O policial militar, Ademir de Lima
Camelo, ferido a tiros durante uma tentativa de assalto, de que foi vítima, está
em casa se recuperando.
Na tarde de 16 de janeiro ele foi
baleado com um tiro na coluna.
O processo de recuperação é lento, porém
o policial, de 30 anos, não desanima nunca.
Em sua página, no facebook, ele fez um
relato emocionante que impressiona.
Atente ainda para a frieza e covardia dos
bandidos, pois mesmo rendido, o policial/médico é atingido com um tiro por
trás.
POR ADEMIR DE LIMA CAMELO:
“Aos
queridos familiares, aos amigos, imprensa e a todos que se sensibilizaram com
minha trágica situação, venho por este meio esclarecer alguns fatos da fatídica
tragédia.
Às
13h55 do dia 16 de Janeiro de 2015 antes de sair de casa dei um beijinho na
minha filhinha de cinco anos e falei para ela “papai vai sair, mas volta daqui a pouquinho” e prometi a ela que
iria chegar cedo e ela falou “te amo
papai” e eu falei “também te amo”,
peguei meu carro e fui para o PSF Plínio Lemos que fica a aproximadamente 800
metros de minha casa.
Chegando
lá dei boa tarde a todos os funcionários perguntei pela ACS com quem faria as
visitas do dia, mas ela ainda não tinha chegado.
Às
02h30 ela chega e vamos, no meu carro, fazer as visitas. Primeiramente na rua
paralela ao posto de saúde, procuramos a casa de número 339 que estava no
cadastro da paciente, mas passamos por todas as casas da rua e não encontramos
o tal número, sendo assim decidimos parar o carro e perguntar pela paciente.
Subimos
e descemos a rua perguntando se alguém conhecia a tal paciente.
Neste
momento desconfiei de um rapaz que rapidamente vinha em minha direção e
rapidamente fui para o outro lado da rua.
Ele
passou direto, acabamos chegando a casa 349 que era o verdadeiro número da residência
da paciente, chamamos por ela, um menino apareceu e abriu a porta.
Finalmente
conseguimos atender a jovem grávida.
Passamos
todas as recomendações já que ela estava próxima de ter o bebê.
Após
isso a mesma abre a porta para sairmos, a ACS sai na frente e eu saio atrás
dela, atravessando a rua já que o carro tinha ficado um pouco longe da casa.
Aproveitamos
o percurso para repassar os dados importantes sobre a grávida para serem
repassados para o médico do PSF. Quando chegamos próximo ao outro lado um rapaz
de óculos escuro e boné (o mesmo rapaz que havia vindo anteriormente
rapidamente em minha direção) me abordou e falou: “estou armado” e eu falei “oi”,
pois de imediato não raciocinei o que ele falou.
Ele,
de imediato, colocou a mão na minha cintura e tentou passar a mão para parte
posterior da minha cintura e não conseguindo por causa da distância, ele me
empurra para trás e eu me desequilibrei.
Quando
estou caindo para trás giro meu tronco e invés do assaltante cair por cima de
mim eu acabo caindo por cima dele, durante a rotação do tronco eu percebo que
minha arma que está na parte posterior da minha cintura cai assim como minhas
chaves e meu celular.
Ao
cair por cima do assaltante eu percebo que o outro assaltante que estava atrás
do primeiro corre,.
Só
não imaginava que ele estivesse correndo atrás da minha arma que tinha caído.
Quando
domino o assaltante, que eu estava por cima dele, escuto ele falar "atira...atira" eu percebo
que tinha alguém armado nas minhas costas e de imediato eu levanto as mãos e
digo "não atira...não atira"
mas ele não me atendeu.
Após
ter tentado dar o primeiro tiro ele não conseguiu.
Como
ando com a arma sem munição na câmara (sendo necessário ter que alimentar
manualmente com um golpe para poder começar a atirar, pois não ando com a arma
para me proteger e sim para proteger as outras pessoas que estão em perigo. Como
policial militar tenho o dever de proteger a sociedade).
Porém
o assassino sabia como manusear a arma, deu um golpe nela, e voltou a apontar
nas minhas costas e efetuou o disparo à queima roupa que penetrou na minha
coluna.
