O ministro Carlos Marun (Secretaria de
Governo) afirmou nesta terça-feira (26/12) que a liberação de recursos de
bancos públicos em troca de apoio à reforma da Previdência não é "chantagem", mas sim uma "ação de governo".
Após participar de uma reunião com o
presidente Michel Temer no Palácio do Planalto, Marun admitiu que está usando a
liberação de dinheiro da Caixa Econômica Federal como moeda de troca com
governadores para que eles pressionem deputados a aprovarem as mudanças nas
regras de aposentadoria.
"Financiamentos da Caixa Econômica
Federal são ações de governo, senão o governador poderia tomar esse
financiamento no Bradesco [banco privado]", disse Marun.
"Não entendo que seja uma
chantagem o governo atuar no sentido que um aspecto tão importante para o
Brasil se torne realidade. O governo espera daqueles governadores que têm
recursos a ser liberados, financiamento a ser liberado, uma reciprocidade no
que tange a questão da Previdência", completou.
Governadores têm reclamado da prática,
mas Marun a tratou com naturalidade.
Ao ser questionado sobre possíveis
retaliações a quem não ajudar na aprovação da proposta, o ministro disse que
"sendo uma ação de governo, o nível de apoio que o governador puder
prestar à questão da reforma vai considerado" pela equipe do
presidente.
NOVO
BALANÇO
Responsável pela articulação política do
Planalto, o ministro afirmou ainda que, nesta quarta-feira (28), Temer vai
fazer uma reunião com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para
discutir uma estratégia para a aprovação da nova Previdência em fevereiro.
O governo, porém, já liberou cargos e
emendas parlamentares, além de verba para prefeitos e governadores, e, mesmo
assim, não chegou nem perto dos 308 votos necessários para aprovar a medida na
Câmara. A votação, prevista para dezembro, foi adiada para 19 de fevereiro.
Segundo Marun, o foco do Planalto é,
mais uma vez, convencer os deputados da base que ainda resistem em votar as
novas regras de aposentadoria que, na sua avaliação, pertencem a um grupo
"casa vez menor".
Um novo balanço de votos deve ser
apresentado a Temer no meio de janeiro.
O deputado Beto Mansur (PRB-SP), da
tropa de choque do presidente, pretende ir ao Planalto ainda nesta terça para,
segundo ele, "atualizar a planilha" de votação.
(Marina Dias/Folha de São Paulo)
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