Levado à delegacia por ter feito cocô ao
lado do muro interno de uma creche, um morador de rua foi liberado pelo
delegado de plantão Aldo Lopes de Araújo.
Fato que seria corriqueiro não fosse o
despacho do policial justificando a medida.
“A cagada maior é dos administradores, a
partir do momento em que não cuidam direito da segurança do prédio, um espaço
destinado a prestar serviço público. Trata a presente ocorrência de uma
cagalança geral: do prefeito ao secretário, passando pelo diretor do órgão,
pelo vigilante de faz-de-conta, pelos membros da Guarda Municipal que
conduziram um homem inocente até esta delegacia, e porque não dizer da parte
deste delegado, ora fazendo uso de linguagem pouco usual, porém vigorosa, para
redigir o presente despacho”.
A foto do despacho polêmico passou a
circular em Natal pelo aplicativo WhatsApp nesta quarta-feira (08/08).
“Trata-se de um brasileiro em típico estado
de necessidade. Ele não tem casa, nem privada onde possa ‘arriar o barro’, como
se diz lá em nós”.
Em entrevista por telefone ao portal
OP9, o delegado confirmou que o fato ocorreu na
tarde do domingo (05/08) quando ele estava de plantão.
Vigilantes de um Centro Municipal de
Educação Infantil da Zona Norte da capital chamaram a viatura da Guarda
Municipal para conduzirem o morador de rua à delegacia.
Ao chegar lá, Aldo Lopes afirma que a
história estava muito desencontrada.
“O vigilante permite que o homem pule e faça
as necessidades, depois leva a ocorrência para o plantão, alegando que ele
tinha levado alguns objetos do local, no caso, dois refletores, mas não tinha
provas de nada”, explicou Lopes.
O delegado disse que o despacho mostrou
a sua indignação.
“A nossa cidadania está em frangalhos. Este
homem não tem cidadania, não tem nem lugar para fazer as necessidades básicas.
O homem não pode perder a capacidade de se indignar”, ressaltou.
Nascido em Princesa Isabel, na Paraíba,
Aldo Lopes é delegado da Polícia Civil há 17 anos.
Polêmico, o policial de 61 anos de idade
é jornalista e escritor, sendo premiado em 2004 o prêmio literário Câmara
Cascudo, com o romance “O Dia dos Cachorros”.
A Secretaria Municipal de Educação (SME)
emitiu uma nota sobre o episódio.
De acordo com a declaração, os agentes
da Guarda Municipal foram acionados e perceberam que os refletores da unidade
de ensino teriam sido levados.
Daí terem conduzido o suspeito de furto
à delegacia. De acordo com a Guarda, os refletores foram recuperados, depois.
“Sobre as declarações do delegado de polícia,
a SME não vai comentar”, encerra a nota.
(Do OP9)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirParabens ao delegado coragem de poucos quase nenhum tem de abrir o verbo sem milindre...
ResponderExcluir