Recentemente a TV Borborema, em Campina
Grande exibiu uma reportagem contando a história de um marceneiro, morador do
Bairro Monte Castelo, tido como morto a partir da metade da década de 1980.
Desde então a vida desse homem virou de
cabeça para baixo.
A reportagem foi de Sabrina Lima e a
produção de Sílvio Melo.
Segurando o atestado de óbito, Bento Henrique
Alves disse à repórter que “a única coisa que eu quero é ficar vivo e o
resto a gente vai levando”.
“Parece
história de novela, né seu bento?”, perguntou Sabrina.
Seu bento respondeu: “Parece
sim, mas infelizmente pra mim está sendo cruel. Imagine, por exemplo, você
chegar para se aposentar e ser declarado como morto. Ninguém ficaria
satisfeito. Ninguém”, desabafou o marceneiro.
“Seu Bento” investigou a história e
segundo ele tudo aconteceu quando a ex-esposa foi ao INSS e declarou que ele
estava morto. O marceneiro procurou a mulher e, de acordo com ele, ela queria
se casar pela segunda vez.
“Ela disse que eu passei 38 anos sem
aparecer e depois que eu apareci foi para trazer problema para ela. Eu disse:
quer dizer que você me mata e eu trago problema para você? Eu quero ver como é
que você vai se defender agora com esse processo”, perguntou para a
ex-mulher.
De acordo com a Previdência Social
existem duas formas de declarar uma pessoa morta.
A primeira seria um parente ir até o INSS
com uma certidão de óbito e dar baixa no registro; a segunda é a através do
cartório, que repassa a informação ao órgão.
No caso de “Seu Bento” o INSS assegura
que houve uma fraude!
“Fizemos consulta no sistema
informatizado e podemos perceber que não houve registro realizado dentro do
INSS e também que esse registro não foi proveniente de informações dos
cartórios. Talvez estejamos diante de algo fraudulento. Só o poder judiciário
poderá realizar esta conclusão e resolver esta situação”, afirmou Jobson
Sales, Chefe de Benefício do INSS em Campina Grande.
O curioso é que mesmo dado como morto em
1985 a carteira de trabalho de seu bento foi assinada até 1990, representando
uma falha do sistema que não cruzou os dados.
O marceneiro também possui CPF ativo e
conseguiu até atualizar o título de eleitor no sistema biométrico!
É como se ele estivesse morto e ninguém
percebesse!
“Existem projetos em que os bancos de
dados do poder público (notadamente o federal) vão ser todos unificados em
algum tempo. Todos esses outros procedimentos que seu bento realizou como a
biometria, carteira de trabalho assinada com contratos de trabalhos posteriores
à pretensa morte que teria se dado em 1985, vão facilitar, por exemplo, a prova
que ele está vivo”, disse Jobson Sales.
Sobre o caso a justiça se pronunciou da
seguinte forma:
"Foi
Determinada a citação das pessoas que foram indicadas pelo advogado do
prejudicado (seu Bento), como também as pessoas responsáveis por esta certidão
de óbito.
Depois do prazo para a defesa, que é concedido pela lei, o judiciário
vai ter condições de se pronunciar e em constatando o equívoco oficialmente, se
poderá restabelecer a situação com uma eventual nulidade da certidão de óbito".
(Sabrina Lima/TV Borborema)
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