“Tem a visão da sociedade, que querendo
ou não ia me julgar como mãe solteira, tem a questão da religião, meus pais são
muito influentes na igreja, ia ser uma coisa muito usada, eu seria muito
cobrada, teria que dar satisfação“.
Essa foi a justificativa apresentada
pela mulher que deixou o filho embaixo de uma lixeira em uma calçada de
Cabedelo, na Grande João Pessoa, em entrevista à TV Cabo Branco, para a
atitude.
Ela diz que o abandono foi motivado "por
desespero e medo da repercussão".
O bebê foi encontrado em uma calçada no
dia 1º de abril e no mesmo dia foi divulgado um vídeo de câmeras de segurança
em que a mulher é flagrada colocando a criança embaixo de uma lixeira.
A mãe do bebê Moisés se apresentou ao
Ministério Público após o pai da criança ter ido à polícia e se identificado.
A jovem disse que fez o próprio parto e
planejou deixar a criança na calçada ainda durante a gravidez, conforme
informou a Polícia Civil.
Ainda de acordo com a mãe de Moisés, o
maior medo era de magoar seu pai, que já tinha dado apoio em outra gravidez.
“Como
o meu pai ia reagir? Meu pai é tradicional, eu já tinha tido uma gravidez e já
tinha me separado. Do mesmo jeito que ele me apoiou na primeira, eu fiquei
naquele receio de magoá-lo de novo. Queria evitar o sofrimento maior para o meu
pai, porque eu sei o quanto ele me ama. Filho é uma benção, mas o pai querendo
ou não se magoa naquilo de ‘ah, eu já te dei um oportunidade e você tá fazendo
isso de novo'”, relatou.
O pai da jovem que deixou a criança na
calçada, e também o responsável por resgatar a criança, explicou que se a filha
tivesse comentando sobre a gravidez, teria sofrido menos.
“Tomei conhecimento de todos os
detalhes, do sofrimento desnecessário que ela passou pra ter esse bebê. Poderia
ter falado comigo que sofreria menos. O risco que ela correu, o risco que o
bebê correu, o sofrimento que nós estamos tendo, o sofrimento que as pessoas
mais próximas também estão tendo. É um momento delicado”, desabafou o
avô do bebê Moisés.
Na hora do parto, a mãe estava sozinha
em um banheiro da casa em que mora com a família.
"Gritando na toalha para ninguém
escutar. Eu estava sofrendo tudo ali só. Segurei o bebê em um braço, a placenta
no outro. Cortei o cordão umbilical. Foi muito sangue”, ela relata.
O pai da criança, Moisés Pereira
Teixeira, também em entrevista à TV Cabo Branco, comentou que identificou que
se tratava do seu filho pela gravação da sua ex-namorada deixando o bebê na
calçada.
“Movimentos da pessoa bateram com a
pessoa com quem eu tive um relacionamento. No primeiro mês em que começamos a
nos relacionar, ela disse que estava grávida, acompanhei ela em todos os exames
pré-natais até o quarto mês. No mês seguinte, falou que tinha perdido, que teve
um sangramento grande e perdeu a criança”, comentou o pai.
A juíza Graziela Queiroga Gadelha de
Souza, responsável pelo caso, explicou que será pedida uma avaliação
psicológica da jovem.
O Ministério Público informou que deve
denunciar a mãe por abandono de recém-nascido nesta segunda-feira (04/05).
Enquanto isso, a guarda provisória do bebê fica com o pai.
“Não é nem questão de perdoar, a justiça
divina que vai fazer com que perdoe, eu não tenho nada contra. Espero que
consiga a guarda definitiva dele, aproveitar muito o meu bebê até a idade que
ele seguir o rumo dele. Que filho a gente não cria para gente, a gente cria
para o mundo. Agora é viver para ele, que é o mais importante agora na minha
vida",
arrematou Moisés Pereira Teixeira.
(G1pb/TV Cabo Branco)
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