O bispo de Formosa, Dom José Ronaldo,
quatro padres, um monsenhor e funcionários administrativos foram presos na
manhã desta segunda-feira (19/03) durante operação do Ministério Público do
Estado de Goiás (MP-GO) contra desvios de recursos na Igreja Católica em Posse
e em duas cidades do Entorno do Distrito Federal – Formosa e Planaltina.
O prejuízo estimado é de mais de “2
milhões de reais”.
Segundo a investigação, o grupo se
apropriava de dinheiro oriundo de dízimos, doações, arrecadações de festas
realizadas por fiéis e taxas de eventos como batismos e casamentos.
O G1 tentou contato por telefone e
mensagem com a Diocese de Formosa, mas não recebeu retorno até a última
atualização desta reportagem.
Escutas telefônicas autorizadas pela
Justiça apontam que o grupo comprou uma fazenda de criação de gado e uma casa
lotérica com dinheiro desviado de dízimos e doações.
Em decisão, juiz disse haver indícios de
que o dinheiro era usado para despesas pessoais e que carros da Diocese de
Formosa eram usados com fins particulares.
As investigações começaram após
denúncias de fiéis que relataram desvios iniciados em 2015.
Em dezembro de 2017, o bispo negou haver
irregularidades nas contas da Diocese de Formosa.
OPERAÇÃO
CAIFÁS
A ação, batizada de "Caifás",
tem ao todo nove mandados de prisão e dez de busca e apreensão em Formosa,
Posse e Planaltina.
Além de residências e igrejas, um
mosteiro também é alvo da investigação.
Segundo o promotor de Justiça Douglas
Chegury, um dos responsáveis pela operação, foram apreendidas caminhonetes da
cúria em nomes de terceiros, além de uma grande quantia de dinheiro em espécie,
com valor ainda não foi divulgado.
De acordo com o MP-GO, a suspeita é que
a associação criminosa atuava na cúria da Diocese da Igreja Católica de Formosa
e em outras paróquias relacionadas a ela nas outras cidades. Participaram da
ação cerca de dez promotores de Justiça, além das polícias Civil e Militar.
DENÚNCIA
Em dezembro de 2017, fiéis denunciaram
que as despesas da casa episcopal de Formosa, onde o bispo mora, passaram de “5.000,00
reais” para “35.000,00 reais” desde que Dom José Ronaldo assumiu o posto, havia
três anos.
"O que nós temos certeza é que as
contas da cúria não fecham. Então, nós queremos a abertura pública das contas
da cúria [administração da diocese] e dos gastos da casa episcopal",
disse uma fiel, que preferiu não se identificar.
O grupo que contesta as contas informou
que não recolheria o dízimo até que as medidas fossem atendidas.
A diocese disse, na época, que o custo
das 33 paróquias é de cerca de “12 milhões de reais” por ano.
Já a arrecadação, no mesmo período, é de
“16 milhões de reais”.
O restante é destinado ao fundo de cada unidade.
Dom José Ronaldo alegou na época que não
tocava no dinheiro e que não houve o pedido, por parte do grupo, para a
apresentação de contas.
"Não tem nada de impropriedade.
Não toco nos repasses financeiros das paróquias que são destinados à manutenção
das necessidades da Diocese, casa do clero, seminário, estrutura da cúria,
funcionários etc", declarou.
(Por Sílvio Túlio, G1 GO)
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