quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

QUANTO VALE A VIDA NA VALE

Por Napoleão Maracajá*
A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) foi criada 1942 como uma empresa estatal brasileira.
Em abril de 1997, em operação que até hoje é contestada na Justiça Brasileira, a CVRD foi vendida pelo governo brasileiro por apenas US$ 3,4 bilhões e para facilitar a vida dos “pobres” compradores o governo disponibilizou os recursos junto ao BNDES.

A mineradora Vale proprietária da barragem de Brumadinho/MG que se rompeu sexta-feira (25/01) deixando mortos e desaparecidos é proprietária de outras 142 estruturas semelhantes pelo país.
Em novembro de 2015, a barragem de Mariana/MG estourou deixando 19 mortos, agora dia 25 de janeiro (2019), a barragem Brumadinho foi embora levando vidas, sonhos e deixou prejuízos irreparáveis para centenas de pessoas e de famílias, é uma das maiores tragédias trabalhistas do Brasil.
Parece que estavam adivinhando, trataram de flexibilizar a CLT, veremos adiante.
As barragens de contenção de rejeitos de minério de ferro em tese têm como função evitar a degradação e na separação dos materiais que serão aproveitados e dos que serão descartados.
O problema é que pela a segunda vez, descartaram vidas, transformam trabalhadores, moradores e pessoas em dejetos também.
Enquanto as barragens continuarem represando correntezas de ganância por lucro, enquanto a diferença entre lucro do dono e salário de quem executa as atividades mais pesadas, guardarem distâncias que ultrapassam as nuvens, barragens represarão também uma população de vulneráveis às tragédias.
Os lucros com a devastação, com a degradação ambiental são reservados a poucos, no entanto, os prejuízos destinam-se a muitos, principalmente os que não têm direito a escolhas. 
A concupiscência, a avidez e a cobiça continuarão a cobrir com lama vidas, que ao contrário de sementes quando cobertas, não brotarão mais.
Não existe indenização que alivie a dor e o sofrimento das famílias.
O lamaçal que cobriu, que matou centenas de pessoas, certamente continuará porque o crime ambiental continuará compensando, principalmente para grandes empresas como é o caso da reincidente VALE.
É oportuno enfatizar que para os seus donos, em 2017 a empresa gerou um lucro, repito, lucro de quase 18 bilhões de reais.
Em números precisos, a Vale registrou lucro líquido de R$ 17,6 bilhões.
Em 2017 o Faturamento da empresa VALE foi de R$ 110,007 bilhões (Fonte www.vale.com).
Em outubro de 2018, o valor de mercado da empresa VALE foi de R$ 304, 914 bilhões.
Lembra o valor da privatização?
O crime compensa.
Financeiramente “VALE” à pena negligenciar com a vida das pessoas, dos animais.
Observem e comparem o valor da MULTA aplicada pelo IBAMA pela a tragédia, PASMEM!
A Vale vai pagar por todos os danos R$ 250 milhões e isso não representa um milímetro do lucro dessa gigante mundial. 
O CRIME compensa ou não?
Pelo histórico os responsáveis por essa tragédia vão enfrentar grandes “ondas”, navegarão no  tranquilo “oceano” da justiça brasileira, nadarão em águas cristalinas.
Para eles o tempo será sempre bom, as temperaturas agradáveis.  Beberão sempre água límpida, serão sempre refrescados pelo o conforto que os vultosos rios de lucros lhes proporcionam
Em se tratando de julgar grandes empresas, como vimos, pagarão insignificantes frações dos bilhões represados nas barragens do perverso, frio e impiedoso sistema.
Para os grandes, a engrenagem pode rapidamente e facilmente transformar, quando necessário e conveniente for, águas cristalinas em águas turvas, águas turvas em águas cristalinas,  inocentes em culpados, acidentes em incidentes, ferro em ouro, destruição em produção, barragens em rios de dor, de lágrimas, de sofrimento, saudade e de morte.
Os dejetos da Barragem de MARIANA (2015) tiraram a vida de 19 pessoas, nenhum dos responsáveis foi preso.
E para que grandes empresas, (patrões), remassem em águas ainda mais tranquilas, os representas dos ricos, das empresas modificaram no Congresso Nacional, a CLT.
As mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho colocaram trabalhares (povo) num furação.
Existe uma relação fúnebre  entre a tragédia de Brumadinho e  a Reforma trabalhista que limitou a indenização por acidente de trabalho em 50 vezes o valor do salário recebido pelo o trabalhador no período do acidente, nesse caso, da morte. Tomando por exemplo, os que recebem R$ 998 vão receber pela morte de uma pessoa da família, “49.900 reais”!
Isso mesmo: “quarenta e nove mil e novecentos reais”, é quanto VALE cada vida arrastada pela a lama de Brumadinho (da VALE); é quanto VALE quem trabalha na VALE, um das empresas que mais VALE no mundo.
Lembra do faturamento da VALE?
Lembra do lucro da VALE?
Para não concluir, é forçoso lembrar que três anos depois, ninguém foi condenado pela tragédia de Mariana; processo na Justiça não tem data para julgamento, nem as vítimas foram indenizadas.
Quanto VALE a vida dos de baixo?
​​​​​​​​​​*Napoleão Maracajá é Geógrafo pela UEPB, Especialista no Ensino de Geografia pela UEPB, Mestre em Geografia pela UFPB e Doutor em Recursos Naturais pela UFCG.
(Por www.renatodiniz.com)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.