O radialista e comunicador José Cláudio
completa neste domingo (01/11) 30 anos de profissão.
Um dos mais carismáticos apresentadores
da TV paraibana é um cidadão simples, correto, honesto e humano.
Os programas policiais que ele comanda no rádio e na TV são líderes de audiência.
O sucesso não lhe subiu à cabeça.Zé Cláudio comentou esta data na página dele no facebook:
“Hoje e um dia importante na minha vida
e gostaria de dividir este momento com vocês! Estou completando 30 anos hoje
como funcionário da rádio e TV Borborema. Quero agradecer a DEUS, aos ouvintes
e telespectadores pelas orações que fizeram por mim; pelas críticas no momento
certo e pela audiência de todos os dias! A luta continua. Fiquem com DEUS. Eu
estou com ELE sempre!!!”
No dia sete de setembro do ano passado
José Claudio de Oliveira, 48 anos, concedeu entrevista ao renatodiniz.com
Reveja.
Foram tempos difíceis. Com muita dificuldade.
Meu pai trabalhou como vigia de rua e guarda noturno; Minha mãe trabalhou como
costureira, mas eles sempre me deram a condição para estudar.
COMO
FOI SUA CHEGADA AO RÁDIO E A TV?
Quando eu era criança, com onze ou doze
anos, sempre insistia com meu pai para que ele comprasse um gravador (daqueles
que tinham um microfone). Naquela época eu já brincava de ser radialista. Era
um rádio ligado e o gravador ligado. A partir daí eu senti que tinha tendência
para a área de comunicação e em 1984 eu recebi um convite do Timóteo de Souza,
do professor Everaldo Lira e outros companheiros para apresentar na Rádio
Sociedade (hoje Rádio Cariri), o programa “A Turma da Escola” que era um
noticiário variado, levado ao ar todos os sábados. A Rádio Sociedade funcionava
ao lado dos estúdios da Rádio Borborema (hoje Clube), pois fazia parte do Grupo
Associados. Fiz um teste para a Rádio Borborema (não passei), depois eu fiz o
segundo teste e acabei aprovado. O primeiro programa que apresentei na
Borborema foi “Nelson Sempre Nelson”. Fui ainda repórter de pista (repórter
esportivo) e plantão esportivo na Sociedade. Na Borborema fiz plantão policial
“de hora em hora”. O primeiro plantão era às 06h00 e o último às 23h00. Algum
tempo depois recebi um convite da direção da emissora para apresentar a
Patrulha da Cidade em substituição ao jornalista Assis Costa. Esse programa
apresentei, durante algum tempo, com Alexandre Borges e José Nilton “Barra
Pesada”. A Patrulha no rádio ficou alguns anos fora do ar, mas já faz quatro
anos que ela voltou aqui na Clube. Vinte um anos atrás, uma ideia do diretor
Marcelo Antunes foi colocada em prática, ou seja: A Patrulha da Cidade na TV
Borborema. O programa emplacou e é líder
em audiência.
DURANTE
ESSES ANOS VOCÊ JÁ FOI AMEAÇADO DE MORTE? TEVE ALGUM MOMENTO EM QUE REALMENTE
IMAGINOU QUE CORRESSE RISCO DE MORTE?
Eu recebi inúmeras ameaças (por telefone
e cartas) que eu não levava em consideração, mas algumas outras foram muito
sérias. Na época com a repercussão das ameaças, o então secretário de segurança
Marcus Benjamin determinou proteção 24 horas. Isso durou aproximadamente um
mês. Aquilo era algo complicado. Depois a “poeira baixou”. Tudo aconteceu por
causa das denúncias que eu fazia. Hoje, posso garantir que essas coisas não me
intimidam. Faço meu trabalho denunciado os errados, “doa em quem doer”.
COMO
FOI A EXPERIÊNCIA DE SER VEREADOR POR DUAS VEZES EM CAMPINA GRANDE? QUAL O LADO
BOM E O LADO RUIM?
Em 1996 fui eleito pela primeira vez.
