Criado por medida provisória no governo
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o objetivo de reduzir o déficit
habitacional no país, o programa passa por um momento de crise e não tem futuro
definido.
Com a deterioração das contas públicas e
orçamento público mais restrito a cada ano, o programa sofreu brusco corte na
chamada Faixa 1, que constrói imóveis 100% subsidiados pela União e atende
famílias de renda mais baixa, com rendimentos de até R$ 1,8 mil.
Essas famílias recebem descontos de até
90% do valor do imóvel.
Em 2009, quando o Minha Casa Minha Vida
foi lançado, a Faixa 1 respondia por 50% das unidades contratadas.
No ápice do programa, em 2013, as
unidades da Faixa 1 respondiam por 59% do total.
O índice chegou a 4,5% em 2017.
No ano passado, essa faixa respondeu por
menos de 21% das unidades contratadas.
Mesmo nas faixas que atendem famílias
com rendas maiores, as contratações caíram ao longo dos anos.
O ápice nessas faixas ocorreu em 2013,
quando foram contratadas 912.407 habitações e entregues 648.474.
Em 2018, as contratações caíram para
527.115 e, as entregas de unidades habitacionais, para 163.647.
PROBLEMAS
NA FAIXA 1
Segundo Renato Lomonaca, gerente de
projetos da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), os
empreendimentos na Faixa 1 apresentaram diversos problemas ao longo dos anos.
Ele citou falhas em obras, denúncias de
irregularidades nos contratos e fraudes como locação ilegal do imóvel.
A faixa também enfrenta altos índices de
inadimplência.
No final do ano passado 36,9% dos
beneficiados estavam com prestações atrasadas, segundo dados do Ministério do
Desenvolvimento Regional, responsável pelo programa.
Nas faixas 1.5, 2 e 3, as famílias
beneficiadas contratam empréstimos com juros mais baixos e recebem subsídios
que podem chegar a R$ 47,5 mil.
Os recursos para empréstimos com taxas
mais baixas vêm do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
CONSTRUÇÃO
CIVIL
O programa também é considerado
essencial para o setor de construção civil.
Dados da Câmara Brasileira da Indústria
da Construção (Cbic) indicam que a construção das habitações entregues ao longo
da existência do programa empregou 3,5 milhões de trabalhadores.
O momento de indefinição com relação às
metas do programa no governo do presidente Jair Bolsonaro preocupa o setor, mas
o gerente de projetos da Abrainc não acredita que o Minha Casa Minha Vida
esteja ameaçado.
Lomonaca destacou que o déficit habitacional
do Brasil ainda é muito grande e que o governo não pode ignorar o problema.
Segundo uma pesquisa da Abrainc e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2017 o
Brasil registrou um déficit habitacional de 7,8 milhões de domicílios.
Segundo Lomonaca, manter o programa
ativo também garante renda para famílias mais pobres.
“Você não está só ajudando essa parcela da
população que não tem residência, como está melhorando o país como um todo.
Quando você fala em construção, você também fala em empregar famílias de baixa
renda. Uma parcela da população que gasta a sua renda no consumo e que ajuda a
aumentar o PIB”, afirmou.
O presidente da Câmara Brasileira da
Indústria de Construção (Cbic), José Carlos Martins, afirmou que a equipe
econômica do atual governo tem que entender o alcance do programa.
Segundo ele, podem haver críticas ao
Minha Casa Minha Vida e também aprimoramentos, mas os benefícios do programa
não podem ser questionados.
“Antes do Minha Casa Minha Vida, 80% das
residências dessa faixa de renda eram feitas em autogestão, sem nenhuma
legalidade, sem segurança, sem documentação”, disse.
Segundo Martins, o principal problema
atualmente é a falta de definição sobre o futuro do programa e qual será o seu
tamanho no atual governo.
“Toda indefinição é terrível. E, nesse
momento, o maior problema que temos”, disse.
Em nota, o Ministério do Desenvolvimento
Regional informou que trabalha para aprimorar a Política Nacional de Habitação,
na qual se inclui o Minha Casa Minha Vida.
“[O
ministério] Vem trabalhando para aperfeiçoar a Política Nacional de Habitação,
o que inclui o Programa Minha Casa, Minha Vida – prioridade do governo federal.
O intuito é integrá-lo às demais políticas de governo, focando na qualidade do
ambiente construído e em estratégias acopladas ao desenvolvimento.”
(Por Laís Lis, G1 – Brasília)
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