O traficante Luiz Carlos da Rocha,
conhecido como Cabeça Branca e preso em Sorriso (MT) neste sábado (1º/07), é
descrito pela Polícia Federal (PF) como um “embaixador do tráfico” porque tinha
diplomacia para lidar com grandes facções criminosas nacionais e internacionais
sem que precisasse usar a violência.
Esse comportamento acabou permitindo que
ele continuasse atuando tanto tempo sem que fosse encontrado, segundo a PF.
De acordo com as investigações, o
criminoso usava o Porto de Santos (SP) para exportar drogas para a Europa e os
EUA e tinha mais influência que outros traficantes, como Fernandinho Beira-Mar
e Juan Carlos Abadia.
Mesmo com três condenações que somam
penas de aproximadamente 50 anos, de acordo com a investigação, ele mantinha
uma vida normal em Sorriso (MT), atuando como um agropecuarista, vivendo com a
mulher e um filho pequeno, sem negócios ilegais.
A polícia não divulgou a idade da
criança.
Rocha usava a identidade falsa de Vitor
Luiz de Moraes e se submeteu a várias cirurgias plásticas para mudar a sua
fisionomia, disse o delegado da PF Elvis Secco, coordenador da operação.
Por isso, ele vivia como se não tivesse
medo de ser preso.
Segundo as investigações, Rocha mantinha
um imóvel de alto padrão em um bairro nobre de Osasco (SP) para fazer encontros
com outros traficantes.
No local, a polícia apreendeu, neste
sábado, aproximadamente “2 milhões de
dólares”.
O G1 tenta contato com a defesa de Luiz
Carlos da Rocha.
MAIS
PROCURADO PELA PF
Cabeça Branca é o traficante número 1 na
lista de procurados pela Polícia Federal.
“Com certeza ele tinha mais importância e
mais influência que esses traficantes que você [repórter] mencionou: Abadia [o
colombiano Juan Carlos Abadia] e Fernandinho Beira-Mar", disse o
delegado.
O traficante foi transferido ainda neste
sábado para Brasília (DF), de onde deve seguir para um presídio federal ainda
não definido. O G1 entrou em contato com a PF em Brasília, mas não obteve
retorno.
OPERAÇÃO
SPECTRUM
A operação, batizada de Spectrum, que
significa fantasma, faz uma referência ao fato de o traficante conseguir atuar
há quase 30 anos sem ser localizado.
De acordo com o delegado Igor Romário de
Paula, a operação fugiu do padrão em relação ao horário e começou por volta das
11h00, porque a prioridade era prender o alvo principal.
Somente após a prisão dele, os policiais
começaram a cumprir os outros mandados.
Secco explicou que, em segundo plano,
estava a apreensão de cocaína e de dinheiro.
“Na data de hoje conseguimos realizar tudo”,
comentou.
Um caminhão com cocaína foi apreendido
neste sábado e a PF ainda não havia finalizado a pesagem da droga.
A ação envolveu aproximadamente 150
agentes federais.
Ao todo, foram expedidos dois mandados
de prisão preventiva, por tempo indeterminado.
Além de Rocha, foi preso em Londrina, no
norte do Paraná, Wilson Roncarati, considerado pela PF o braço direito do
traficante.
O G1 também tenta contato com a defesa
de Wilson Roncarati.
Também foram expedidos 10 mandados de
busca e apreensão de veículos, nove mandados de busca e apreensão de imóveis e
três mandados de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para depor e
liberada em seguida.
As ordens judiciais para as cidades de
Londrina (PR), São Paulo, Embu das Artes, Araraquara e Cotia (SP) e Sorriso
(MT) são da 23ª Vara Federal de Curitiba, ainda de acordo com a PF.
A PF informou, ainda, que somente nesta
primeira ação foram sequestrados aproximadamente “10 milhões de dólares”, concentrados em fazendas, casas, aeronaves,
diversos imóveis e veículos de luxo importados.
A estimativa das investigações é de que
o patrimônio adquirido por Cabeça Branca com o tráfico internacional de drogas
chegue a “100 milhões de dólares”.
A
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Ainda conforme a PF, apesar de atuar com
“diplomacia” ao negociar com traficantes, a organização criminosa liderada por
Luiz Carlos Rocha tinha uma estrutura com potencial para violência, com
utilização de escoltas armadas, carros blindados, entre outros, que eram
utilizados de forma preventiva.
O grupo, segundo a polícia, era um dos
principais fornecedores de cocaína para facções criminosas paulistas e
cariocas.
A organização atuava com estrutura
empresarial com áreas de produção em regiões de difícil acesso em países como
Bolívia, Peru e Colômbia.
Além disso, a organização tinha
logística de transporte, distribuição e manutenção de entrepostos no Paraguai e
no Brasil, e exportando cocaína para Europa e Estados Unidos, através do Porto
de Santos.
A estimativa da PF é de que a quadrilha
movimentava 5 toneladas de cocaína por
mês.
SEGUNDA
PARTE DA OPERAÇÃO
Segundo o delegado Elvis Secco, a
operação ainda terá uma segunda fase, que consiste na busca do patrimônio
adquirido com o dinheiro do tráfico de drogas e na identificação das pessoas
que faziam a lavagem desse dinheiro.
“Todos os parentes terão sigilo fiscal e
bancário quebrados para chegar ao patrimônio adquirido pelo tráfico de drogas”,
declarou.
A princípio, entre 15 a 20 pessoas serão
investigadas nessa nova etapa, entre parentes e comparsas.
(Por Aline Pavaneli, G1 PR, Londrina)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.