Um trator para uma associação rural no
interior do Paraná, um campo de futebol em uma vila em Roraima e um terminal de
ônibus na cidade mineira de Guaxupé serão parte dos gastos de mais de “4
bilhões de reais” com emendas parlamentares empenhadas (reservadas) pelo
governo Michel Temer em meio à crise.
Deputados federais agraciados com essas
verbas comemoraram em suas bases a liberação e fizeram propaganda dos recursos
obtidos.
O paranaense Edmar Arruda (PSD) rodou
por sete cidades do interior para entregar “comprovantes de empenho” a
políticos de sua base eleitoral.
Entre os gastos prometidos, estão
mobiliário para uma Apae, uma van para a entidade, equipamentos agrícolas e
uniformes para servidores de uma prefeitura.
Arruda fez eventos com prefeitos e
publicou fotos em seu perfil no Facebook – uma das imagens mostra faixas e
balões para homenageá-lo pela entrega de um veículo obtido anteriormente.
No início do mês, ele votou contra a
denúncia sobre Temer.
Os valores de empenho das emendas
parlamentares deram um salto nos últimos meses e foram um dos meios do governo
para garantir apoio na votação que suspendeu o trâmite da acusação da
Procuradoria-Geral da República contra o presidente.
O empenho significa que o governo se
compromete a liberar o dinheiro.
Édio Lopes (PR-RR) gravou um vídeo sobre
o projeto de um campo de futebol para uma vila rural no município de Mucajaí
(15 mil habitantes), onde sua mulher é prefeita.
“Com alambrado, arquibancada, luminária, para
que possam praticar futebol à noite”, disse, na gravação.
A verba, de “700 mil reais”, foi
empenhada no fim de maio.
Na véspera da votação da denúncia, Celso
Jacob (PMDB-RJ) publicou em formato de lista suas emendas beneficiadas neste
ano, somando “4 milhões de reais”, entre verbas para uma universidade e
unidades de saúde.
Ele ficou conhecido por estar preso em
regime semiaberto e sair apenas para ir à Câmara trabalhar.
A lei obriga que metade dessas verbas
seja destinada à saúde.
O alagoano Arthur Lira (PP) anunciou, em
julho, que havia “acabado de obter o empenho” de emendas individuais para
unidades em três cidades do estado.
Em Roraima, a deputada Shéridan Anchieta
(PSDB) anunciou “4,7 milhões de reais” empenhados para o município de Cantá (16
mil habitantes) para infraestrutura de ruas, como recapeamento.
A pavimentação,
aliás, tende a ser vista como uma prioridade: o baiano Arthur Oliveira Maia
(PPS) anunciou o empenho de “1,5 milhão de reais” para ruas de Jacobina,
município de 83 mil habitantes. Festejou postando uma animação com o valor, em
julho.
IMPOSITIVO
No dia da votação da denúncia, o
ministro tucano Antônio Imbassahy foi visto discutindo emendas no plenário.
O governo Temer tem dito que elas são de
pagamento obrigatório e que a avaliação prévia é feita no próprio Congresso.
Os deputados vêm negando relação entre o
empenho das verbas e o voto na denúncia.
Edmar Arruda afirmou que o empenho de
emendas independe da posição política de cada um.
Disse ainda que recursos desse tipo são
a “devolução dos impostos pagos” e
que visita as cidades fora da agenda da Câmara.
Ausente no dia da votação – o que, na
prática, beneficiou Temer, Shéridan disse, via assessoria, que os deputados têm
um limite de emendas de “15,3 milhões de reais” e que o empenho já era
previsto.
Mesmo com a alteração na lei, em 2015,
que tornou a liberação de emendas “impositiva”,
o governo permanece com mecanismos de contingenciá-las.
“A lógica de cada parlamentar ter o direito
de colocar [a verba] onde quiser, geralmente em seu curral eleitoral, é
absurda. Desobriga a pelo menos ter de convencer os colegas de que aquilo é
importante”, diz o doutor em Direito Público Eduardo Mendonça,
professor do Centro Universitário de Brasília.
(Felipe
Bächtold de São Paulo/Folha de São Paulo)
Kkkkkkkkkkkkkkkkkk é bem capaz de lula é o PT ter feito diferente kkkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirDiferente ta fazendo vc Andre borba.
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