Morreu na tarde desta quinta-feira (15/09), às 14h00, na
Clínica Santa Clara, em Campina Grande, o poeta puxinanaense José Laurentino.
Ele tinha 73 anos e havia quinze dias que estava internado devido a complicações do seu quadro de saúde.
“O poetinha”, como era conhecido, morreu
vítima de um câncer no fígado e no pulmão.
O velório é na Central de Velórios Digna, na Avenida Juscelino Kubitscheck e o sepultamento no Campo Santo às 10h00 desta sexta-feira (16).
Zé Laurentino era do sítio “Antas”.
O velório é na Central de Velórios Digna, na Avenida Juscelino Kubitscheck e o sepultamento no Campo Santo às 10h00 desta sexta-feira (16).
Zé Laurentino era do sítio “Antas”.
Na década de 1970 foi eleito vereador em
Puxinanã.
Em 2012 o poeta, um dos maiores expoentes da cultura nordestina teve uma experiência pra lá de complicada: ficou cego devido à
catarata.
Foram três anos na escuridão.
Após uma cirurgia ele voltou a enxergar.
Laurentino, na tarde de 11 de setembro
do ano passado conversou com o renatodiniz.com em restaurante localizado
no Centro de Campina Grande.
Essa conversa foi na verdade uma
entrevista em que a cada gole de bebida que tomava, “o poetinha” se emocionava
ao contar sobre os momentos em que passou cego.
*ACOMPANHE A ENTREVISTA:
“É
COMO SE EU ESTIVESSE DORMIDO POR TRÊS ANOS E ME ACORDASSE AGORA”
COMO FOI VOLTAR A ENVERGAR?
“Passei três anos sem ver minhas mãos. E
de repente quando eu saí da sala de cirurgia e entrei no carro da minha neta vi
um ‘macaquinho/um chaveirinho se balançando no painel. Eu perguntei se era um
macaquinho e ela respondeu que sim. Foi algo emocionante. Ela parou o carro e
nós choramos. É como se eu estivesse dormido por três anos e me acordasse
agora”.
DURANTE ESSE PERÍODO SEM A VISÃO, COMO
FOI?
“Foi de muita tristeza. Sentia falta da
lua, das estrelas... Eu ia para a praia e não via o mar, não via as mulheres.
Eu fiz até um soneto intitulado ‘Olhos Castanhos’ que diz: Eu não sei se lunar
ou se solar, o eclipse que me apareceu. Eu só sei que o mundo escureceu, não
avisto a terra, o céu e o mar. Só restou um bordão pra me apoiar e o ombro de
um grande amigo meu que de graça a mim se ofereceu no momento em que eu mais
precisar. Sinto inveja daquele vagalume que esnobe voeja no alto cume, tem luz
própria e não dar luz a ninguém. Minha luz apagou-se o lampejo. Sinto pena de
mim porque não vejo os dois olhos castanhos do meu bem.”
COMO FOI QUE O SENHOR FICOU SABENDO QUE
ESTAVA PERDENDO A VISÃO? COMO PERCEBEU?
“Eu chegava aos programas de rádio. Eu
ia ler um comercial e não conseguia mais ler. Ai eu notei que eu estava
perdendo a visão. Chegou a um porto em que eu não conseguia mais ver o número
do transporte coletivo. Foi uma coisa gradativa. Eu fui para um médico e ele
disse: ‘não lhe opero, não passo óculos, nem colírio. Você tem um problema de
catarata. Então está decidido’. Fui para outro médico. Não vou citar os nomes
de nenhum dos dois. Neste outro médico ele disse: ‘Poeta, sou seu fã, seu
admirador, mas não posso fazer nada’. Como eu não tinha nada para fazer, me
recolhi e ceguei. Chegou a um ponto de eu não ver minhas mãos. Ponto zero”.
E DEPOIS...?
