O procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, vai apontar recebimento de “350 milhões de reais” em propinas pelo “PMDB
na Câmara”, grupo político que tinha como um dos líderes o presidente, Michel
Temer, no esquema de corrupção e cartel descoberto na Petrobrás.
É a última denúncia criminal do
“quadrilhão da Lava Jato” e será apresentada nesta semana ao Supremo Tribunal
Federal (STF) pelo atual PGR.
São 4 acusações contra políticos do PP,
do PT, do PMDB do Senado e do PMDB por crime de associação à organização
criminosa.
“O grupo do PMDB da Câmara dos Deputados que
integrou a organização criminosa obteve ilicitamente pelo menos ‘350 milhões de
reais’ à partir de propina paga por empresas”, escreve Janot, na
denúncia contra o “quadrilhão do PT” feita no dia 5, que inclui os
ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Entre as empresas corruptoras estão
Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS, UTC, Mendes Junior, Engevix
e Setal, que confessaram crimes ou buscam um acordo de leniência com o
Ministério Público Federal.
Na derradeira denúncia contra o PMDB da
Câmara, Janot – que entrega o posto no dia 17 – vai imputar ao grupo político
ligado a Temer crimes de associação à quadrilha que desviava de 1% a 5% de
propinas em contratos da Petrobrás.
Cita ainda o acerto feito por
pemedebistas nos governos Lula e Dilma por cargos em troca de apoio político,
de forma “criminosa”.
O presidente não é alvo desse inquérito,
mas a inclusão de seu nome na denúncia não está descartada.
“Em comum, os integrantes do PT, do PMDB e do
PP queriam arrecadar recursos ilícitos para financiar seus projetos próprios.
Assim, decidiram se juntar e dividir os cargos públicos mais relevantes, de
forma que todos pudessem de alguma maneira ter asseguradas fontes de vantagens
indevidas”, escreve Janot, ao pedir a abertura de processo contra o
grupo do Senado do PMDB, na sexta-feira, 8.
As acusações do “quadrilhão” da PGR são
desdobramentos das investigações de Curitiba, com foco em alvos com direito a
foro privilegiado, que só podem ser denunciados em corte superior.
As apurações começaram em um inquérito
único, mas foram divididas em quatro: do PP, do PT, do PMDB do Senado e do PMDB
da Câmara.
Em comum, elas têm a mesma descrição de
contexto da composição desses grupos em torno do apoio a Lula e Dilma.
A primeira foi contra políticos do PP,
em 1 de setembro.
A segunda contra os petistas. A mais
recente, de sexta, contra o “PMDB do Senado”.
Nela, Janot pede que sejam levados ao
banco dos réus os senadores e ex-senadores Renan Calheiros (AL), Romero Jucá
(RR), José Sarney (AP), Edison Lobão (MA), Jader Barbalho (PA) e Valdir Rapp
(RO).
Esse grupo foi acusado de amealhar “864
milhões de reais” em propinas.
A cúpula do PMDB no Senado reagiu à
flechada de Janot e negou crimes.
O PMDB da Câmara era ligado a Temer, ao
ex-ministro Eduardo Henrique Alves, ao ex-deputado Eduardo Cunha, entre outros.
Ao todo, com as denúncias contra o grupo
da Câmara e o grupo do Senado, será imputado ao PMDB “1,2 bilhão de reais” em
propinas no esquema na Petrobrás.
“Alguns membros do PP, PMDB e PT, entre
outros, utilizando indevidamente de suas siglas partidárias, dividiram entre
si, por exemplo, as Diretorias de Abastecimento, de Serviços e Internacional da
Petrobrás. Como visto, a indicação de determinadas pessoas para importantes
postos chaves da entidade pública, por membros dos partidos, era essencial para
implementação e manutenção do projeto criminoso”, afirma Janot.
Na acusação, a PGR afirma que a
“organização criminosa” que atuou nos governos Lula e Dilma era responsável
pelas indicações e sustentação dos diretores e gerentes da Petrobrás e de
outras estatais.
Eram eles, chamados de núcleo de agentes
públicos, que executavam acertos em contratos públicos com o cartel de
empreiteiras e cuidavam das fraudes contratuais e dos recebimentos de propinas
para as legendas e suas campanhas.
A PGR sustenta que “os concertos das ações criminosas
praticadas voltaram-se especialmente para a arrecadação de propina por meio da
utilização de diversos entes e órgãos públicos da Administração Pública direta
e indireta, tais como a Petrobrás”.
E que em relação ao PMDB, que fecha o
pacote de acusações do “quadrilhão” nesta semana, “as evidências apontam para uma
subdivisão interna de poder entre o PMDB com articulação no Senado Federal e o
PMDB com articulação Câmara dos Deputados”.
(O Estadão/Ricardo Brandt, Fausto Macedo, Breno
Pires, Beatriz Bulla e Rafael Moraes Moura)
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