Foto: Diogo Almeida/g1 |
O esquema de extração ilegal da “turmalina
paraíba”, desarticulado durante operação conjunta entre a Polícia Federal e o
Ministério Público Federal nesta quarta-feira (27/05), movimentou mais de “2.500.000,00
reais” entre os oito investigados.
De acordo com o delegado da Polícia
Federal Fabiano de Lucena Martins, o potencial exploratório da mina era de
cerca de 1 bilhão de dólares.
Os detalhes da investigação, que teve
início em 2009, foram divulgados em entrevista coletiva na sede da Polícia
Federal, em Cabedelo.
Sete pessoas foram presas e um suspeito
estava foragido até as 11h00.
Policiais federais do Nordeste também
cumpriram oito mandados de sequestro de bens e 19 de busca e apreensão.
Foram apreendidos carros de luxo, uma
quantia em dinheiro não divulgada e algumas pedras de turmalina.
Nenhuma das prisões realizadas na
operação foi feita na Paraíba, segundo a polícia.
Os suspeitos serão indiciados pelos
crimes de lavagem de dinheiro, usurpação de patrimônio da União, organização
criminosa, contrabando e evasão de divisas.
A operação ‘Sete Chaves’ ocorreu nas
cidades paraibanas de João Pessoa, Monteiro e Salgadinho e também nos
municípios de Parelhas e Natal, no Rio Grande do Norte, além de Governador
Valadares (MG) e São Paulo (SP).
Durante a entrevista coletiva, a Polícia
Federal apresentou um mapa do caminho que as pedras faziam no esquema.
Segundo a PF, o esquema criminoso
começava com a extração da pedra no distrito de São José da Batalha, em
Salgadinho (PB). Uma empresa paraibana existente no local não possuía licença
para extração da pedra, mas segundo as investigações, as pedras paraibanas eram
extraídas pela empresa, ilegalmente, e enviadas para uma mina na cidade de
Parelhas (RN), onde ganhavam certificados legais de exploração.
Do Rio Grande do Norte, as pedras
seguiam para Governador Valadares (MG), para serem lapidadas.
Lá, comerciantes enviavam as gemas para
o exterior, em mercados na cidade de Bangkok, na Tailândia, Hong Kong, na China
e Houston e Las Vegas, nos Estados Unidos.
"As pedras paraibanas são de maior
qualidade e portanto atraem maior interesse de colecionadores e dos suspeitos.
As pedras eram exportadas como sendo do Rio Grande do Norte, e assim declaradas
com valor inferior, e só no mercado do exterior que os comerciantes diziam a
real origem da pedra paraibana e portanto vendiam com preço elevado", disse o
delegado.
O delegado comentou que por causa da cor
e da raridade da pedra, um quilate (0,2 gramas) da turmalina paraíba custa “30
mil dólares”.
Ainda de acordo com o delegado, a depender
das características, o valor pode subir para “800 mil dólares.
A turmalina paraíba só é encontrada em
cinco minas em todo mundo, três estão na Paraíba e duas na África.
As pedras extraídas na Paraíba são
consideradas as mais valiosas entre as turmalinas, segundo Fabiano de Lucena
Martins.
Segundo a Polícia Federal, entre os
integrantes suspeitos de participarem da organização criminosa estão diversos
empresários e um deputado estadual, que utilizavam uma rede de empresas para
realizar o suporte das operações bilionárias em negociações com pedras
preciosas e lavagem de dinheiro.
A PF e o MPF não divulgaram o nome do
parlamentar envolvido, mas a assessoria
do deputado estadual João Henrique (DEM-PB), sócio de uma empresa de
mineração na Paraíba, encaminhou nota se posicionando sobre a operação.
"A empresa do deputado está
completamente regular perante a Receita Federal e o DNPM (Departamento Nacional
de Produção Mineral), sendo a única que dispõe de concessão de lavra para o
minério turmalina", informa a nota.
A assessoria de imprensa informou ainda
que "o
deputado apoia e contribuirá incondicionalmente com as investigações, porque
também é vítima desses criminosos que vêm praticando o crime de lavra
clandestina na região, através de empresas com ramificações em Parelhas, no Rio
Grande do Norte, Governador Valadares, em Minas Gerais, Bangkok, Tailândia, Hong
Kong, China, Houston e Las Vegas".
A polícia suspeita que um grande volume
destas pedras esteja nas mãos de joalheiros e de pessoas no exterior.
O nome da operação faz referência aos
negociadores no mercado restrito da turmalina azul, que guardavam à ‘sete
chaves’ o segredo sobre a existência de uma pedra valorizada e pouco conhecida
no mercado.
(g1pb)
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