Diante de um cenário dramático de
necessidade de corte de despesas em 2020, o governo avalia suspender novas
contratações do programa Minha Casa Minha Vida e redirecionar recursos do
Sistema S para bancar alguns gastos do Orçamento.
O assunto foi discutido em reunião da
Junta de Execução Orçamentária (JEO), que avaliou um conjunto de medidas para
reduzir despesas obrigatórias (como salários, aposentadorias e pensões) e abrir
espaço no teto de gastos (dispositivo previsto na Constituição que impede o
crescimento das despesas acima da inflação) na proposta de Orçamento de 2020.
Com essa diminuição das despesas obrigatórias, o governo poderia aumentar os chamados gastos discricionários (aqueles que são tradicionalmente contingenciados e que incluem custeio da máquina e investimentos).
Com essa diminuição das despesas obrigatórias, o governo poderia aumentar os chamados gastos discricionários (aqueles que são tradicionalmente contingenciados e que incluem custeio da máquina e investimentos).
A suspensão das novas contratações do
Minha Casa, Minha Vida por um período pode garantir uma economia de despesas de
R$ 2 bilhões.
No caso do sistema S, além do corte dos recursos anunciado no início do governo Bolsonaro, o que está em discussão é repassar uma parcela da arrecadação para bancar alguns grupos de despesas, principalmente aquelas voltadas para qualificação.
No caso do sistema S, além do corte dos recursos anunciado no início do governo Bolsonaro, o que está em discussão é repassar uma parcela da arrecadação para bancar alguns grupos de despesas, principalmente aquelas voltadas para qualificação.
As duas propostas, porém, enfrentam
fortes resistências e não há definição. Uma das preocupações no caso do sistema
S é com o risco de transformação de uma espécie de “orçamento paralelo”.
Como o Orçamento de 2020 tem de ser
enviado nesta sexta-feira (30/08), ao Congresso, o mais provável é que o projeto
não conte ainda com o impacto das medidas que estão sendo estudadas – boa parte
delas depende de medidas legais que precisam de ser aprovadas pelo Congresso.
A ideia é que as ações sejam apresentadas ao longo das negociações com o Congresso.
A ideia é que as ações sejam apresentadas ao longo das negociações com o Congresso.
Como mostrou o Estadão/Broadcast, na
reta final da elaboração da proposta orçamentária para 2020, o governo prepara
medidas para reduzir as despesas obrigatórias em mais de R$ 10 bilhões.
Mas o valor ainda é insuficiente, e a equipe econômica busca saídas para conseguir cerca de R$ 15 bilhões adicionais para as chamadas despesas discricionárias.
Mas o valor ainda é insuficiente, e a equipe econômica busca saídas para conseguir cerca de R$ 15 bilhões adicionais para as chamadas despesas discricionárias.
A maior parte das medidas deve ser feita
via medida provisória, que tem vigência imediata, segundo apurou a reportagem.
Uma reunião foi realizada no início da noite desta quarta-feira (28) no Palácio do Planalto para tentar definir as ações adicionais e fechar as contas do ano que vem.
Uma reunião foi realizada no início da noite desta quarta-feira (28) no Palácio do Planalto para tentar definir as ações adicionais e fechar as contas do ano que vem.
Entre as medidas, como mostrou o
Estadão/Broadcast, o governo quer propor o congelamento das progressões de
servidores públicos civis nas carreiras do Executivo para economizar cerca de
R$ 2 bilhões.
Outra medida é o fim do adicional de 10%
da multa rescisória sobre o FGTS pago pelas empresas.
Hoje, as empresas pagam 50% de multa nas demissões, 40% ficam com o trabalhador e os outros 10% vão para os cofres da União, que repassa os recursos para a administração do fundo.
Por ano, esses 10% correspondem a R$ 5,4 bilhões pagos pelas empresas, dinheiro que passa pelo Orçamento e consome espaço do teto de gastos.
Hoje, as empresas pagam 50% de multa nas demissões, 40% ficam com o trabalhador e os outros 10% vão para os cofres da União, que repassa os recursos para a administração do fundo.
Por ano, esses 10% correspondem a R$ 5,4 bilhões pagos pelas empresas, dinheiro que passa pelo Orçamento e consome espaço do teto de gastos.
A situação é tão dramática que não há
mais cortes que possam ser feitos “só com a caneta” do presidente Jair
Bolsonaro para adequar o Orçamento de 2020 ao teto de gastos e desafogar os
ministérios, segundo uma fonte da área econômica.
Qualquer iniciativa que resulte em alívio nas despesas obrigatórias precisará ser feita por meio de lei.
Qualquer iniciativa que resulte em alívio nas despesas obrigatórias precisará ser feita por meio de lei.
O quadro é de dificuldades mesmo depois
de os técnicos terem decidido incluir nas contas o cenário de aprovação da
reforma da Previdência - o que resulta em economia de R$ 10 bilhões a R$ 12
bilhões nos gastos previdenciários.
É a primeira vez que o governo decide incluir os efeitos da reforma no Orçamento. Sem isso, a situação estaria ainda mais apertada.
O governo reservou cerca de R$ 89 bilhões até agora para as despesas discricionárias.
É a primeira vez que o governo decide incluir os efeitos da reforma no Orçamento. Sem isso, a situação estaria ainda mais apertada.
O governo reservou cerca de R$ 89 bilhões até agora para as despesas discricionárias.
(Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli/Estadão)
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