Iryá Rodrigues
Do G1 AC
Apesar do pai não aprovar tatuagens, o
pecuarista Hildegard Gondim, de 32 anos, conta que resolveu homenagear o
ex-deputado federal Hildebrando Pascoal tatuando seu rosto no braço.
Gondim diz que foi uma forma de
"tê-lo por perto", já que o pai está preso há 16 anos.
"Foi uma forma que eu encontrei de
estar perto e de poder olhar para ele, justamente pelo fato de estar há 16 anos
longos anos longe de mim. Meu pai não gosta de tatuagens, mas quando viu a
minha, ele gostou e ficou sem palavras. Quis mostrar que ele é minha força, meu
herói",
diz o pecuarista que há cinco anos resolveu eternizar seu amor pelo pai com uma
tatuagem.
Gondim conta que a relação com o pai
durante os anos que ficaram separados foi difícil, mas que nunca perdeu a
esperança de que estariam juntos em algum momento.
"Sempre conversamos e planejamos
reescrever uma nova história, buscar um cuidar mais do outro e viver para a
família, sem olhar para política e essas coisas todas. A gente sempre se vê,
quando não posso visitá-lo, minha mãe, que está sempre com ele, nos mantém
informados",
conta.
O Dia dos Pais, comemorado neste domingo
(09/08), é uma data em que Gondim sente ainda mais a falta do pai.
Segundo o pecuarista, tanto esse dia
como aniversários e o natal são difíceis, pois fica um "vazio
enorme", que não tem como ser preenchido.
Este ano, esse dia tinha tudo para ser
diferente, o ex-deputado ganhou o benefício de progressão do regime fechado
para o semiaberto e estaria em casa, na terça-feira (4), mas no mesmo dia, a
decisão foi cassada.
"Esse Dia dos Pais ia ser
maravilhoso, porque meu pai ia estar aqui com a gente, mas infelizmente não
vamos estar juntos mais uma vez. Então, vou tentar ir ao presídio para dar um
abraço nele", lamenta o filho.
Quando o pai foi preso, Gondim tinha 16
anos e teve que ouvir muitas críticas ao pai.
Segundo ele, no início não sabia lidar
com a situação, e inclusive chegou a brigar com colegas de escola após ouvir
ofensas sobre seu pai.
Com a maturidade, o pecuarista conta que
aprendeu a não se importar tanto com as críticas.
"Ao longo da minha vida sempre ouvi
muitas críticas sobre o meu pai e eram críticas pesadas. Aprendi a lidar com
isso, hoje não me abala de forma alguma. Não há nada que consiga abalar o
orgulho que eu sinto do meu pai", conclui.
HISTÓRICO
Acusado de chefiar um grupo de
extermínio no Acre, Pascoal cumpre pena em Rio Branco por tráfico, tentativa de
homicídio e corrupção eleitoral.
Em 2009, ele foi condenado pela morte de
Agilson Firmino, o 'Baiano', caso que ficou conhecido popularmente como “Crime
da Motosserra”.
As condenações todas somam mais de 100
anos.
Hildebrando Pascoal Nogueira Neto nasceu
em 17 de janeiro de 1952 em Rio Branco, no Acre.
Fez carreira na Polícia Militar e chegou
a ser comandante.
Em 1994, elegeu-se deputado estadual
pelo PFL e exerceu o mandato entre 1995 e 1999.
Nas eleições de 1998, conquistou o cargo
de deputado federal, mas não chegou a cumprir nem um ano do mandato.
Após diversas denúncias contra
Hildebrando Pascoal na Justiça do Acre, o Congresso formou uma comissão
parlamentar de inquérito em abril de 1999, chamada CPI do Narcotráfico.
A CPI e o Ministério Público
investigavam a existência de um grupo de extermínio no Acre, com a participação
de policiais, e que seria comandado por Hildebrando Pascoal.
O grupo também era acusado de tráfico de
drogas.
A principal acusação contra o então
deputado durante a CPI era de que ele teria sido mandante do assassinato, em
1997, de pessoas que testemunhariam contra ele.
Hildebrando foi apontado como
responsável pelas mortes dos policiais Walter José Ayala, Jonaldo Martins e
Sebastião Crispim da Silva e do mecânico Agilson Santos Firmino, o Baiano.
(g1ac)
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