Por Napoleão Maracajá*
A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) foi
criada 1942 como uma empresa estatal brasileira.
Em abril de 1997, em operação que até
hoje é contestada na Justiça Brasileira, a CVRD foi vendida pelo governo
brasileiro por apenas US$ 3,4 bilhões e para facilitar a vida dos “pobres”
compradores o governo disponibilizou os recursos junto ao BNDES.
A mineradora Vale proprietária da
barragem de Brumadinho/MG que se rompeu sexta-feira (25/01) deixando mortos e
desaparecidos é proprietária de outras 142 estruturas semelhantes pelo país.
Em novembro de 2015, a barragem de
Mariana/MG estourou deixando 19 mortos, agora dia 25 de janeiro (2019), a
barragem Brumadinho foi embora levando vidas, sonhos e deixou prejuízos
irreparáveis para centenas de pessoas e de famílias, é uma das maiores
tragédias trabalhistas do Brasil.
Parece que estavam adivinhando, trataram
de flexibilizar a CLT, veremos adiante.
As barragens de contenção de rejeitos de
minério de ferro em tese têm como função evitar a degradação e na separação dos
materiais que serão aproveitados e dos que serão descartados.
O problema é que pela a segunda vez,
descartaram vidas, transformam trabalhadores, moradores e pessoas em dejetos
também.
Enquanto as barragens continuarem
represando correntezas de ganância por lucro, enquanto a diferença entre lucro
do dono e salário de quem executa as atividades mais pesadas, guardarem
distâncias que ultrapassam as nuvens, barragens represarão também uma população
de vulneráveis às tragédias.
Os lucros com a devastação, com a
degradação ambiental são reservados a poucos, no entanto, os prejuízos
destinam-se a muitos, principalmente os que não têm direito a escolhas.
A concupiscência, a avidez e a cobiça
continuarão a cobrir com lama vidas, que ao contrário de sementes quando
cobertas, não brotarão mais.
Não existe indenização que alivie a dor
e o sofrimento das famílias.
O lamaçal que cobriu, que matou centenas
de pessoas, certamente continuará porque o crime ambiental continuará
compensando, principalmente para grandes empresas como é o caso da reincidente
VALE.
É oportuno enfatizar que para os seus
donos, em 2017 a empresa gerou um lucro, repito, lucro de quase 18 bilhões de
reais.
Em números precisos, a Vale registrou lucro
líquido de R$ 17,6 bilhões.
Em 2017 o Faturamento da empresa VALE foi
de R$ 110,007 bilhões (Fonte www.vale.com).
Em outubro de 2018, o valor de mercado
da empresa VALE foi de R$ 304, 914 bilhões.
Lembra o valor da privatização?
O crime compensa.
Financeiramente “VALE” à pena
negligenciar com a vida das pessoas, dos animais.
Observem e comparem o valor da MULTA
aplicada pelo IBAMA pela a tragédia, PASMEM!
A Vale vai pagar por todos os danos R$
250 milhões e isso não representa um milímetro do lucro dessa gigante
mundial.
O CRIME compensa ou não?
Pelo histórico os responsáveis por essa
tragédia vão enfrentar grandes “ondas”, navegarão no tranquilo “oceano” da justiça brasileira,
nadarão em águas cristalinas.
Para eles o tempo será sempre bom, as
temperaturas agradáveis. Beberão sempre
água límpida, serão sempre refrescados pelo o conforto que os vultosos rios de
lucros lhes proporcionam
Em se tratando de julgar grandes
empresas, como vimos, pagarão insignificantes frações dos bilhões represados
nas barragens do perverso, frio e impiedoso sistema.
Para os grandes, a engrenagem pode
rapidamente e facilmente transformar, quando necessário e conveniente for, águas
cristalinas em águas turvas, águas turvas em águas cristalinas, inocentes em culpados, acidentes em
incidentes, ferro em ouro, destruição em produção, barragens em rios de dor, de
lágrimas, de sofrimento, saudade e de morte.
Os dejetos da Barragem de MARIANA (2015)
tiraram a vida de 19 pessoas, nenhum dos responsáveis foi preso.
E para que grandes empresas, (patrões),
remassem em águas ainda mais tranquilas, os representas dos ricos, das empresas
modificaram no Congresso Nacional, a CLT.
As mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho
colocaram trabalhares (povo) num furação.
Existe uma relação fúnebre entre a tragédia de Brumadinho e a Reforma trabalhista que limitou a
indenização por acidente de trabalho em 50 vezes o valor do salário recebido
pelo o trabalhador no período do acidente, nesse caso, da morte. Tomando por
exemplo, os que recebem R$ 998 vão receber pela morte de uma pessoa da família,
“49.900 reais”!
Isso mesmo: “quarenta e nove mil e
novecentos reais”, é quanto VALE cada vida arrastada pela a lama de Brumadinho
(da VALE); é quanto VALE quem trabalha na VALE, um das empresas que mais VALE
no mundo.
Lembra do faturamento da VALE?
Lembra do lucro da VALE?
Para não concluir, é forçoso lembrar que
três anos depois, ninguém foi condenado pela tragédia de Mariana; processo na
Justiça não tem data para julgamento, nem as vítimas foram indenizadas.
Quanto VALE a vida dos de baixo?
*Napoleão Maracajá é Geógrafo
pela UEPB, Especialista no Ensino de Geografia pela UEPB, Mestre em Geografia
pela UFPB e Doutor em Recursos Naturais pela UFCG.
(Por www.renatodiniz.com)
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