O plenário do Senado aprovou nesta
terça-feira (18/06), por 47 votos a 28, o parecer da Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) que pede a suspensão dos decretos do presidente Jair Bolsonaro
que facilitaram o porte de armas.
Com a decisão, o texto seguirá para
análise da Câmara dos Deputados.
Enquanto a Câmara não analisar o tema,
as regras previstas nos decretos continuarão valendo.
O direito ao porte é a autorização para
transportar a arma fora de casa.
É diferente da posse, que só permite
manter a arma dentro de casa.
O primeiro decreto sobre armas e
munições foi assinado em 7 de maio.
Desde então, foi alvo de questionamentos
na Justiça e no Congresso Nacional.
Diante da polêmica em torno do assunto,
Bolsonaro recuou e, em 22 de maio, assinou um outro decreto sobre o tema.
A medida também se tornou alvo de
contestações.
A discussão no plenário sobre o parecer
da CCJ levou cerca de três horas.
Durante o debate, dez senadores
favoráveis aos decretos e dez contrários puderam discursar – cada um teve
direito a três minutos de fala.
Logo depois, o resultado da votação foi
anunciado.
Pouco antes de proclamar o resultado, o
presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou que os parlamentares
demonstraram "maturidade política"
ao discutir o tema.
DISCUSSÃO
NA CCJ
Um relatório favorável aos decretos,
apresentado pelo senador Marcos do Val (Cidadania-ES), defensor da
flexibilização das regras sobre armas, foi derrubado por 15 votos a 9 na
Comissão de Constituição e Justiça.
No lugar desse relatório, foi aprovado o
parecer do senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB), favorável à suspensão dos
decretos.
Esse parecer foi analisado nesta terça
pelo plenário principal do Senado.
ARGUMENTOS
Mais cedo, nesta terça-feira, o
presidente Jair Bolsonaro fez um apelo a senadores e a deputados para os
parlamentares não deixarem os decretos "morrerem".
Também nesta terça, o ministro da Casa
Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou na Câmara que, ao editar os decretos, o governo
"recuperou" o direito do cidadão à legítima defesa.
Bolsonaro tem argumentado que o
desarmamento interessa a quem tem projeto de "poder absoluto".
Nesta segunda-feira, o presidente disse:
"Senadores, deputados, temos a batalha dos decretos das armas. Vamos
lutar lá, porque quem quer desarmar o povo é quem quer o poder absoluto. Eu
quero que o povo, o cidadão de bem, tenha o direito à legítima defesa".
O líder do PSL no Senado, Major Olimpio
(PSL-SP), também vinha cobrando mobilização por parte da população.
"Se a população se mobilizar, de
fato, nós vamos derrubar no plenário essa adversidade e vamos manter o decreto
do presidente. Não é uma luta pelo porte e, sim, pelo direito de defesa da vida",
argumenta.
Parlamentares contrários à medida de
Bolsonaro, como o senador Fabiano Contarato (Rede-ES), classificam a
flexibilização das regras como um "retrocesso que pode aumentar o número de
mortes por armas de fogo. A segurança pública é direito de todos e dever do
Estado. Então, o Executivo, em nome de uma medida populista, renuncia à sua
tarefa e a transfere para a população", diz o parlamentar
Na semana passada, o líder da oposição
no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou ter recebido ameaças por ser
contrário aos decretos de Bolsonaro.
Ele registrou um boletim de ocorrência e
pediu investigação à Polícia Legislativa.
(Por Gustavo Garcia, G1 — Brasília)
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