O líder nazista, Adolf Hitler, usava
drogas como cocaína, heroína, metanfetamina e morfina, segundo Norman Ohler,
autor do livro sobre o abuso de estimulantes no Terceiro Reich.
No início, o Fuhrer injetava vitaminas
para se sentir mais disposto, passando para esteroides e hormônios para curar
doenças, até chegar ao uso de cocaína e um derivado de heroína. Segundo Ohler,
algumas decisões foram tomadas quando o líder nazista estava sob o efeito da
cocaína.
"Hitler usava drogas para manter as
convicções que ele criou quando já estava sob o efeito de drogas. Chegou a um
ponto de evasão da realidade que suas ilusões de tomar o mundo inteiro foram
escancaradas e mostradas como eram, meras ilusões completamente fora da
realidade",
disse Ohler à BBC.
O livro de Ohler, Blitzed, foi publicado
no ano passado na Alemanha, onde virou best-seller, e já foi traduzido para 18
idiomas.
As descobertas de Ohler se baseiam em
arquivos históricos encontrados por ele em Berlim, sobretudo diários do médico
pessoal de Hitler, Theodor Morell.
Ian Kershaw, historiador britânico
considerado uma das maiores autoridades em Alemanha Nazista, elogiou o livro.
Segundo Ohler, em 1935 Hitler conheceu
Morell, que lhe receitou vitaminas para se sentir melhor e evitar resfriados.
Durante batalhas contra a Rússia, em
1941, Hitler ficou doente e isso causou uma agitação no quartel-general
nazista, já que o Fuhrer jamais adoecia e se mostrava sempre enérgico.
Desconfiado dos generais que tomaram o
comando da guerra em sua ausência, Hitler pediu a Morell algo que o levaria de
volta à sala de operações, e pela primeira vez o Fuhrer tomou hormônios,
esteroides e até abstratos de fígado de porco, injetados em seu braço.
Funcionou, e assim ele se manteve até o
próximo estágio de dependência, em 1943.
FIM
DE GUERRA E DESCONTROLE
O líder fascista italiano Benito
Mussolini queria abandonar o eixo do mal da Segunda Guerra Mundial e isso
estava deprimindo Hitler. Diante do desespero do Fuhrer, Morell lhe deu uma
dose de uma droga, parente farmacológico da heroína, antes de uma reunião com
Mussolini em julho de 1943.
Hitler falou euforicamente durante toda
a reunião e Mussolini não disse uma palavra.
"Começou a ficar um pouco
constrangedor porque naquela reunião ele realmente estava louco. Em reuniões
com generais que estavam deprimidos ou no mínimo preocupados com o curso da
guerra, Hitler chegava completamente eufórico dizendo que o conflito terminaria
bem para a Alemanha", conta Ohler.
De acordo com o autor, é possível até
observar efeitos da abstinência em vídeos mais próximos do final da Segunda
Guerra, quando o acesso a drogas era mais restrito e Hitler tremia durante os
discursos.
O uso de drogas não afetou apenas seu
sistema motor, mas decisões estratégicas.
Ohler afirma no livro que a Batalha das
Ardenas foi arquitetada e comandada quando Hitler estava sob o efeito de
cocaína.
Trata-se da contraofensiva alemã lançada
no final de 1944, sua última grande cartada.
A operação foi planejada em segredo com
o objetivo de forçar os países aliados a negociar um tratado de paz, mas a
superioridade aérea dos aliados massacrou as tropas nazistas.
"Ele estava completamente drogado e
fora da realidade quando deu aquela ordem, não falou com ninguém sobre aquela
'ideia fantástica' e seus generais simplesmente não conseguiam acreditar
naquela ofensiva sem sentido que custou milhares de vidas. Ele estava confiante
de que aquela última ofensiva traria vitória à Alemanha" diz Ohler.
Ironicamente, Hitler pregava vários
tipos de abstinência, inclusive a sexual. Também não bebia café, aboliu a carne
de sua alimentação e dizia que "quanto mais um homem sobe na vida,
mais precisa se abster".
Dependentes químicos eram enviados a
campos de concentração e o uso de drogas era associado aos judeus.
Ao mesmo tempo, no Exército havia o "Decreto de Estimulantes" que
distribuía sistematicamente metanfetamina entre os soldados antes das batalhas.
(BBC)
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