“Um certo dia eu disse a minha filha:
Liga ai para meu plano de saúde. Procure um oftalmologista. Ligue para qualquer
um. Ela disse ‘eu vou ligar para o Dr. Carlos Alberto’. Quando cheguei ao
médico ele disse: ‘Poeta os seus olhos estão fechados por catarata de maneira
tal que eu não vejo o fundo do seu olho. Eu vou pedir uma ultrassonografia’.
Quando veio a ultrassonografia ele disse: ‘Dá pra operar, pois a retina está no
canto dela. A retina não saiu. Quanto a catarata, é bronca safada”.
QUEM LHE OPEROU?
“Dr. Fábio Queiróz fez a cirurgia e na
hora que eu saí da mesa de cirurgia já saí vendo tudo”.
NOS SEUS POEMAS O SENHOR FALA MUITO DAS
MULHERES...
“É como eu citei: ‘sinto pena de mim
porque não vejo os dois olhos castanhos do meu bem’. Eu sempre fui namorado da
lua, do mar, das mulheres. Eu fiquei tolhido durante este tempo. Eu não fiquei
limitado. Eu fiquei zerado. Eu não podia ler nada”.
NESTE PERÍODO O SENHOR PERCEBEU QUE AS
PESSOAS CONFUNDIAM PENA COM SOLIDARIEDADE?
“É tanto que eu disse: ‘Não venha me ver
por caridade e não mexas na minha cicatriz. Estou sozinho, mas estou muito
feliz, obrigado por sua piedade. Já passei dos setenta de idade e na música do
tempo não tem bis. Quis fazer-te feliz, e como eu quis, mas nem tudo se faz só
por vontade. Vai-te embora buscar outros espaços, outros beijos, carinhos e
abraços e me deixas na minha solidão. Nestes versos que eu faço de improviso,
de três coisas de ti eu só preciso: um adeus, um abraço e teu perdão.”
E PLANOS? O QUE VEM PELA FRENTE?
“Estou planejando muita coisa. É um
recomeço. Estou saindo do Studio onde gravei ‘Balada de um Poeta Cego’. Serão
contadas minhas proezas dos três anos que eu vivi como cego”.
QUER DIZER: O SENHOR ENXERGOU OUTRAS
COISAS QUANDO ESTAVA CEGO?
“Exatamente! Três dias antes de minha
cirurgia, por volta da meia-noite, eu ouvia rádio sozinho, ao lado da minha
cachacinha, eu disse: ‘É meia-noite e eu queria tanto beijar teu rosto, enxugar
teu pranto, despir teus ombros, retirar teu manto e te envolver eu meu lençol
de linho. A ficha cai e a chorar, me curvo. O meu olhar está turvo, não dar
ainda pra eu andar sozinho. Meu quarto tem um pequenino bar, cachaça boa que eu
mandei comprar e outras cachaças que me dão o povo. De solidão, cantador não
morre e só me resta é tomar um porre, cair na cama e apagar de novo”.
(Por Renato Diniz)
(Por Renato Diniz)
Que Pena a te volta jesus
ResponderExcluirPoeta que estejas com Deus.
ResponderExcluirPoeta que estejas com Deus.
ResponderExcluir������������������������������
ResponderExcluirPoeta do meu tempo de criança.
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ResponderExcluirPoeta do meu tempo de criança.
vai com deus querido poeta José laurentino,gente muito boa,é dono dê um grande talento.descanse em paz poeta.
ResponderExcluirNESTE LOCAL DE ENCONTRA
ResponderExcluirUMA CADEIRA VAZIA
UMA MESA, UM LITRO, UM COPO
ONDE O POETA BEBIA
A VOZ DE ZÉ LAURENTINO
E O CHEIRO DE POESIA
ARNALDO CIPRIANO
ele era um grande poeta campinense.o poeta que fazia poesia.quando amanhecia o dia.que DEUS conforte essa familia que perdeu nesse dia.o grande mestre da poesia.
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