VEJA O VÍDEO do PM ferido no hospital
Imagens: Natan Gouveia (Notícias da PB/npb)
PROBLEMAS
DE BASTIDORES SOBRE O TIRO DE UM CAPITÃO NUM SOLDADO EM JOÃO PESSOA
(Saulo Nunes/paraibaemqap)
O atrito que resultou em tiro e sangue
entre um capitão da Polícia Militar e um soldado da mesma corporação em João
Pessoa (PB), na madrugada desta quinta-feira, 12 de fevereiro, respinga em
problemas internos que vão muito além de uma ocorrência “mal contada”.
Bomba das grandes no gabinete do
Comando-Geral da PM.
Vejamos as duas versões principais do
caso.
A primeira é de que o soldado Davi
Cristiano estaria numa moto, acompanhado de uma mulher, e a placa do veículo
encoberta por um adesivo.
Ao passar por uma blitz, teria “se
exaltado” diante do capitão Leão.
No bate-boca, o soldado teria tentado
sacar sua pistola.
O capitão, então, efetuou um disparo na
perna de Davi.
O praça foi contido, algemado e
conduzido até uma delegacia.
A outra versão confirma que a placa da
moto estava encoberta, mas seria apenas para o militar “se livrar de multas”.
Quanto à denúncia de que ele teria
tentado reagir com sua arma, o relato não seria verdadeiro, conforme a versão
que o defende.
O soldado teria sido agredido com
coronhadas na cabeça, além do tiro que sofreu na perna.
NOS
‘BASTIDORES’
Engana-se quem pensa que o problema
‘acabou na delegacia’.
O modelo ‘militar’ das PMs no Brasil tem
como fator negativo a histórica divisão entre “oficiais x praças”, diferenças
hierárquicas que vez por outra potencializam discussões as mais calorosas,
culminando em agressões e até mortes.
É óbvio que hierarquia e disciplina são
requisitos existentes em quase todas as instituições, inclusive na iniciativa
privada.
No entanto, no militarismo elas ganharam
contornos, por vezes, exacerbados, a ponto de dividir a tropa de uma forma que
somente uma série de reformulações profundas será capaz de amenizar esses
atritos.
Não estamos afirmando que o caso
específico é necessariamente fruto do fosso que divide oficiais e praças da PM
no Brasil.
Mas não nos enganemos: nos bastidores da
PMPB, o episódio já nutre discussões que remetem às diferenças abissais entre
as duas correntes que compõem a corporação. E pipocam questionamentos do tipo:
- E se fosse o soldado que tivesse
atirado no oficial?
- Um soldado sozinho teria mesmo coragem
de atirar em um oficial numa blitz cheia de policiais?
- Se uma pessoa sacar uma pistola para
você é na perna dessa pessoa onde você vai atirar para se defender?
- Soldados são julgados por oficiais; e
os oficiais são julgados por eles próprios. Tem como haver justiça aí?
- Na guarnição do capitão também havia
praças. Como eles irão se posicionar quando forem ouvidos, caso o oficial tenha
realmente cometido excessos?
Longe de já querermos ‘condenar’ o
capitão no caso em tela. Essa não é, verdadeiramente, a nossa intenção.
Porém, o modelo “Militar” que o Brasil
herdou e mantém em suas PMs reúne diversos fatores que já complicam a vida de
Davi.
Antes de qualquer julgamento.
(divulgado no paraibaemqap em12/02)