O jornal carioca Extra, do grupo Globo,
um dos maiores em tiragem no País, traz na edição desta sexta-feira (11/11),
matéria com a médica do Instituto de Saúde Elpídio de Almeida, de Campina
Grande, reconhecida nacionalmente por sua trajetória na pesquisa do vírus Zika
e sua relação com os casos de microcefalia.
A matéria é resultante de entrevista
feita com a medica paraibana, durante Simpósio Internacional de Zika, que
terminou na última quinta-feira, 09, na Academia Nacional de Medicina, no Rio
de Janeiro.
Veja
a matéria abaixo:
Há
exatamente um ano, o Ministério da Saúde declarava emergência sanitária
nacional em função da descoberta da relação do vírus zika com os casos de
microcefalia que explodiam no Nordeste e já apareciam no restante do país.
Por
trás dessa pesquisa, que acendeu um alerta mundial, está uma mulher de 46 anos,
de 1,61m de altura, nordestina, arretada, mãe de duas filhas e pra lá de
persistente.
Com
dois doutorados, 19 anos de experiência em medicina fetal e nenhum recurso para
pesquisas, Adriana Melo não se conformou em deixar duas pacientes sem respostas
para a causa do quadro neurológico incomum que havia constatado nos ultrassons
dos bebês que carregavam no ventre.
Por
dois meses, ela buscou inúmeros contatos até conseguir chegar a pesquisadores
da Fiocruz, no Rio, onde, enfim, suas amostras de líquido amniótico foram
analisadas.
“Os resultados comprovaram aquilo que eu
já tinha certeza. O zika era a causa dos casos de microcefalia. Eu precisava
dar uma resposta às mães. E toda vez que pensei em desistir, diante de tantas
respostas evasivas, pensava nas minhas filhas” contou Adriana, que veio de Campina Grande, no
interior da Paraíba, para o Simpósio Internacional de Zika, organizado pela
Fiocruz e que terminou ontem(10), na Academia Nacional de Medicina, no Centro
do Rio.
No
auditório por onde passaram, desde segunda-feira (07), 60 pesquisadores de 13
países apresentando gráficos e esquemas matemáticos das últimas descobertas do
zika, Adriana trouxe à tona o lado humano e dramático da epidemia:
“Um ano depois, recebemos zero de
recursos. Uma prefeitura no interior da Paraíba tenta nos apoiar. Essas
crianças precisam ser atendidas em centros de referência, que concentrem os
especialistas de que precisam. Elas não são números. São crianças que
convulsionam, que sofrem. A essa altura, já deveríamos ter essa estrutura
montada”.
A
médica, que atua no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida, em Campina Grande,
conseguiu mobilizar uma rede de empresários, que ajudam com doações.
A
companhia de energia local abriu espaço nas contas de luz para a população
colaborar.
Em
um terreno doado, ela e sua equipe lançam, na próxima terça-feira(15), a pedra
fundamental do prédio em que a médica sonha montar um centro de assistência e
pesquisa.
“Fazemos vaquinha virtual, campanhas,
tenho passado o chapéu para garantir o atendimento dessas crianças. Em parceria
com os bombeiros, fazemos oficinas para as mães aprenderem como lidar com os
engasgos dos bebês, ensinando manobras de primeiros socorros. Precisamos
treinar os profissionais da rede básica e das emergências. Hoje, quando uma de
nossas crianças vai para uma emergência, uma pessoa da minha equipe vai até ela
para dar um suporte”.
Sem
serviço de verificação de óbitos na cidade, até necrópsia a equipe de Adriana
faz.
“Já fizemos oito. Temos conhecimento,
mas nenhum recurso. Tudo que fizemos até aqui foi por meio de ajuda de outros
pesquisadores. Minha luta é trazer assistência e pesquisa para o Nordeste”, concluiu.
(Por
Codecom/Jornal Extra)
Parabéns Dra Adriana! pela sua luta em defesa dessas crianças...quê Deus te cubra de bênção
ResponderExcluirColoco minha indignação a nossos governantes.Fica a dica...um pouco desse dinheiro da repatriação fosse destinado à esse projeto.
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