Marvin Henriques Correia - preso na
Paraíba por suspeita de envolvimento na chacina de uma família brasileira na
Espanha - não deve ser igualado a François Patrick Gouveia - sobrinho de uma
das vítimas, que é o principal suspeito, foi preso na Espanha e confessou o
crime.
O apelo é do pai de Marvin, Percival
Henriques, que diz que o filho não pode ser considerado como participante do
assassinato.
“Não há, em nenhum momento, ajuda,
participação, instigação. Há um sujeito passivo que recebeu do outro a
informação que matou três e ia matar mais um e ficou calado", disse.
“Marvin podia ter avisado? Denunciado?
Podia. Denunciou? Não. Isso é um crime? Então vamos enquadrar o Marvin nesse
crime e não no de ajudar o assassino a matar”, declarou
Percival.
Marvin foi preso na sexta-feira (28/10)
e a prisão preventiva foi mantida durante uma audiência de custódia nesta
segunda-feira (31).
Segundo Percival, a família vai entrar
na Justiça com um pedido de habeas corpus e também com um pedido para que ele
possa fazer as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no próximo fim
de semana.
Para o pai, o maior erro de Marvin foi
ter uma “curiosidade mórbida” e não
denunciar o crime à polícia.
“O Marvin está preso, mas pessoas ficam
falando só do Marvin e ficam atribuindo o crime a ele. Como se ele fosse igual
a Patrick ou pior. Na verdade, a monstruosidade foi feita por um cara que matou
a família inteira, que planejou isso com muita antecedência, que comprou os
sacos para embalar os corpos e a faca com 15 dias de antecedência e que avisou
pro outro depois que tinha feito, provavelmente numa hora de exibição. Ele
estava se exibindo como todo narcisista. Igual a uma selfie do prato que come,
de uma paisagem bonita, ele fez uma selfie de uma cena de crime, de uma cena
bárbara, macabra, e Marvin teve uma curiosidade mórbida”, comentou.
Marvin está preso em uma cela isolada no
Complexo Penitenciário Romeu Gonçalves de Abrantes, o PB1, em Jacarapé. A
decisão foi da juíza Francilúcia Rejane de Souza, atendendo a um pedido da
defesa que requereu que o jovem tivesse a integridade física preservada.
Segundo Percival, ele não está podendo receber visitas, apenas de advogados.
“Ele tem culpa desse comportamento, mas
é uma coisa moral, é uma coisa que precisa ser trabalhada do ponto de vista
psicológico para ele aumente o grau de humanidade, para que ele se sensibilize
mais com as pessoas, para que ele entenda que na internet acontecem coisas
reais. Ele jamais teria, na vida real, um comportamento semelhante. Ele não ia
pescar comigo porque não gostava de ver os peixes fisgados. No sítio, Marvin
não gosta que mate a galinha. Ele não quis ser médico, tentar faculdade de
medicina como a mãe, porque não ia suportar ficar vendo corpos. É como se
houvesse uma separação do que acontece na internet, onde pode tudo, e a vida
real”,
relatou Percival.
O advogado de Marvin, Sheyner Asfora,
disse ao G1 que o jovem não pode ser considerado envolvido no crime e que a
conduta do suspeito "não é
reprovável para o direito penal".
“Para ser partícipe, teria que ter tido
auxílio material, o que não houve, ele teria que ter induzido, e ele não
induziu Patrick a tentar os crimes, ou instigado. Muito embora a conduta de
Marvin possa ser reprovável do ponto de vista ético, moral, social e até dos
princípios cristãos, não é reprovável para o direito penal. É nesse sentido que
iremos demonstrar a ausência da responsabilidade criminal dele em toda essa
história”,
disse.
Percival também contou que conhecia
Patrick e que nunca esperava que o amigo do filho fosse um assassino.
“Ele era o cara que todas as amigas do
Marvin queriam namorar. Era um cara que tinha 18 anos, tava no segundo ou terceiro
período de Direito. Além de ser uma pessoa normal, era um modelo a ser seguido,
um cara que ia ser juiz, promotor, advogado. De uma hora pra outra, vendeu o
carro e se mandou pra Espanha, pra ser jogador de futebol”, lembrou.
ACUSAÇÕES
CONTRA MARVIN
Em coletiva de imprensa, a Polícia Civil
afirmou que, após matar e esquartejar os tios e os primos, François Patrick
Gouveia fez fotos dos corpos, tirou "selfies" e mandou para o amigo
Marvin, de 18 anos.
No dia em que a polícia estima que o
crime aconteceu, 17 de agosto, Marvin chegou a fazer uma postagem no Twitter
que estaria relacionada ao caso.
"Hoje
aconteceu uma doidera que nunca poderei contar a ninguém", escreveu o
suspeito na rede social.
O delegado geral da Polícia Civil da
Paraíba, Marcos Paulo Vilela, comentou que os suspeitos mantiveram um contato
em tempo real através do aplicativo Whatsapp e, após cometer o crime, Patrick
Gouveia mandou fotos dos corpos esquartejados e selfies para comprovar que
havia executado a família do tio, Marcos Nogueira.
"Os dois mantinham a conversa pelo
Whatsapp sobre a execução do crime e Patrick mandou as fotos dos corpos e até
'selfies' com os corpos das vítimas para Marvin", relatou o
delegado.
Na conversa mantida entre os dois
presos, ambos se mostravam extremamente frios apesar da crueldade do caso,
segundo os delegados.
No depoimento dado à Polícia Civil,
Marvin Henriques Correia chegou a comentar que não procurou a polícia por medo
de Patrick Gouveia. "Ele chegou a dizer que tinha medo de Patrick e que por isso não
procurou a polícia para denunciar o crime. Mas durante a conversa dos dois, a
gente percebe que há uma intimidade e uma frieza que não indicam isso",
explicou.
Ainda de acordo com a Polícia Civil,
havia o receio de que Marvin Henriques Correia viajasse para a Espanha, para
fugir de qualquer tipo de implicação criminal no Brasil.
A prisão do estudante foi feita a partir
de um pedido do Ministério Público da Paraíba.
Os mandados de prisão e de busca e
apreensão contra Marvin Henriques foram expedidos na quinta-feira (27) e
cumpridos na sexta-feira (28) pela Polícia Civil.
O estudante de 18 anos foi preso quando estava saindo para ir à escola.
O estudante de 18 anos foi preso quando estava saindo para ir à escola.
(G1 PB)
Fotos: Diogo Almeida
Pra mim quem colabora de qualquer forma com o crime, também é criminoso. QUANTO mais com um crime barbaro dessa naturez.
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