A decisão do Supremo Tribunal Federal
(STF) desta quinta-feira (03/05) de restringir o foro privilegiado de deputados
e senadores não acaba com esse instituto, que existe desde o Brasil imperial e
foi sendo ampliado até a atual Constituição, de 1988.
Saiba abaixo, nas perguntas e respostas,
o que muda com a decisão:
O que muda com a decisão do Supremo?
No julgamento, ficou definido que só
permanecerão no STF os processos cujos crimes ocorreram durante o mandato do
parlamentar e estejam ligados às funções do cargo.
Os inquéritos e ações penais
que não se enquadrarem nesse filtro serão enviados à primeira instância da
Justiça Federal ou Estadual.
O que não se altera com a decisão?
Por ora, a decisão aplica-se somente aos
513 deputados federais e 81 senadores, deixando de fora os 29 ministros de
Estado, os três chefes das Forças Armadas e de 101 magistrados das Cortes
superiores de Brasília, cerca de 140 embaixadores, além de milhares de
autoridades estaduais e municipais.
Quem vai ser atingido?
Ainda não se sabe ao certo quais
senadores e deputados serão atingidos, porque caberá ao ministro relator de
cada uma das investigações a que respondem analisar se o crime se enquadra nos
novos critérios para sair do STF.
A principal dificuldade, sujeita a
questionamentos, será definir se o delito está ou não relacionado às atividades
parlamentares.
Parlamentares poderão ser presos?
Mesmo com as investigações na primeira
instância, por crime fora do mandato e não ligados ao cargo, deputados e
senadores continuam sujeitos à prisão.
Mas continuam com uma proteção especial:
antes da condenação, só podem ser presos se forem pegos em flagrante num crime
inafiançável, como racismo, tortura, tráfico de drogas e terrorismo, por
exemplo.
Mesmo assim, a prisão poderá ser
derrubada dentro de 24 horas pela Câmara ou pelo Senado.
Basta que a maioria
dos deputados ou senadores votem contra, para livrar os colegas.
No caso de
condenação, os parlamentares ficam sujeitos à prisão para cumprimento da pena
após a confirmação da sentença pela segunda instância, como já ocorre para os
demais cidadãos.
Demais autoridades podem perder o foro?
Apesar da decisão do STF se aplicar
somente a parlamentares, a Corte pode, no futuro, decidir sobre a extensão da
medida.
Segundo o ministro Luís Roberto Barroso, a decisão desta quinta deverá
levar à discussão sobre a restrição do foro para as demais autoridades não
atingidas pelo julgamento.
No julgamento, a aplicação dos novos
critérios foi proposta pelo ministro Dias Toffoli e apoiada por Gilmar Mendes,
mas não obteve maioria favorável entre os 11 integrantes do STF.
Se fosse
aprovada, seriam atingidos mais de 38,5 mil agentes públicos federais,
estaduais e municipais, incluindo governadores, prefeitos, secretários,
conselheiros, delegados, entre outros.
No Congresso, também tramita em fase
avançada proposta mais radical, para acabar com o foro em qualquer situação,
exceto para os presidentes da República, da Câmara, do Senado e do STF.
Como
altera a Constituição, a proposta, no entanto só pode ser aprovada quando após
a intervenção federal no Rio de Janeiro, que termina no dia 31 de dezembro.
(Por Renan Ramalho, G1, Brasília)
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