Quando defendeu sua monografia para
concluir Pedagogia pela Universidade Federal de Campina Grande, o professor
Afonso José dos Santos Farias foi chamado de herói pelo seu orientador.
Você pode até nem conhecer o professor
Afonso, mas é a história de alguém que se encaixa muito bem com história
daquelas pessoas que nos ensinaram a ser alguém na vida.
Estou falando de um professor negro, filho de agricultores que teve uma infância extremamente difícil, mas que travou uma luta contra o preconceito e hoje (27/09) após 35 anos em sala de aula entra para o grupo dos professores aposentados.
Dever cumprido!
Estou falando de um professor negro, filho de agricultores que teve uma infância extremamente difícil, mas que travou uma luta contra o preconceito e hoje (27/09) após 35 anos em sala de aula entra para o grupo dos professores aposentados.
Dever cumprido!
Por ele passaram cerca de 5 mil de alunos das escolas públicas de Lagoa Seca e
Montadas.
A partir de meados de 1980 já estava nas salas de aula das escolas das duas cidades, sendo o primeiro professor do sexo masculino dos estabelecimentos destes municípios.
A partir de meados de 1980 já estava nas salas de aula das escolas das duas cidades, sendo o primeiro professor do sexo masculino dos estabelecimentos destes municípios.
Afonso é Puxinanã.
Nada foi fácil.
Ele foi aluno professoras desbravadoras.
“Fui aluno de professoras exigentes,
disciplinadoras e rigorosas”.
Uma delas, em Puxinanã, chegou a ter
nove abortos.
“Ela foi um exemplo de superação,
determinação e dignidade. Ensinou-me muito”.
A primeira escola que frequentou foi a Dr.
Antônio Coutinho no sítio “Caxangá”, em Puxinanã, em 1966, onde aprendeu as letras
na “Cartilha do ABC”.
Estudava pela manhã e a tarde já estava na
enxada, na roça.
Em Lagoa Seca estudou na escola Antônio
Anacleto, no sítio “Campinote de Cima”.
Tinha que ser assim: os tempos não eram
para brincadeiras.
Em 1972, já morando em Montadas, estudou
na escola Antônio Flor de Araújo, no sítio “Furnas”, onde anos mais tarde entrou
novamente na sala de aula como professor.
“Foi um momento de muita emoção. Começava ali
a minha história como professor”.
“Com meu primeiro salário comprei meu
primeiro veículo: uma bicicleta. Ela foi minha companheira durante anos”.
A escola hoje não existe mais, assim
como a que ele estudou em Puxinanã.
Em Campina Grande o professor estudou no
estadual Anésio Leão, na Palmeira.
“Sofri muito e por causa das dificuldades
desisti do Anésio. Fiz o supletivo no Estadual da Prata, mas tudo continuava
difícil. O que me estimulava era o desejo de vencer”.
Para se ter uma ideia, na UFCG enfrentou
cinco greves até concluir o curso em 2008.
“Lá também não muito fácil. Imagina ai: eu
negro e pobre chegava a Universidade Federal em ônibus da prefeitura de
Montadas. Alguns me olhavam atravessado e eu atravessei um mundo para que as
pessoas me olhassem como eu sou. Eu sou um professor”.
“Hoje tudo é muito fácil. Escolas não faltam,
bons professores não faltam. Falta interesse do aluno. Muitos dos meus
ex-alunos foram mortos, outros estão presos envolvidos com crimes e isso me
decepciona, porém existe uma grande parcela de ex-alunos que seguiu em frente,
à retidão. Hoje são profissionais de várias áreas e isto me orgulha”.
“Minha primeira professora foi Maria Madalena da Costa Pereira. Em nome dela quero agradecer a todos os outros que me fizeram ser o que sou com muito orgulho. Nasci para ser professor”.
“Minha primeira professora foi Maria Madalena da Costa Pereira. Em nome dela quero agradecer a todos os outros que me fizeram ser o que sou com muito orgulho. Nasci para ser professor”.
Linda história, parabéns
ResponderExcluirMe orgulha fazer parte de sua história como amiga nessa luta! Realmente você marcou a vida de muitos! Não foi fácil! Mas você conseguiu! Parabéns meu amigo!
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