Chegou ao fim, na madrugada desta
segunda-feira (26), o primeiro júri popular dos acusados pelo assassinato do
médico Artur Eugênio, 35 anos, ocorrido no dia 12 de maio de 2014 em Jaboatão
dos Guararapes, no grande Recife.
Cláudio Amaro Gomes Júnior e Lyferson
Barbosa da Silva - dois dos cinco acusados - foram condenados.
A sentença começou a ser proferida pela
juíza Inês Maria de Albuquerque Alves por volta das 03h15 no Fórum de Jaboatão,
no júri que durou mais de cinco dias.
(Arthur Eugênio) |
Cláudio Jr., que tem 33 anos, foi
condenado a 34 anos e quatro meses de reclusão, sendo 26 anos por homicídio
qualificado, 6 anos por furto, 4 meses por comunicação falsa e 2 anos por dano
material.
Já Lyferson, que tem 27 anos, foi
condenado a 26 anos e quatro meses de reclusão, sendo 24 anos por homicídio
qualificado e 2 anos e 4 meses por dano qualificado
Os advogados de defesa já avisaram que
vão entrar com pedido para que o julgamento seja revisto pelo pleno do Tribunal
de Justiça de Pernambuco.
Cláudio Jr. e Lyferson já estavam presos
desde junho e julho de 2014, respectivamente.
Além deles, mais duas pessoas estão no
Cotel pelo assassinato de Artur Eugênio: o médico Cláudio Amaro Gomes, pai de
Júnior e que seria o mandante; e Jailson Duarte César, que teria sido pago para
contratar os matadores.
(Pais do médico) |
O julgamento de ambos, porém, ainda não
tem data para ocorrer. A acusação também apontou um quinto acusado pelo crime,
Flávio Braz, que morreu numa troca de tiros com policiais militares em 2015,
pouco menos de um ano após o assassinato de Artur Eugênio.
Ao final da leitura da sentença, o pai
de Artur Eugênio, o engenheiro mecânico Alvino Luis Pereira, se disse em parte
aliviado, mas previu para mais lutas judiciais.
"O resultado dá um certo alívio, mas sabemos que tem mais dois
[acusados] que devem cumprir penas mais duras", afirmou esta
madrugada, se referindo ao médico Cláudio Amaro e a Jailson Duarte.
O
JÚRI POPULAR
O júri popular de Cláudio Jr. e Lyferson
começou na última quarta-feira (21).
No primeiro dia, foram ouvidas quatro testemunhas
- duas arroladas pelo Ministério Público de Pernambuco, uma pela defesa e outra
pelo assistente de acusação -, além da declaração de três peritos.
Um dos depoimentos mais emocionantes foi
o da esposa de Artur, a médica Carla Rameri Azevedo.
A viúva, que chorou durante toda a
declaração, fez revelações da convivência conflituosa do marido com o médico
Cláudio Amaro Gomes.
No segundo dia, quinta-feira (22),
iniciou-se a exibição dos depoimentos gravados.
O mais contundente foi o do cirurgião
Wolfgang Williams Schmitt Aguiar, que chegou a classificar Cláudio Amaro como
"médico de fachada".
A conduta profissional de Cláudio Amaro
também foi questionada em outra gravação, do também médico Jesus Manoel
Barnardez Gandara, que confirmou haver ouvido, de Artur Eugênio, por mais de
uma vez, queixas de supostas perseguições praticadas pelo médico hoje preso.
RÉUS
CULPAM MORTO POR ASSASSINATO
A apresentação dos depoimentos em mídias
seguiu pelo terceiro dia.
Em um deles, o empresário Domingos Sávio
Figueiredo contou sobre um imbróglio financeiro envolvendo o réu Cláudio Jr..
Também falaram secretárias do médico Cláudio Amaro.
No penúltimo dia, sábado (24), os réus
foram interrogados. Cláudio Jr. e Lyferson se disseram inocentes e acusaram
Flávio Braz pela morte de Artur Eugênio.
Apesar de alegarem inocência e de
acusarem Flávio Braz, Cláudio Jr. e Lyferson divergiram no número de culpados.
Primeiro réu a depor, Cláudio Amaro Jr.
alegou a inocência dele, do pai e do colega Lyferson no assassinato e acusou
somente Flávio Braz.
