O governo federal estima fazer até o fim
deste ano 1,2 milhão de perícias em benefícios pagos pelo Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS).
A informação foi passada ao G1 pelo
ministro interino do Desenvolvimento Social, Alberto Beltrame.
O pente-fino nos auxílios-doença e nas
aposentadorias por invalidez foi anunciado em 2016 e, segundo Beltrame, foram
feitas até dezembro do ano passado 249,8 mil perícias, que resultaram no
cancelamento de 226,2 mil auxílios-doença.
Quando a revisão foi anunciada, o
governo informou que o objetivo era "colocar
uma tampa sobre os ralos que estão abertos", de forma a eliminar
pagamentos a pessoas que não têm direito a receber benefício.
Pente-fino nos benefícios pagos pelo
INSS
Perícias
realizadas até dez/17... 249.878
Benefícios
cortados... 226.273
Economia
gerada... R$ 5,7 bilhões
Previsão
de perícias em 2018... 1,2 milhão
Para o governo alcançar o número de 1,2
milhão de perícias, porém, parte dos 3.864 peritos do INSS terá de aderir a uma
nova forma de trabalho que, segundo Alberto Beltrame, levará em conta a
produtividade.
O novo modelo, diz o ministro interino,
flexibilizará o cumprimento da jornada de trabalho e levará em conta, por
exemplo, as atividades diárias executadas pelos peritos.
O perito que aderir ao novo modelo,
explicou Beltrame ao G1, terá de realizar quatro perícias diárias (em
auxílios-doença e em aposentadorias por invalidez) e se colocar à disposição de
mutirões quando o ministério julguar necessário.
As novas regras foram publicadas nesta
segunda-feira (15) no "Diário
Oficial da União" e os peritos interessados terão até 30 dias para
informar se pretendem aderir ao novo sistema – Beltrame estima a adesão de pelo
menos 1,5 mil profissionais.
Para o ministro em exercício, ao
recompensar os peritos por produtividade, garantindo pelo menos quatro perícias
diárias por profissional, o INSS poderá revisar em média 120 mil benefícios por
mês, chegando ao número de 1,2 milhão de revisões ainda neste ano.
O
PENTE-FINO
O governo iniciou em agosto de 2016 o
pente-fino nos benefícios por incapacidade pagos pelo INSS.
Até o momento, a revisão priorizou o
auxílio-doença, nos casos de pessoas que há mais de dois anos não passam por
revisão médica no INSS.
A consulta de revisão é obrigatória e
atesta se permanece ou não a condição que impede o beneficiário de trabalhar.
Deve passar pela revisão quem tem menos
de 60 anos de idade e está há dois anos ou mais sem passar por perícia.
Ficam de fora pessoas com mais de 60
anos e quem tiver 55 anos e receber o benefício há pelo menos 15 anos.
O beneficiário incluído no pente-fino
recebe uma carta de convocação. Depois da notificação, tem até cinco dias úteis
para agendar a perícia pela Central de Antedimento da Previdência Social, no
telefone 135.
Caso contrário, o benefício fica
suspenso até a regularização da situação.
A partir do bloqueio, o beneficiário tem
mais 60 dias para marcar a perícia. Se não procurar o INSS, o benefício será cancelado.
BENEFÍCIOS
PAGOS
Segundo o MDS, o INSS pagava em 2016 1,8
milhão de auxílios-doença a cada mês e, em dezembro de 2017, o número caiu para
1,4 milhão.
A previsão, acrescenta o governo, é
encerrar 2018 com 1,1 milhão de benefícios pagos todos os meses.
Dos 226.273 auxílios-doença cancelados
até dezembro do ano passado, 199.572 foram cortados após a perícia, enquanto os
demais 26.701, por não agendamento ou não comparecimento do beneficiário ao
exame obrigatório.
O
NOVO SISTEMA PARA OS PERITOS
O novo modelo, voltado para a
produtividade dos peritos, valerá somente para as tarefas ligadas ao pente-fino
do INSS.
Pelo novo sistema, o perito acumulará
pontos conforme as tarefas realizadas durante do dia, entre as quais perícias,
atendimentos domiciliares e análises processuais, de exames e de laudos.
Quem cumprir a meta diária, poderá sair
mais cedo do trabalho, por exemplo.
"Por segurança, para garantir a
qualidade do atendimento, o sistema não permite realizar 30 perícias em uma
hora. Cada perícia tem duração mínima de 15 a 20 minutos",
explicou Beltrame.
"Mesmo que tente, o perito não
conseguirá cumprir sua meta em uma hora de trabalho e ir embora, pois haverá
mecanismos de controle que impedirão isso", acrescentou.
Segundo o ministro interino, até então,
o trabalho dos peritos do INSS era aferido pela assiduidade, ou seja,
conferindo se o profissional cumpria as horas contratadas.
De acordo com Beltrame, o profissional
que aceitar o novo modelo de produtividade poderá cumprir serviços burocráticos
pelo computador, acessando o sistema do INSS, inclusive os existentes em outras
agências do instituto pelo país.
(Por Guilherme Mazui, G1, Brasília)
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