam fogo novamente no cadáver para
apagar as impressões digitais”, disse a delegada Alba Tânia.
O cadáver foi encontrado no dia
seguinte, mas como não havia boletim de ocorrência, registrando o
desaparecimento da menina, qualquer investigação mais profunda na época, foi em
vão.
Ninguém reclamou o desaparecimento.
O
DESFECHO
A partir do final de 2012 começaram a
surgir pistas.
O crime foi presenciado pela irmã da
vítima que foi pressionada a não comentar o assassinato.
“A
menina viu Midiã sendo morta pelas mulheres. Como ela ficou com medo de morrer
e sofrendo ameaças ficou calada por dois anos. No entanto a garota conseguiu
fugir de casa, procurou um orfanato e pediu ajuda”.
A direção do orfanato comunicou o caso à
Polícia Civil.
Numa investigação criteriosa, silenciosa
e extremamente responsável o crime foi desvendado.
Foi colhido material genético da vítima
e confrontado com o da mãe biológica.
Ficou comprovado que o corpo encontrado era
da menina que “Bruna Valeska” tinha a guarda.
AS
PRISÕES
Os envolvidos foram presos em Campina
Grande e Alagoa Nova no dia 17 de fevereiro do ano passado, mediante mandados
da justiça.
A polícia teve dificuldade de chegar aos
acusados porque eles mudavam de residência constantemente.
A
PARTICIPAÇÃO DE CADA UM
Maria
Cristina dos Santos Martírios:
Planejou e executou o crime.
Mandou comprar álcool no posto de
gasolina.
Jogou na menina, riscou o fósforo e a
trancou no banheiro, depois mandou colocar o corpo na casinha de cachorro no
quintal e posteriormente na linha do trem.
Wedson
Gomes de Andrade
Retirou a menina do banheiro e colocou
na casa do cachorro.
No dia seguinte colocou o corpo em uma
caixa de papelão, amarrou, levou para a linha férrea onde colocou mais fogo
para apagar as digitais.
Alzicleide
Diniz da Silva
No dia do crime agrediu fisicamente a
menina e ajudou na ocultação.
Maria
da Guia
Comprou o álcool, e também levou o corpo
até a linha férrea.