O presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), defendeu a inclusão do fim da estabilidade e a possibilidade de
redução do salário do servidor público na reforma administrativa.
Maia disse
que as mudanças, no entanto, só deverão valer para quem entrar no serviço
público após o início da vigência das novas regras.
“Meu radar é todo para
frente. Essa discussão para trás é ruim. Reduzir salário hoje de quem entrou e
tirar a estabilidade é ruim. Tem gente que diz que essa discussão da
estabilidade não está necessariamente garantida para trás. Defendo que, para a
gente ter uma reforma mais rápida, a gente não deve olhar para trás. Só para o
futuro”, afirmou.
Ele disse aguardar o envio de uma proposta da parte do governo
federal.
Maia participou nesta segunda-feira (02/09)
de um encontro com cerca de 70 empresários no Rio, promovido pela Associação
Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig).
Durante mais de
uma hora, o deputado bateu na tecla de que é preciso reduzir as despesas para
que os setores público e privado voltem a investir. Para ele, só com segurança
jurídica e as reformas da Previdência, que permite a contenção dos gastos, e a
administrativa, que reduziria as despesas, será possível fazer a economia
voltar a crescer.
“Muitos não acreditam
que o Brasil quebrou. Acham que a gente vai resolver tudo com um jeitinho. Isso
não vai acontecer. Não é que o governo não queira investir. O governo não tem
dinheiro”, disse. “A despesa corrente é muito forte. A gente não consegue
projetar e melhorar o futuro do país”, acrescentou.
Segundo o deputado, o descontrole das
contas públicas se agravou de 2015 para cá, com o aumento aprovado pelo
Congresso para o Judiciário.
“Hoje o servidor público federal ganha em média
67% a mais que o da iniciativa privada em funções semelhantes. Nos estados essa
diferença gira em torno de 30%”, comparou.
O presidente da Câmara também defendeu a
aprovação de uma reforma tributária que organize e simplifique o sistema
tributário.
Para ele, o modelo que mais se aproxima desse propósito é o
idealizado pelo economista Bernard Appy e encampado pelo líder do MDB, Baleia
Rossi (SP).
Há uma proposta também em discussão no Senado, baseada em
substitutivo do ex-deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR).
O governo também
prepara um texto próprio a ser enviada ao Congresso.
Maia acredita que é possível construir
um consenso a partir da junção das três proposições.
“A proposta do Appy está
mais estruturada e tem mais apoio da área técnica”, observou.
Ainda assim,
ressaltou, será preciso fazer ajustes na PEC.
“Vamos conversar com o governo. É
importante. O governo vai propor a unificação de impostos federais. Não vai
entrar na questão de estados e municípios. Está certo.”
Ainda nas discussões da reforma
tributária, o presidente da Câmara acredita que será preciso rever a situação
da Zona Franca de Manaus (ZFM), que ficaria inviabilizada com a extinção do
Imposto sobre Produtos Importados (IPI), aprofundar o debate sobre o novo
Imposto de Bens e Serviços e definir uma forma de compensar os estados do Norte
e Nordeste com eventuais perdas trazidas pelo novo sistema tributário.
“São
Paulo, em tese, é o estado que mais perde. Mas, com a economia crescendo, será
o estado que mais ganhará”, explicou.
Para Maia, o momento é de enfrentar
desafios, como a adoção de um novo pacto federativo no Brasil.
“Isso passa pela
redução do tamanho do Estado. Precisamos ter compromisso com a redução das
despesas”, insistiu.
“O Brasil precisa de menos polêmica e mais racionalidade nos debates”, acrescentou.
(Do Congresso em Foco – Edson Sardinha,
do Rio de Janeiro)
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