sábado, 31 de janeiro de 2015

“NÃO SERÁ UMA BALA QUE ME FARÁ DESISTIR DO SONHO DE SER MÉDICO E DE AJUDAR AS PESSOAS”, DIZ POLICIAL BALEADO DURANTE ASSALTO EM CAMPINA GRANDE

O policial militar, Ademir de Lima Camelo, ferido a tiros durante uma tentativa de assalto, de que foi vítima, está em casa se recuperando.
Na tarde de 16 de janeiro ele foi baleado com um tiro na coluna.
O processo de recuperação é lento, porém o policial, de 30 anos, não desanima nunca.
Em sua página, no facebook, ele fez um relato emocionante que impressiona.
Atente ainda para a frieza e covardia dos bandidos, pois mesmo rendido, o policial/médico é atingido com um tiro por trás.

POR ADEMIR DE LIMA CAMELO:
“Aos queridos familiares, aos amigos, imprensa e a todos que se sensibilizaram com minha trágica situação, venho por este meio esclarecer alguns fatos da fatídica tragédia.
Às 13h55 do dia 16 de Janeiro de 2015 antes de sair de casa dei um beijinho na minha filhinha de cinco anos e falei para ela “papai vai sair, mas volta daqui a pouquinho” e prometi a ela que iria chegar cedo e ela falou “te amo papai” e eu falei “também te amo”, peguei meu carro e fui para o PSF Plínio Lemos que fica a aproximadamente 800 metros de minha casa.
Chegando lá dei boa tarde a todos os funcionários perguntei pela ACS com quem faria as visitas do dia, mas ela ainda não tinha chegado.
Às 02h30 ela chega e vamos, no meu carro, fazer as visitas. Primeiramente na rua paralela ao posto de saúde, procuramos a casa de número 339 que estava no cadastro da paciente, mas passamos por todas as casas da rua e não encontramos o tal número, sendo assim decidimos parar o carro e perguntar pela paciente.
Subimos e descemos a rua perguntando se alguém conhecia a tal paciente.
Neste momento desconfiei de um rapaz que rapidamente vinha em minha direção e rapidamente fui para o outro lado da rua.
Ele passou direto, acabamos chegando a casa 349 que era o verdadeiro número da residência da paciente, chamamos por ela, um menino apareceu e abriu a porta.
Finalmente conseguimos atender a jovem grávida.
Passamos todas as recomendações já que ela estava próxima de ter o bebê.
Após isso a mesma abre a porta para sairmos, a ACS sai na frente e eu saio atrás dela, atravessando a rua já que o carro tinha ficado um pouco longe da casa.
Aproveitamos o percurso para repassar os dados importantes sobre a grávida para serem repassados para o médico do PSF. Quando chegamos próximo ao outro lado um rapaz de óculos escuro e boné (o mesmo rapaz que havia vindo anteriormente rapidamente em minha direção) me abordou e falou: “estou armado” e eu falei “oi”, pois de imediato não raciocinei o que ele falou.
Ele, de imediato, colocou a mão na minha cintura e tentou passar a mão para parte posterior da minha cintura e não conseguindo por causa da distância, ele me empurra para trás e eu me desequilibrei.
Quando estou caindo para trás giro meu tronco e invés do assaltante cair por cima de mim eu acabo caindo por cima dele, durante a rotação do tronco eu percebo que minha arma que está na parte posterior da minha cintura cai assim como minhas chaves e meu celular.
Ao cair por cima do assaltante eu percebo que o outro assaltante que estava atrás do primeiro corre,.
Só não imaginava que ele estivesse correndo atrás da minha arma que tinha caído.
Quando domino o assaltante, que eu estava por cima dele, escuto ele falar "atira...atira" eu percebo que tinha alguém armado nas minhas costas e de imediato eu levanto as mãos e digo "não atira...não atira" mas ele não me atendeu.
Após ter tentado dar o primeiro tiro ele não conseguiu.
Como ando com a arma sem munição na câmara (sendo necessário ter que alimentar manualmente com um golpe para poder começar a atirar, pois não ando com a arma para me proteger e sim para proteger as outras pessoas que estão em perigo. Como policial militar tenho o dever de proteger a sociedade).
