A
Câmara dos Deputados já gastou pelo menos “359 mil reais” com o
deputado João Rodrigues (PSD-SC) desde fevereiro, quando ele foi
preso pela Polícia Federal por determinação do Supremo Tribunal
Federal (STF).
De
acordo com o portal da Transparência da Câmara, João Rodrigues
continua recebendo salário, mas com descontos relativos ao não
comparecimento às sessões deliberativas do plenário.
O
valor gasto com a Câmara corresponde ao salário do deputado, à
cota parlamentar e à verba de gabinete.
O
único benefício retirado após a prisão foi o auxílio-moradia.
Rodrigues
foi condenado a cinco anos e três meses de reclusão em regime
semiaberto pelo Tribunal Regional Federal (TRF-4) por fraude e
dispensa de licitação quando era prefeito de Pinhalzinho (SC).
Mesmo
cumprindo regime semiaberto, o deputado não foi autorizado pela
Justiça a trabalhar na Câmara durante o dia e retornar para o
presídio, à noite.
ENTENDA
OS GASTOS
De
acordo com a Transparência da Câmara, João Rodrigues recebeu em
fevereiro, mês em que foi preso, salário de R$ 33.763,00 (valor
integral).
Em março e em abril, contudo, o salário passou para R$
9.754,84 em razão dos descontos por ausência nas sessões.
O
deputado também mantém o gabinete em funcionamento, com 21
servidores.
O
valor atual da verba para custear os funcionários dele é de R$
106.866,59 por mês.
Com
isso, a Câmara gastou R$ 317 mil nos últimos três meses para
manter o gabinete do parlamentar em funcionamento.
João
Rodrigues recebeu, ainda, cerca de R$ 11 mil da cota parlamentar
desde fevereiro.
A
verba é destinada a custear os gastos dos deputados exclusivamente
vinculados ao exercício da atividade parlamentar.
O
valor é destinado para indenizar despesas como passagens áreas,
telefonia, manutenção de escritórios e fornecimento de alimentação
e hospedagem do parlamentar.
O QUE DIZ A CÂMARA
Procurada,
a assessoria da Câmara informou que o parlamentar ainda recebe os
benefícios porque, mesmo preso, segue detentor do mandato.
Mas,
diante da negativa de trabalho externo, a Casa deve reavaliar a quais
benefícios o parlamentar ainda terá direito.
"Com
a negativa de pedido de trabalho externo, a Mesa Diretora da Câmara
dos Deputados irá decidir quais as prerrogativas o parlamentar vai
manter ou não", informou em nota.
O
mandato de João Rodrigues é alvo de processo disciplinar no
Conselho de Ética.
Nesta
quarta (02/05), o conselho aprovou a abertura do processo, atendendo
a um pedido da Rede Sustentabilidade – o partido alega que ele
quebrou o decoro parlamentar e deve ser cassado.
DEPUTADOS
PRESOS
Além
de João Rodrigues, outros dois deputados estão presos: Paulo Maluf
(PP-SP) e Celso Jacob (MDB-RJ).
Maluf
foi condenado a 7 anos e 9 meses de prisão por lavagem de dinheiro
no período em que foi prefeito de São Paulo – entre 1993 e 1996.
Jacob,
por sua vez, foi condenado por falsificação de documento público e
dispensa irregular de licitação.
Os
crimes foram cometidos quando ele era prefeito de Três Rios (RJ),
cidade que governou entre 2001 e 2008.
Segundo
a Mesa Diretora da Câmara, desde dezembro de 2017 os dois tiveram os
subsídios suspensos, assim como da verba de gabinete, cota para o
exercício da atividade parlamentar e demais recursos inerentes ao
exercício do mandato.
O
suplente de Paulo Maluf, Junji Abe (PMDB-SP), já assumiu a vaga, e o
substituto de Celso Jacob, Augusto Nalin (DEM-RJ), convocado pela
Câmara.
(Por
Alessandra Modzeleski, G1, Brasília)
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