De
imediato me fez perder a motricidade das pernas e como eu estava de joelhos no
chão e mãos para o alto cai de imediato no chão do meu lado direito.
Sabendo
o que teria que fazer com o braço esquerdo apoiei meu corpo no chão e com a mão
comprimi o ferimento.
Dai
percebo outro assaltante pegando meu celular e correndo. Com muita dor nas
costas percebo que o disparo acertou minha coluna e tento não me mexer e peço
ajuda as pessoas para chamar o SAMU.
Com
pouco tempo chega o médico do posto e que me dá apoio medindo meu pulso,
percebo que perdi muito sangue, meus lábios secam, minha atenção e força
diminuindo.
Com
aproximadamente 15 minutos as motolâncias do SAMU chegam e faz um acesso com
soro, o que melhorou um pouco. Mais uns 10 minutos a ambulância do SAMU chega e
sou colocado na prancha e levado para o Trauma onde passei por vários exames.
Houve
a necessidade de suturar o ferimento causado pela bala, (que de acordo com os
exames foi descartada a hipótese de retirar a bala de meu corpo e fui para o
ambulatório).
Sentia
fortes dores no joelho e de acordo que as horas iam passando as dores iam
aumentando e tomando proporções diferentes;
Passou
para as coxas, mais achava que era apenas uma dor neuropática, e que meu
cérebro estava me iludindo, irradiando a dor das costas para as pernas.
As
primeiras 24 horas não conseguia nem que as pessoas falassem perto de mim, até
o levantar do lençol me machucava.
Nessas
primeiras horas eu só queria melhorar, superar a dor e tranquilizar minha
família.
Passei
4 dias me recuperando das fortes dores nas pernas e na coluna, mas não
conseguia me alimentar direito, nem podia ter tranquilidade para poder pensar
no que realmente estava acontecendo comigo e as futuras mudanças que minha vida
teria! Foi quando comecei a sentir alguma sensibilidade nas pernas, as dores
estavam diminuindo e começava a sentir um calor e umas furadas nas coxas.
Fui
transferido para um hospital particular onde continuei minha recuperação e dei
início a uma reabilitação exaustiva, porem necessária.
Eu
sabia que quanto mais eu me esforçasse, quanto mais empenho eu aplicasse, a
probabilidade de ter uma recuperação favorável aumentaria.
Hoje
me encontro em casa, me reabilitando com muita fisioterapia e medicações.
E
que agora só tenho a agradecer primeiramente a Deus por me dar a graça de ter
preservado a minha vida, aos meus familiares (que em nenhum momento me deixaram
só e nem deixaram de acreditar na minha reabilitação), aos colegas policiais
que com muito afinco se empenharam em capturar os assaltantes (com especial
agradecimento aos PMs que os capturaram).
Gostaria
de agradecer também aos comandantes da PM ao major Gilberto (que nos deixou a disposição
de qualquer coisa que necessitasse), e em especial ao comandante do 9° BPM Ten.
Cel. Galvão pelo apoio e atenção dado a mim.
Gostaria
de agradecer aos meus médicos e professores, em especial ao neurologista Dr.
Amaury Filho que me acompanhou durante toda a recuperação e ao urologista Dr.
Gilberto Meneguesso, que acompanharão e me darão todo o suporte necessário para
o tratamento.
Agradeço
demais a todos meus amigos e colegas de curso, que estavam ao meu lado e
sensibilizados lutaram para que tenha tudo de direito para minha reabilitação e
ainda continuam a lutar.
Aos
amigos, companheiros, que estão comigo direto e que não me deixaram em nenhum
momento e que estão batalhando comigo, nem tem como dizer o que vocês estão
representando neste momento.
E um agradecimento muito especial a
todos as pessoas que rezaram e oraram por mim e isso fez uma grande diferença
na minha recuperação...
Com
fé e força estou dando continuidade a minha reabilitação, e que logo, logo irei
poder voltar a ajudar a comunidade.
Não será uma bala que me fará desistir
do sonho de ser médico e de ajudar as pessoas.
Muito obrigado!
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