Isso foi uma demonstração do carinho da população. Nesta oportunidade fui o
quinto mais votado na cidade e o primeiro da minha coligação (que elegeu seis
vereadores). Tive oportunidade de conviver com muitas lideranças, hoje
conhecidas em todo o estado da Paraíba. Tive alegrias e decepções com algumas pessoas,
com alguns políticos, mas me considero um político, mesmo sem mandato. Com a
minha voz eu trabalho pela segurança da minha cidade. Levo às reivindicações da
sociedade até as autoridades. Não me arrependo de nada quando vereador. Foi uma
experiência válida. Não posso dizer que não vou me candidatar futuramente, mas
meu foco hoje é continuar trabalhando no rádio e na TV em benefício da
população.
COMO
É O JOSÉ CLÁUDIO FORA DOS ESTÚDIOS DA TV E DO RÁDIO? O QUE VOCÊ FAZ?
Veja bem: eu me dedico muito ao trabalho
também fora da empresa. Em casa eu procuro me informar do que está acontecendo.
Tenho que ficar “antenado”. Tenho um bom relacionamento com policiais civis e
militares que são fontes, mas tenho meus momentos de lazer com a família, com
meus filhos e com minha mãe (meu pai já morreu). Tem o momento da cervejinha
com os amigos, uma boa conversa e tudo com muita responsabilidade (eu bebo,
Batatinha bebe e você bebe... com responsabilidade). Gosto de dançar, me
divirto como qualquer pessoa normal. Muitas vezes as pessoas me encontram num
lugar dançando e acham aquilo quase que “anormal”. Eu posso beber, posso dançar
e posso me divertir. Não sou estranho, não sou estrela. Sou uma pessoa normal,
no entanto no meu trabalho mostro minha seriedade, como mostro também fora,
pois é meu nome que está em jogo, é o nome da empresa e é o nome do programa.
COMO
VOCÊ AGE DIANTE DO ASSÉDIO? QUEIRA SIM,
QUEIRA NÃO, O FATO DE VOCÊ SER UM HOMEM DA TV EXISTEM OS FÃS E OS QUE NÃO SÃO
TÃO FÃS ASSIM.
Olha: nem CRISTO agradou todo mundo. Eu
sei que tem pessoas que não gostam do meu trabalho, mas eu respeito, pois
ninguém é obrigado a gostar da pessoa ou do trabalho dela. Por outro lado eu
tenho recebido o apoio, o carinho e a solidariedade de uma infinidade. Procuro
me manter numa conduta firme e responsável, pois é meu nome e isso é motivo de
respeito e aceitação. Posso dizer também que o carinho que recebo de pessoas
(crianças, jovens, adultos, e da melhor idade) tirando fotos comigo me
estimula, me faz feliz e me traz alegria.
QUAIS
AS REPORTAGENS OU MOMENTOS QUE MARCARAM VOCÊ, NO SEU TRABALHO?
Foram inúmeros os momentos que marcaram.
Houve um caso que acompanhei (ainda como repórter da então Rádio Borborema) que
me tocou bastante. Por exemplo: uma menina de cinco anos foi sequestrada por um
maníaco que abusou dela de todas as formas e depois a matou, além disso,
ocultou o cadáver em uma fossa. Isso me chocou. Outro caso foi em 1986 e diz
respeito à morte de um taxista. Dois homens solicitaram uma corrida. O taxista
saiu da praça, próximo a rodoviária velha, e desapareceu. Um mês depois ficamos
sabendo que o corpo dele tinha sido enterrado em Russas/CE. Durante o tempo em que ele ficou
desaparecido, nós nos mobilizamos bastante para saber o paradeiro dele. A
família não tinha condições de trazer o corpo e fizemos uma campanha na rádio
para que ele fosse transladado. Arrecadamos uma boa quantia. Houve a exumação
do corpo. Uma equipe do UML (hoje Numol), a família dele e eu fomos até o
Ceará. Na volta, quando chegamos ao distrito de São José da Mata, nos deparamos
com uma imensa fila de táxis. O cortejo me marcou. Muita gente pensa que para
repórter policial, “quanto pior, melhor”. Não é assim. Eu, você e outros, não
temos pedra de gelo no lugar do coração. Somos humanos e temos sentimentos. A
gente se depara com tanta tragédia que as lágrimas caem. Nós temos sentimentos
e temos vontade de chorar.
QUEM
TRABALHA NESSA ÁREA DO JORNALISMO O TELHADO É DE VIDRO?
