O presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), afirmou na tarde desta quarta-feira (07/08) que a determinação da
Justiça de transferir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de Curitiba
para São Paulo é uma “decisão extemporânea” e se colocou à
disposição da bancada do PT na Casa para que “o direito do ex-presidente seja
garantido”.
A discussão sobre a remoção do
ex-presidente dominou parte do tempo de debate sobre os destaques apresentados
à reforma da Previdência.
Parlamentares alinhados ao presidente
Jair Bolsonaro comemoraram a decisão judicial, como a deputada Carla Zambelli
(PSL-SP), mas outros deputados, inclusive de partidos de centro, criticaram.
“De fato, não é uma decisão simples, é uma
decisão extemporânea. Aquilo que a presidência da Câmara puder acompanhar com a
bancada do PT, estamos à disposição para que o direito do ex-presidente seja
garantido”, disse Maia.
Ele se pronunciou logo após um discurso
inflamado feito pelo líder da bancada petista, Paulo Pimenta (RS).
“Não vamos aceitar que isso seja feito dessa
maneira. O Parlamento não pode assistir de maneira silenciosa a esse ataque ao
Estado Democrático de Direito. Se for necessário, a nossa bancada irá para o
Supremo Tribunal Federal hoje à tarde. Basta dessa escalada autoritária, basta
da Constituição sendo rasgada diariamente. É preciso que o Poder Legislativo e
a sociedade brasileira se levantem contra o avanço do autoritarismo e da
perseguição”, afirmou Pimenta.
O deputado afirmou que a decisão atendeu
a uma solicitação feita pela Polícia Federal há mais de um ano e que não há
nenhum fato novo recente para que Lula seja transferido.
“Sem nenhuma necessidade, a juíza determina
essa transferência. É mais uma vez uma forma de criar um espetáculo porque os
advogados ficaram sabendo pela mídia”, disse.
Pimenta acusou ainda o ministro da
Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, de ter agido em conluio com
procuradores para poder determinar a prisão de Lula quando ele era juiz.
A reação de Maia foi vista por
integrantes do PT e de outros partidos de oposição como algo positivo.
O deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA)
afirmou ser contrário à decisão sobre Lula mesmo fazendo oposição ao PT.
“Nunca votei no Lula e discordo de quase
todos os argumentos do PT. Mas não concordo com a decisão que foi tomada fora
de hora. Parece perseguição à toa”, disse.
Ao fim de sua fala, Maia concordou com
ele.
Já o deputado Fábio Trad (PSD-MS)
afirmou que a transferência representa a “expressão de uma vingança privada que atenta
contra a ordem jurídica”.
“Não estamos aqui para defender este ou
condenar aquele, mas o que essa juíza fez é um equívoco que afronta a ordem
jurídica que hoje pode até sacrificar os direitos de um líder de esquerda, mas,
se continuar a leniência, o silêncio e a covardia da direita que aplaude hoje,
amanhã será um líder da direita que será sacrificado”, disse.
(Por Estadão)
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