Treze paraibanos foram resgatados, na
manhã dessa quarta-feira (24/08), após serem flagrados trabalhando em situação
análoga à escravidão no município de Lajeado, a 120 km de Porto Alegre, no Rio
Grande do Sul.
As vítimas estavam trabalhando para
outros dois paraibanos há pouco mais de um ano e sofriam com condições
precárias de moradia, falta de assistência e alimentação adequada.
A situação
ocorria porque as vítimas deviam entre “1.500,00 e 14.000,00 reais”.
Todas as vítimas e suspeitos são
naturais do município de Patos, que fica no Sertão.
Em Lajeado, os paraibanos foram
localizados após uma denúncia feita para a Polícia Civil por moradores da
cidade.
A operação policial também contou com o
trabalho de equipes do Ministério do Trabalho, da Brigada Militar e da Polícia
Rodoviária Federal (PRF).
Ao Portal
Correio, o delegado Mauro Mallmann, da Delegacia de Pronto Atendimento de
Lajeado, disse que a polícia monitorou os suspeitos e conseguiu abordar o
caminhão onde as vítimas eram levadas.
“Encontramos o caminhão quando ele iria
recolher as vítimas no fim do dia. Ao abordarmos o veículo, constatamos que,
além de ser o meio de transporte dos trabalhadores, ele também servia como
moradia de alguns deles”, contou o delegado.
À polícia, os trabalhadores informaram
que se sujeitavam a trabalhar em condições precárias para poder quitar uma
dívida de adiantamento de salário que haviam recebido antes de sair da Paraíba.
Durante o depoimento, os trabalhadores
também informaram que aqueles que não cabiam dentro do caminhão na hora de
dormir passavam a noite do lado de fora do veículo, dormindo em redes, sem
proteção contra o frio ou contra uma possível ação de bandidos.
“Vimos que o pessoal estava vivendo de
forma degradante, qualificado como trabalho
análogo à escravidão. Não recebiam alimentação adequada, não tinham a
carteira assinada, não tinham um local adequado para dormir, passavam necessidades
quando não conseguiam bater a meta de vendas e, quando vendiam a mais do que o
estipulado, o valor era descontado da dívida inicial. Eles sobreviviam com
muito pouco. Além disso, o que mais chocou foi a constatação de uma cela dentro
do caminhão. Esse espaço servia para punir quem fosse avaliado com mau
comportamento ou não atingisse a meta de vendas”, afirmou o
delegado.
Eles não podiam voltar para casa
O delegado Mauro Mallmann também
informou ao Portal Correio que os trabalhadores já estavam passando pelo
trabalho análogo à escravidão há muito tempo, já que alguns deles relataram ter
dívidas superiores a 14.000,00 reais” e que haviam retornado à Paraíba quatro
meses após saírem, mas eram obrigados a voltar ao trabalho pouco tempo depois.
“No caminhão, localizamos livros e uma
caixa com a dívida total das vítimas. Elas também relataram que iam ao Rio
Grande do Sul para trabalhar dessa maneira e voltavam à Paraíba após quatro
meses, onde passavam um tempo com a família. Porém, esses trabalhadores eram obrigados
a viajar novamente até quitar toda a dívida com os suspeitos. Mesmo aqueles que
não se adaptavam ao clima ou não conseguiam vender, eram obrigados a permanecer
aqui”,
contou o delegado.
Após o depoimento das vítimas, a polícia
prendeu em flagrante o motorista do caminhão e o empregador, que era o
proprietário do veículo e comandava as vendas.
Eles vão responder criminalmente por
manter pessoas em condições de trabalho análogas à escravidão.
Já as 13 vítimas foram encaminhadas a
hotéis da cidade e permanecem por pelo menos mais quatro dias em Lajeado.
“As vítimas ainda estão aqui, mas estão
instaladas em um hotel da cidade. Eles estão sendo atendidos pelo Ministério do
Trabalho, que vem organizando a legalização dos contratos de trabalho e
negociando um valor de rescisão contratual. Acredito que eles sejam liberados
para voltar à Paraíba dentro de mais três ou quatro dias”, concluiu o
delegado.
(Portal Correio)
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