Nós trabalhamos numa vertente do
jornalismo que muita gente não compreende. É complicado e é difícil. Por
exemplo: se elogiamos um policial, por sua conduta em uma ação, somos afagados;
se condenamos a conduta de um policial, por uma atitude inadmissível, somos
condenados. Eu já tive oportunidade de
denunciar muitos policiais. Sei perfeitamente que uma minoria não gosta de mim,
mas a grande maioria trabalha comigo. Faz o certo. Muitas das minhas fontes são
policiais; fontes extraordinárias. Eu respeito muito essa gente que confia no
meu trabalho, no nosso trabalho. Mas eu digo para quem quer enveredar nesta
área: não se intimidem com cara feia. Quem abraçar o jornalismo policial tem
que ter vocação, credibilidade, honestidade e caráter. Eu sou apaixonado pela
área policial. É emocionante.
NÓS
SABEMOS QUE A FONTE NÃO DORME? VOCÊ ATENDE TELEFONES DURANTE A MADRUGADA, OU
DORME?
Quer se dedicar a área policial? Então
não desligue o telefone. Insista. Crie elo com instituições e com pessoas. Não
acredito em quem se diz jornalista policial que não pode atender uma fonte
durante a madrugada. Meu telefone é ligado 24 horas. Eu durmo com um caderno e
um lápis ao lado da cabeceira. Se ligarem eu anoto. Faz parte e é assim que tem
de ser.
BANDIDO
BOM É BANDIDO MORTO?
Em determinados casos bandido bom é
bandido morto. Não digo àquele ladrão de galinha, batedor de carteira, entre
outros, mas tem bandido que violenta, que sequestra, que mata covardemente e o
melhor lugar para esse tipo de gente é cemitério. Não estou aqui incentivando a
violência. Lhe digo com toda sinceridade: eu tenho ódio de bandido. Meu pai e
outros familiares já foram vítimas de bandidos. Quem não foi vítima de bandido
covarde? Quantas famílias que estão tendo acesso a essa nossa conversa, já não
perderam alguém para essa gente? Quantas vítimas de estupros? Repito: em
determinados casos, bandido bom é bandido morto.
RELAÇÃO
POLÍCIA E IMPRENSA EM CAMPINA GRANDE. QUAL SUA VISÃO?
Melhorou bastante, mas seria
interessante adotar a figura do assessor de imprensa. O jornalista policial
(repórter) poderia ter um local específico para poder trabalhar na Central ou
Batalhão informando o fato “em cima da hora”. Já trabalhei em períodos
horríveis de relacionamento, mas sempre resolvemos isto. O diálogo resolve.
QUAL
O SEGREDO DA PATRULHA DA CIDADE NUNCA FICAR “EM BAIXA”?
Temos um trabalho de equipe. Nada é
decidido por um só. A área policial tem critérios. São normas que devem ser
empregadas sempre. Tudo passa pelo crivo
de Bastos Farias, nosso Gerente de Jornalismo, mas tudo é combinado e
discutido. É uma equipe. A linha adotada é informar com responsabilidade. O
sensacionalismo não tem espaço no jornalismo responsável.
CAMPINA
GRANDE É UMA CIDADE VIOLENTA?
A violência é uma questão nacional. Não
é uma particularidade de Campina Grande. É preciso ser justo: o número de
homicídios diminuiu bastante em nossa cidade, porém os crimes patrimoniais e
roubo a pessoas são uma constância. Isso é preocupante. Me perturba, por
exemplo, passar em ruas de vários bairros e ver estabelecimentos com grades. O
comerciante está preso, no seu local de trabalho, sem poder abrir a porta,
enquanto o bandido lá fora, dita as normas. Mas é bom deixar claro: a polícia
enxuga gelo. Ela prende hoje e amanhã o bandido está nas ruas. É imoral ver
situações como esta. A maioria dos bandidos presos em flagrante delito, nos
crimes de roubos e furtos, tem um histórico de reincidência. Se a polícia
prende hoje e amanhã o cara está nas ruas, é culpa dela? Não é? A fragilidade
de nossas leis é uma porta escancarada para a contínua impunidade. Isso não é
culpa do delegado, do agente, policial militar, do agente penitenciário. A culpa
é de um bando de senadores e deputados federais que ignoram a realidade. Eles
deveriam ter vergonha na cara. O nosso país precisa de gente que se preocupe
com o país.
Parabéns ze Cláudio o mundo precisa de homem assim corajoso íntegro inteligênti e q n tem medo de fala a verdade doa a quem doe boa sorte Deus te abençoai...
ResponderExcluir