Foto: NeuPaddy/Pixabay/CC0 Creative Commons |
Em um esforço global para entender o peso
genético da depressão, um consórcio de 200 cientistas, em 161 instituições do
mundo inteiro, identificou 44 genes relacionados a formas severas da condição.
Isso é particularmente importante porque a ciência já sabe que, em casos mais
graves, a hereditariedade tem um peso importante na ocorrência da doença.
O estudo foi publicado na "Nature
Genetics" e integra o "Psychiatric Genomics Consortium", um
esforço global para mapear genes associados a disfunções psiquiátricas.
A
pesquisa teve a coordenação da Kings College London (Reino Unido), da
Universidade da Carolina do Norte (EUA) e da Universidade de Queensland (Austrália).
OS PRINCIPAIS ACHADOS
Dos 44 genes mapeados, 30 foram
descritos pela 1ª vez nessa iniciativa específica.
O achado abre caminho para o
surgimento de terapias mais específicas para a condição, que tenham por alvo ou
o silenciamento desses genes ou o bloqueio de substâncias produzidas a partir
de informações desses genes.
O estudo tem por base outras pesquisas
que mostraram o peso da hereditariedade em casos mais graves.
Estudos com
gêmeos idênticos, por exemplo, mostraram que, se um deles desenvolve uma forma
mais grave da doença, o outro tem um risco tão elevado quanto de também
manifestar os mesmos sintomas.
Apesar disso, no entanto, cientistas
pontuam que não é toda a pessoa com genes associados à depressão que vai
desenvolver a condição.
O esforço global também quer entender o porquê isso
ocorre.
"A descoberta dessas novas variantes genéticas tem o potencial de
revitalizar o tratamento da depressão, abrindo o caminho para descoberta de
terapias novas e melhoradas", diz
Gerome Breen, do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência da King's
College, em nota.
A depressão mais grave afeta
aproximadamente 14% da população global. Um dos problemas, no entanto, é que
apenas metade dos pacientes responde bem aos tratamentos existentes, segundo os
autores.
COMO FOI O ESTUDO
Pesquisadores mapearam dados de 135 mil
pessoas com depressão maior (a mais incapacitante) e também de 344 mil pessoas
saudáveis.
Além dos 44 genes associados à
depressão, pesquisadores encontraram outros 153 genes relacionados a outros
transtornos mentais.
Desses outros genes encontrados, os
cientistas descobriram que seis deles contribuem tanto para o surgimento da
depressão, quanto para a maior ocorrência de esquizofrenia.
Um outro ponto curioso do estudo é que
alguns genes associados à depressão também foram relacionados à qualidade do
sono, insônia, cansaço e tendência à obesidade.
(Do G1)
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