Relator dos processos da Operação Lava
Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Edson Fachin afirmou nesta
segunda-feira (09/10) que cabe ao Poder Judiciário fazer valer a Lei Penal
igual para todos.
“O foro privilegiado é uma exceção não
justificada no sistema republicano e sua extinção urge!”, declarou o
ministro, durante o 6º Fórum Nacional de Juízes Federais Criminais (Fonacrim),
no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).
Fachin apontou a seletividade do Direito
Penal brasileiro como uma característica que precisa ser combatida.
“Em regra, temos um sistema injusto, seletivo
e desigual entre o segmento social mais abastado e aquele dos cidadãos
desprovidos de privilégios”, analisou Fachin.
O ministro defendeu com veemência que a
Lei Penal deve ser igual para todos, chamando a atenção para os excessivos
recursos utilizados pelas defesas das classes privilegiadas, “que
acabam por perpetuar as causas penais e levar os processos à prescrição”.
Ele reconheceu que cabe às cortes
superiores firmarem o entendimento de que a execução da pena deve ocorrer já em
segunda instância.
“A inefetividade da Justiça em certos
segmentos sociais tem a causa mais evidente na morosidade da prestação
jurisdicional, com um sistema recursal irracional”, afirmou.
Fachin reafirmou a importância da
liberdade de expressão e da imprensa livre e referiu o fim da invisibilidade do
juiz como uma herança do século vinte.
“Atualmente, o magistrado precisa prestar
contas à sociedade e à ordem jurídica do país”.
Ele reconheceu que muitos avanços
recentes na prestação jurisdicional se devem à persistência dos juízes de
primeiro grau, acompanhados pelos julgadores da segunda instância.
O ministro concluiu dizendo que os
avanços na aplicação da Lei Penal são visíveis e que o aprimoramento do sistema
está sujeito a altos e baixos até atingir um balizamento.
Ele frisou que a Constituição escolheu o
Direito Penal como instrumento de tutela e proteção dos direitos fundamentais e
apontou a importância da independência do Ministério Público e de institutos
como o da colaboração premiada, que definiu como um “importante meio de produção de prova”.
Fachin finalizou conclamando os colegas
a seguirem com determinação e persistência: “cabe a nós, magistrados, impor
resposta aos que tiverem seus crimes comprovados. Devemos estar conscientes que
a parcela privilegiada pela seletividade do sistema penal se empenha em fazer
crer que estamos colocando em perigo garantias individuais, mas devemos seguir
adiante, ainda que falhas possam ocorrer. Os tempos de agora são íngremes e
precisamos seguir agindo com ousadia, temperança, confiança, serenidade e
firmeza”.
(Jornal do Brasil)
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