Porém o assassino sabia como manusear a arma, deu um golpe nela, e voltou a apontar nas minhas costas e efetuou o disparo à queima roupa que penetrou na minha coluna.
De imediato me fez perder a motricidade das pernas e como eu estava de joelhos no chão e mãos para o alto cai de imediato no chão do meu lado direito.
Sabendo o que teria que fazer com o braço esquerdo apoiei meu corpo no chão e com a mão comprimi o ferimento.
Dai percebo outro assaltante pegando meu celular e correndo. Com muita dor nas costas percebo que o disparo acertou minha coluna e tento não me mexer e peço ajuda as pessoas para chamar o SAMU.
Com pouco tempo chega o médico do posto e que me dá apoio medindo meu pulso, percebo que perdi muito sangue, meus lábios secam, minha atenção e força diminuindo.
Com aproximadamente 15 minutos as motolâncias do SAMU chegam e faz um acesso com soro, o que melhorou um pouco. Mais uns 10 minutos a ambulância do SAMU chega e sou colocado na prancha e levado para o Trauma onde passei por vários exames.
Houve a necessidade de suturar o ferimento causado pela bala, (que de acordo com os exames foi descartada a hipótese de retirar a bala de meu corpo e fui para o ambulatório).
Sentia fortes dores no joelho e de acordo que as horas iam passando as dores iam aumentando e tomando proporções diferentes;
Passou para as coxas, mais achava que era apenas uma dor neuropática, e que meu cérebro estava me iludindo, irradiando a dor das costas para as pernas.
As primeiras 24 horas não conseguia nem que as pessoas falassem perto de mim, até o levantar do lençol me machucava.
Nessas primeiras horas eu só queria melhorar, superar a dor e tranquilizar minha família.
Passei 4 dias me recuperando das fortes dores nas pernas e na coluna, mas não conseguia me alimentar direito, nem podia ter tranquilidade para poder pensar no que realmente estava acontecendo comigo e as futuras mudanças que minha vida teria! Foi quando comecei a sentir alguma sensibilidade nas pernas, as dores estavam diminuindo e começava a sentir um calor e umas furadas nas coxas.
Fui transferido para um hospital particular onde continuei minha recuperação e dei início a uma reabilitação exaustiva, porem necessária.
Eu sabia que quanto mais eu me esforçasse, quanto mais empenho eu aplicasse, a probabilidade de ter uma recuperação favorável aumentaria.
Hoje me encontro em casa, me reabilitando com muita fisioterapia e medicações.
E que agora só tenho a agradecer primeiramente a Deus por me dar a graça de ter preservado a minha vida, aos meus familiares (que em nenhum momento me deixaram só e nem deixaram de acreditar na minha reabilitação), aos colegas policiais que com muito afinco se empenharam em capturar os assaltantes (com especial agradecimento aos PMs que os capturaram).
Gostaria de agradecer também aos comandantes da PM ao major Gilberto (que nos deixou a disposição de qualquer coisa que necessitasse), e em especial ao comandante do 9° BPM Ten. Cel. Galvão pelo apoio e atenção dado a mim.
Gostaria de agradecer aos meus médicos e professores, em especial ao neurologista Dr. Amaury Filho que me acompanhou durante toda a recuperação e ao urologista Dr. Gilberto Meneguesso, que acompanharão e me darão todo o suporte necessário para o tratamento.
Agradeço demais a todos meus amigos e colegas de curso, que estavam ao meu lado e sensibilizados lutaram para que tenha tudo de direito para minha reabilitação e ainda continuam a lutar.
Aos amigos, companheiros, que estão comigo direto e que não me deixaram em nenhum momento e que estão batalhando comigo, nem tem como dizer o que vocês estão representando neste momento.
E um agradecimento muito especial a todos as pessoas que rezaram e oraram por mim e isso fez uma grande diferença na minha recuperação...
Com fé e força estou dando continuidade a minha reabilitação, e que logo, logo irei poder voltar a ajudar a comunidade.
Não será uma bala que me fará desistir do sonho de ser médico e de ajudar as pessoas.
Muito obrigado!

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