O filho do médico, no entanto, confessou
que teve a ideia de "dar um susto" em Artur Eugênio.
Logo em seguida, ao depor, Lyferson
Barbosa da Silva acusou mais pessoas além de Braz: Cláudio Jr. e
"Paulista, amigo de Flávio".
Nesse domingo (25), defesa e acusação
apresentaram seus argumentos.
A promotora Dalva Cabral ressaltou as
qualidades de Artur Eugênio e falou dos acusados, Cláudio Jr e Lyferson.
Segundo ela, Cláudio Jr. seria um filho
problemático, com histórico de envolvimento em uso ilegal de arma de fogo no
Rio de Janeiro e em Pernambuco.
Ela também detalhou a trama do crime
envolvendo Artur Eugênio e falou de outros atos ilícitos cometidos pelos
acusados.
O advogado de defesa Luiz Miguel dos
Santos tentou desqualificar a apresentação da acusação.
Disse que a promotora Dalva Cabral fez
uso de "tom policialesco e emotivo" para conquistar o júri, formado
por seis homens e uma mulher.
A defesa buscou também desacreditar os
depoimentos das testemunhas de acusação, inclusive do delegado Guilherme
Caraciolo, responsável pelas investigações, e o trabalho da perícia, alegando
falta de qualificação técnica dos profissionais.
Apesar de não estar sendo julgado, o
médico Cláudio Amaro foi elogiado pelo advogado Luiz Miguel dos Santos, citando
inúmeros títulos profissionais dele e os mais de 25 mil procedimentos
cirúrgicos que teria feito.
A advogada de defesa de Lyferson,
Janicete Paixão Goutard, também se referiu ao médico ao questionar a
participação dos acusados no crime: "Será que uma pessoa que salva vidas
tem coragem de matar alguém?".
Ela reforçou a tese de que Flávio Braz é
o culpado.
Na réplica da acusação, a promotora Ana
Clésia Nunes afirmou que, ao contrário do que Lyferson disse ontem, sobre o
lugar onde estava na provável hora da morte de Artur Eugênio - ele alegou se
encontrar com a amante -, o ERB (Estação Rádio Base) da operadora telefônica
indicou que ele estava próximo à cena do crime.
Finalizando a réplica, a promotora Dália
Cabral disse que os réus eram culpados e que sairão condenados.
PEDIDO DE ANULAÇÃO
PEDIDO DE ANULAÇÃO
Depois de quase dez horas de julgamento
nesse domingo, o advogado de defesa, Luiz Miguel dos Santos, pediu, por volta
das 20h30, a anulação do júri alegando que foi exibido vídeo editado que,
segundo ele, não consta no processo.
A promotoria argumentou se tratar de
trechos de depoimentos de testemunhas de acusação que já constavam e estavam
identificados no processo.
Depois de análise por quase uma hora, a
juíza indeferiu o pedido ao concluir que no vídeo não constava nova prova,
tratando-se de compilação de depoimentos.
Recomeçando o júri quase às 23h00, a
defesa, na tréplica, buscou tirar as chamadas qualificadoras - furto
qualificado, motivo torpe, comunicação falsa, queima de veículo -, visando a
reduzir as penas.
ENTENDA
O CASO
O médico Artur Eugênio de Azevedo foi
assassinado com quatro tiros no dia 12 de maio de 2014.
O corpo do cirurgião foi encontrado no
dia seguinte na BR-101, no bairro de Comporta, no município de Jaboatão dos
Guararapes, Região Metropolitana do Recife.
Segundo a denúncia do Ministério Público
de Pernambuco (MPPE), o crime teria sido motivado por desentendimentos
profissionais entre Cláudio Amaro Gomes e a vítima.
De acordo com os autos, Cláudio Amaro
Gomes, apontado como o mandante do crime, teria contado com a ajuda do filho
Cláudio Jr. para executar o plano de homicídio.
Cláudio Júnior teria pagado Jailson
Duarte César para contratar outros dois homens – Lyferson Barbosa da Silva e
Flávio Braz – para matar Artur Eugênio.
(Folha de Pernambuco)
Fotos: Alfeu Tavares e Ed Machado
*Arthur era paraibano e atuava no
Hospital de Câncer de Pernambuco, Hospital das Clínicas, Imip e Português.
Ele tinha família em Campina Grande e era formado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Ele tinha família em Campina Grande e era formado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
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