A Caixa Econômica Federal anunciou um
programa de renegociação de dívidas que deverá beneficiar 2,6 milhões de
clientes que estão com pagamentos em atraso há mais de um ano.
Segundo o banco,
a redução no valor da dívida poderá chegar a 90%, desde que o cliente quite o
débito à vista.
Especialistas ouvidos pelo UOL afirmam
que vale a pena aceitar a proposta devido ao tamanho do desconto oferecido pela
Caixa.
Porém, se o devedor precisar pegar um novo empréstimo para quitar a
dívida, deverá reorganizar suas finanças pessoais para dar conta do compromisso
e não ficar inadimplente novamente.
"O desconto que a Caixa está dando
é muito bom. Vale a pena pegar outro empréstimo porque o montante necessário
para quitá-lo será bem menor do que o tamanho da dívida original",
disse Estevão Garcia, coordenador do curso de pós-graduação em Gestão de Custos
e Negócios da Faculdade Fipecafi.
De acordo com a Caixa, o desconto médio
oferecido será de 86%. Considerando esse percentual, se uma pessoa tiver uma
dívida de R$ 20 mil por exemplo, ela conseguirá limpar o nome pagando R$ 1.720.
VEJA
SE A NOVA PRESTAÇÃO CABE NO ORÇAMENTO
A Caixa informou que, dos 2,6 milhões de
devedores que serão alvo da renegociação, 2,4 milhões (92%) poderão quitar suas
dívidas desembolsando até R$ 2.000, já considerando o desconto concedido pelo
banco.
Porém, 60% dos clientes inadimplentes
possuem uma renda de até R$ 1.500 por mês, o que torna o pagamento da dívida um
desafio, mesmo com o desconto oferecido.
Por isso, o cliente que aderir à
renegociação deve analisar se o novo empréstimo não compromete demais a sua
renda.
"Ao assumir um empréstimo ou
dívida com bancos, é importante saber quanto de juros vai pagar por mês e
quanto a parcela vai comprometer do orçamento", disse o educador
financeiro Junior Grilli.
"Se a pessoa ganha R$ 1.500 por
mês, a prestação não pode ultrapassar um terço disso, ou seja, R$ 500. E mais
do que isso, a parcela precisa caber dentro do orçamento familiar, senão ela
ficará inadimplente de novo em pouco tempo", afirmou Garcia.
PESQUISE
BASTANTE ANTES DE FECHAR NOVO EMPRÉSTIMO
Os clientes que serão alvo da
renegociação da Caixa estão com as dívidas em atraso há mais de um ano e,
portanto, estão com o nome sujo na praça. Logo, devido ao histórico mau
pagador, será mais difícil conseguir uma taxa baixa na contratação do novo
empréstimo.
"Mesmo assim, a pessoa não deve
desanimar nem ter vergonha de pechinchar. Pesquise bastante, consulte as
fintechs [empresas de tecnologia que prestam serviços financeiros], faça
simulações de empréstimo. Às vezes a taxa de juros é boa, mas a instituição
cobra várias taxas caras para liberar o dinheiro. Por isso, sempre olhe o custo
efetivo total [CET] da operação", declarou Garcia.
Não é preciso ter pressa para pesquisar
o novo empréstimo e ir à Caixa fazer o acordo.
O programa de renegociação deverá durar
até o fim de agosto.
Os especialistas recomendam que os
devedores procurem renegociar primeiro as dívidas que possuem maiores taxas de
juros, como o cartão de crédito e o cheque especial.
Os empréstimos com garantia real, como
financiamento de imóvel ou de veículo, não entrarão no programa de renegociação
da Caixa.
Segundo o banco, a maior parte das
dívidas (24,7%) em atraso é proveniente de empréstimos consignados, descontados
diretamente no salário do trabalhador.
"Muita gente perdeu emprego nos
últimos anos e acabou ficando inadimplente", afirmou o professor
da Fipecafi.
CLIENTE
QUE RENEGOCIAR DÍVIDA FICARÁ "MARCADO"
Embora limpar o nome seja uma atitude
positiva para o consumidor, Garcia alerta que os clientes da Caixa que aderirem
à renegociação provavelmente ficarão "marcados" dentro do banco e
terão dificuldade para conseguir novos empréstimos na instituição futuramente,
caso necessitem.
"O cliente deve, sim, aderir à
renegociação. Será uma preocupação a menos na vida. Mas é importante saber que
ele ficará registrado no sistema do banco como um mau pagador. Isso acontece
porque, na prática, o banco vai dar baixa naquela dívida com algum prejuízo
devido ao desconto grande que está dando ao cliente para receber alguma coisa."
(Por Téo Takar do UOL, em São Paulo)
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