G1 Maranhão
Três dias após ser iniciada a Operação
Éden, da Polícia Federal (PF) no Maranhão, que investiga denúncias de desvios
de verbas da educação no município de Bom Jardim – a 275 km de São Luís –, a
prefeita da cidade Lidiane Leite (PP), de 25 anos, segue foragida.
A investigação foi iniciada após
denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas
(Gaeco) do Ministério Público do Maranhão e Ministério Público Federal (MPF).
Na quinta-feira (20/08), foram presos o
ex-secretário de Agricultura, Antônio Gomes da Silva, conhecido como
"Antônio Cesarino", e de Assuntos Políticos, Humberto Dantas dos
Santos, conhecido como “Beto Rocha”, ex-namorado da prefeita.
Com o sumiço da prefeita, moradores da
cidade estão sem saber quem está no comando do município, com 39.049
habitantes.
Na cidade, o clima é de incerteza.
Vereadores estão impedidos de realizar
votação para afastar a prefeita do comando da cidade por causa de uma medida
cautelar obtida por Lidiane na Justiça.
Ela já havia sido afastada três vezes do
cargo: na primeira vez, em abril de 2014, pelo prazo de 30 dias após denúncias
de improbidade administrativa, retornando ao cargo em 72 horas, depois de obter
liminar na Justiça; na segunda, pelo período de 180 dias, em dezembro de 2014,
com liminar suspensa pelo Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA) em 48 horas;
e terceira em maio de 2015, retornando
em 72 horas.
Na prefeitura, o expediente é de 8h00 às
12h00, mas poucas pessoas foram encontradas no prédio nessa sexta-feira (21).
Somente o secretário de Administração e Finanças, Dal Adler Castro, poderia
responder pelo órgão, mas não quis falar com a imprensa.
Lidiane Leite está foragida desde
quinta-feira, quando foi iniciada a Operação Éden, da PF, que investiga
denúncias de desvios de verbas da educação no município de Bom Jardim.
Nessa sexta-feira, a PF reforçou a
vigilância em aeroportos e rodoviárias do Maranhão a fim de capturar a
prefeita.
A repercussão nacional do caso acelerou
a operação.
A polícia investiga transferências de
cerca de “1.000,00 reais” mil realizadas da conta da prefeitura para a conta
pessoal de Lidiane que chegam a “40.000,00 reais” em um ano.
Também foram feitas transferências para
o advogado da prefeitura, Danilo Mohana, que somam mais de “200.000,00 reais”
em pouco mais de um ano.
Além da prefeita, secretários,
ex-secretários e empresários também estão sendo investigados por causa de
irregularidades encontradas em contratos firmados com
"empresas-fantasmas". Houve duas licitações para reformar 13 escolas,
pelas quais a Zabar Produções obteve R$ 1,3 milhão e a Ecolimp recebeu R$ 1,8
milhão.
Nenhuma das empresas foi encontrada.
Em 2013, a prefeitura firmou contrato
com 16 agricultores para o fornecimento de merenda escolar nas escolas
municipais, pelos quais cada agricultor receberia em média “18.000,00 reais”
por ano.
Lidiane se tornou prefeita aos 22 anos,
em 2012, depois que o namorado dela na época Beto Rocha, candidato a prefeito,
teve a candidatura impugnada ao ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Ela
assumiu o lugar dele e foi eleita.
Depois que assumiu o cargo, Lidiane
passou a compartilhar fotos da nova rotina nas redes sociais.
Nos perfis pessoais, ela escreveu: "EU COMPRO É QUE EU QUISER. GASTO SIM
COM O QUE EU QUERO. TÔ NEM AÍ PRA O QUE ACHEM. BEIJINHO NO OMBRO PROS
RECALCADOS".
Em outro post, ela diz: "DEVIA ERA COMPRAR UM CARRO MAIS
LUXUOSO PQ GRAÇAS A DEUS O DINHEIRO TA SOBRANDO".
A Justiça do Maranhão havia determinado
o afastamento da prefeita pelo prazo de 180 dias em dezembro de 2014, com base
no descumprimento da regularização das aulas e do fornecimento de merenda e de
transporte escolar em Bom Jardim.
Na ação, o Ministério Público do Estado
afirma que Lidiane havia apresentado informações falsas a respeito das
irregularidades, mas as informações acabaram desmentidas por meio de denúncias
dos próprios moradores da cidade.
A gestora também já havia sido citada
pela Justiça por má conduta no início de 2014, quando foi deferida liminar, a
pedido do MP-MA, para declarar a ilegalidade de decreto municipal que tornou
nulas as nomeações dos excedentes do concurso público homologado em novembro de
2011.
(G1ma)
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