O plenário do Senado aprovou nesta
terça-feira (1º/11) um projeto de lei que torna a vaquejada e o rodeio
manifestação cultural nacional e patrimônio cultural imaterial.
Como o texto já foi aprovado também pela
Câmara, segue agora para sanção do presidente da República, Michel Temer.
Na vaquejada, um boi é solto em uma
pista e dois vaqueiros, montados em cavalos, tentam derrubar o animal pelo
rabo.
No mês passado, contudo, o Supremo
Tribunal Federal (STF) decidiu derrubar uma lei do Ceará que regulamentava a
vaquejada.
Por 6 votos a 5, os ministros
consideraram que a atividade impõe sofrimento aos animais e, portanto, fere
princípios constitucionais de preservação do meio ambiente.
Mesmo com a decisão do Senado desta
terça, prevalecerá o entendimento da Suprema Corte.
A proposta aprovada pelos parlamentares
não regulamenta a prática, com parâmetros e regras.
A decisão da Corte em outubro provocou
reações no Congresso Nacional.
Além disso, na semana passada,
manifestantes a favor da vaquejada chegaram a ocupar o gramado central da
Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
SESSÃO
DO SENADO
Defensores da atividade afirmam que a
vaquejada faz parte da cultura regional, que se trata de uma atividade
econômica importante e movimenta cerca de R$ 14 milhões por ano.
"Os espetáculos do rodeio e da
vaquejada, que abrangem uma série de manifestações esportivas, recreativas e
culturais, consistem em manifestações já há muito cultivadas pela população de
diversas regiões do país", argumenta o senador Otto Alencar
(PSD-BA), por exemplo, relator da proposta.
O texto foi aprovado nesta terça pelo
Senado em votação simbólica, embora tenham ocorrido discursos a favor e contra
o projeto.
Durante a sessão, a senadora Gleisi
Hoffmann (PT-PR), por exemplo, argumentou que uma sociedade "avançada"
não pode tratar os animais dessa forma.
"Por que que a humanidade precisa
do sofrimento animal para se divertir? [...] Eu não posso achar que é cultural
uma situação dessas, nem que ela é benévola. Porque foi cultural por muito
tempo, no mundo romano, colocar os escravos para lutarem entre si. Isso era
defendido. Foi cultural a escravidão no Brasil. Uma sociedade avançada não pode
tratar seus animais assim", afirmou Gleisi.
BASTIDORES
Auxiliares de senadores que defenderam a
proposta avaliam que o objetivo do projeto é "preparar o terreno"
para que o Congresso aprove, futuramente, a Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) que libera a vaquejada e o rodeio como modalidades esportivas,
apresentada na Câmara na semana passada.
(Gustavo Garcia do G1, em Brasília)
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