Após deixar a vice-liderança do governo
na Câmara por discordar da forma como o Palácio do Planalto trata a articulação
política com o Congresso, o coordenador da "bancada da bala", Capitão
Augusto (PR-SP), aposta justamente nos problemas existentes nessa condução, em
especial no que se refere à reforma da Previdência, para acelerar a tramitação
do pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro.
"Tem possibilidade de a reforma
não ser votada no plenário esse semestre. O governo não tem os 308 votos
necessários para aprovar o texto no plenário. Abriria uma lacuna para votar o
pacote no plenário", afirmou o Capitão Augusto ao Congresso em Foco.
Essa semana, na quarta (08/05), Sérgio
Moro deve ser ouvido na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime
Organizado da Câmara atendendo a um convite conjunto do Capitão Augusto com o
deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ).
Segundo o deputado, faltam ainda seis
audiências públicas, que devem ser concluídas em no máximo três semanas e, em
mais uma, será elaborado um relatório a ser encaminhado ao presidente da Casa,
Rodrigo Maia (DEM-RJ).
A ele caberá definir o destino da
proposta: ela pode ser encaminhada para análise de comissões ou direto ao
plenário.
Não há garantias de quão célere será a
análise do texto.
DIFICULDADES
Estreante no mundo político, o ministro
tem se mostrado à disposição dos parlamentares para discutir os pontos do
pacote anticrime, cheio de meandros.
Embora a proposta seja de grande apelo
popular, o que na opinião do Capitão Augusto seria mais um motivo para acelerar
sua votação - "ajudaria na união e composição da base e enfraquecimento da oposição,
devendo ser prioridade sobre a Previdência", afirmou o parlamentar
-, o histórico de Moro, como juíz em Curitiba deixou marcas nos parlamentares,
e isso tem dificultado o andamento do texto.
À frente da Operação Lava Jato, ele é
visto, nos bastidores, como um "caçador de políticos".
Logo na partida do pacotão anticrime
isso já foi notado. Maia instalou um grupo de trabalho para debater a proposta
e determinou também que o texto fosse apensado a outro projeto que já tramitava
na Casa, de autoria do ministro Alexandre de Moraes.
Apesar de publicamente afirmarem
superação, em março, Moro e Maia protagonizam um embate público via imprensa
por conta justamente da tramitação da proposta.
O presidente da Câmara se aborreceu com
o ministro por suas cobranças em acelerar o texto, inclusive com mensagens no
meio da madrugada e chegou a lhe pedir respeito.
Foi o ápice de uma série de discussões
que se alongaram entre o Legislativo e o Executivo, e continuaram com o
presidente Jair Bolsonaro, tratando de Previdência e outros temas.
(Do Congresso em Foco)
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