O Ministério da Integração Nacional
conseguiu autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para tocar as obras de
um trecho de 146 quilômetros da transposição do Rio São Francisco, última etapa
que falta para concluir o empreendimento que leva água para região do sertão do
Nordeste.
A decisão da ministra Cármen Lúcia
atendeu a um pedido apresentado pelo Ministério da Integração por meio da
Advocacia-Geral da União.
Cármen Lúcia decidiu suspender uma
liminar dada em abril pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que
paralisava a licitação para contratação das obras, atendendo alegações de uma
das concorrentes na disputa.
Com a autorização do STF, o Ministério
da Integração pretende retomar as obras imediatamente.
"Nossa expectativa é ter
trabalhadores em campo já na primeira semana de julho. Pelo cronograma, essa
obra deve ser concluída em até 12 meses, mas vamos trabalhar para que ela possa
ser concluída até o fim deste ano", disse ao 'Estado' o ministro
da Integração, Helder Barbalho.
A obra de 146 quilômetros inclui a construção
de estação de bombeamento de água e reservatório.
O contrato assinado com a concessionária
Emsa-Siton é de “516 milhões de reais”.
A expectativa é de que 2 mil
trabalhadores estejam em campo no pico das obras.
O último trecho da transposição tinha
previsão ser entregue em setembro deste ano, mas acabou paralisado por
sucessivos questionamentos judiciais em seu processo licitatório. Em abril, o
primeiro colocado na disputa, um consórcio formado pelas empresas Passarelli,
Construcap e PB Engenharia, foi desclassificado por critérios técnicos, embora
tivesse apresentado a melhor proposta, de “441,8 milhões de reais”, um deságio
de 23% em relação ao valor estabelecido pelo governo, de “574 milhões de reais”.
O segundo colocado, formado por
Marquise, Ivaí Engenharia e EIT, foi inabilitado pelo mesmo motivo.
O Ministério da Integração Nacional
passou a negociar, então com o terceiro colocado, o consórcio Emsa-Siton, com o
qual acabou fechando a proposta.
A conclusão do trecho norte viabiliza a
chegada das águas até o Ceará.
Os 146 quilômetros de canais entre as
cidades de Cabrobó (PE) e Jati (CE) se localizam exatamente no trecho de tomada
de água do São Francisco.
As obras foram vencidas no passado pela
construtora Mendes Junior, mas a empreiteira abandonou a obra, após
envolvimento nas investigações da Operação Lava Jato.
Codevasf.
O governo desistiu da ideia de criar uma
estatal federal para administrar as águas e operações da transposição do São
Francisco, como se previa anos atrás.
A ideia é que o empreendimento iniciado
há dez anos seja administrado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do
São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que já atua no projeto.
Helder Barbalho confirmou, porém, que o
governo tem planos de criar uma parceria público-privada (PPP) para tocar o
empreendimento.
"Isso está sendo pensado com o
BNDES, para verificarmos a viabilidade de ter uma gestão privada"
disse Helder.
"O BNDES está na fase de
contratação de estudo. Hoje vamos usar a Codevasf, que já tem uma estrutura
pronta, capaz e já atua no projeto."
Em março, foi inaugurado o eixo leste da
transposição, uma rede de 200 quilômetros.
O empreendimento prevê que a água seja
distribuída para 12 milhões de pessoas em quatro estados - Pernambuco, Ceará,
Paraíba e Rio Grande do Norte.
O índice de execução física do projeto
já ultrapassa 90% do total.
(André Borges, O Estado de S.Paulo)
Foto: Genival Paparazzi/Estadão
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