Quando 2019 chegar, 106 delegados de
Polícia Civil e 808 policiais civis da Paraíba estarão aptos à aposentadoria.
Com isso, o Estado corre o risco de perder 36% de sua polícia investigativa em
apenas um ano.
“A tendência é de colapso total na Polícia
Civil”, previu ontem (22/05) o delegado Steferson Nogueira, presidente
da Adepdel – Associação de Defesa das Prerrogativas dos Delegados de Polícia da
Paraíba.
Ele advertiu ainda para o fechamento de
várias delegacias e limitação do atendimento ao público se o Governo do Estado
não providenciar com urgência, por exemplo, concursos públicos para repor a
força de trabalho qualificada da Polícia Civil, que com a previsível evasão por
aposentadorias no próximo ano deixará a Paraíba na última colocação do país no
comparativo policial civil por habitante.
“Teremos um policial civil para 3.571
habitantes, enquanto a média nacional, hoje, é de um policial civil para 1.598
habitantes”, detalhou.
Steferson informou que atualmente a
Polícia Civil da Paraíba conta com apenas 297 delegados para 308 delegacias.
“Logo, deveríamos ter 308 titulares”,
raciocina, mas lembra, por outro lado, que pelo fato de muitas delegacias
necessitarem de delegados e escrivães adjuntos, como Homicídios, Roubos e
Furtos, Defraudações, Entorpecentes, apenas 185 delegados são titulares e 127
escrivães são chefes de cartório.
“Aproximadamente 123 delegacias estão sem
delegados titulares, portanto”, explicou.
A situação pode ser entendida como muito
mais grave, contudo, se levado em conta o número ideal (ou mínimo) de delegados
exigidos legalmente, pois a Lei 11.066/2017 fixou em 600 membros o quadro de
servidores dessa categoria.
Mas, como se não bastasse tamanha a
distância do necessário em matéria de delegados, a Polícia Civil da Paraíba
ainda enfrenta outro problema sério que é a insuficiência de agentes de
investigação, escrivães, motoristas etc., até mesmo nas regiões metropolitanas
mais populosas do Estado.
Steferson Nogueira mostra que em João
Pessoa, Campina Grande, Patos e municípios vizinhos a essas cidades, muitas
unidades funcionam com apenas um policial.
“Nas delegacias distritais de João Pessoa,
por exemplo, o comparativo policial civil por habitante chega a 1 policial
civil para cada grupo de 7.600 habitantes”, revela.
E garante que o problema só não é maior
porque praticamente todos os delegados atuam no trabalho investigativo, “mesmo
os que estão na atividade meio, em razão da falta de efetivo, exceto os lotados
na Delegacia-Geral (incluídos delegado-geral e adjunto) e na Secretaria de
Segurança e Defesa Social (refere-se ao secretário executivo da pasta)”.
Seriam oito delegados, portanto,
momentaneamente fora da ‘linha de frente’ do trabalho de investigação policial
a cargo de um contingente que não se renova desde 2008, ano em que o Governo do
Estado fez concurso público para a categoria e de lá pra cá nomeou apenas 59
(cerca de 20% do atual efetivo).
Sem contar que desde então muitos foram
embora da Paraíba, porque passaram em outros concursos para carreiras de melhor
remuneração oferecida pelo Governo Federal ou por outros governos estaduais.
Steferson calcula que a Paraíba precisa
urgentemente de pelo menos 1.821 novos policiais civis para preencher as vagas
dos que irão aposentador, dos que já se aposentaram e dos que faleceram.
Somente assim haveria, pelo menos, uma
adequação à média nacional de policial civil por habitantes, para que o Estado
não segure, já ano que vem, a constrangedora lanterna no ranking brasileiro de
envelhecimento ou esvaziamento da Polícia Civil.
OUVINDO
AS BASES
Para reverter a situação atual e
desenhar um futuro melhor para delegados e policiais civis em geral, há um mês
Steferson e outros dirigentes da Adepdel iniciaram reuniões com seus colegas em
todas as regiões do Estado.
Nesses encontros, ouvem reclamações,
denúncias e reivindicações que subsidiarão um plano de reestruturação da
Polícia Civil do Estado.
Quando concluir a série, a entidade vai
formatar a sua proposta e entregá-la ao governador do Estado e aos candidatos
que disputarão o cargo nas próximas eleições.
(Do rubensnobrega.com.br)
Isso é uma verdade, porém nunca vai acontecer, uma vez que o policial civil perde 40% do salário ao se aposentar, sendo assim, pode-se dizer que mais policiais, em idade de se aposentar, morrerão em serviço, por problemas de saude, como já vem acontecendo
ResponderExcluirRealmente... Perdem muito
ResponderExcluirExcelente matéria. Demonstra um dos motivos da criminalidade desenfreada no Estado. Se não houver investimento na Polícia judiciária, a tendência é piorar.
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