O adolescente de 12 anos que confessou
ter matado a menina Raíssa Eloá Caparelli Dadona, de 9 anos, no Parque
Anhanguera, na Zona Norte de São Paulo, neste domingo (29/09), disse ter usado
um galho de árvore para matar a menina.
O depoimento do adolescente chocou até
os próprios pais do menino, segundo o delegado Luiz Eduardo de Aguiar Maturano,
titular da 5ª Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o
Adolescente, da Divisão de Homicídios.
A menina Raíssa foi encontrada morta na
tarde de domingo no Parque Anhanguera, na região de Perus, Zona Norte de São
Paulo, após desaparecer em uma festa em um Centro Educacional Unificado (CEU)
municipal na região, onde estava com a mãe e o irmão mais novo.
O delegado não descarta que outra pessoa
possa ter participado do crime.
“Ele começou a agredir a Raíssa antes de
chegar à árvore. Primeiro bateu nela e depois usou um galho de árvore. Não
apreendemos esse galho”, disse o delegado.
Raíssa e o adolescente eram próximos e
estavam juntos no CEU Anhanguera, de onde a menina sumiu antes de ser morta.
Maturano, que tem 34 anos de polícia,
disse ter ficado abalado com o caso.
“Se eu pudesse falar apenas uma palavra: é
uma tragédia. Uma tragédia para uma menina de 9 anos que tinha autismo, que
frequentava o CEU porque havia festas gratuitas, era de família humilde. E é
uma tragédia para a família do menino de 12 anos.”
De acordo com o delegado, “a
investigação tem prosseguimento, mas conseguimos obter várias informações da
presença do adolescente de 12 anos na cena do crime, além da confissão dele”.
Maturano informou que não descarta outra
pessoa na cena do crime.
Há laudos a serem concluídos e
testemunhas ainda precisam ser ouvidas.
CRONOLOGIA
O delegado Luiz Eduardo de Aguiar
Maturano passou a cronologia da investigação nas últimas 48 horas.
“Desde o início do registro do boletim de
ocorrência houve contradições no depoimento do menino. Inicialmente ele disse
que andava por uma trilha e viu a menina enforcada e avisou a Guarda Civil
Metropolitana (GCM). A criança vítima era então desconhecida. Ele foi até a
delegacia e narrou essa versão.”
Segundo Maturano, a mãe da Raíssa
começou a se preocupar com a filha e acionou a direção do CEU.
“Ela disse que sabia que ela (Raíssa) estava
na companhia do menino em uma barraca de pastel", disse o
delegado.
Ainda de acordo com o delegado, a
família do menino recebeu a informação de que uma criança havia morrido.
“Eles receberam a informação de que tinha uma
criança morta no parque.”
Neste momento é que os pais do menino
têm conhecimento de que se trata da Raíssa.
“A tia chama a mãe do menino e avisa que tem
uma notícia ruim. Ela vai até em casa e houve a confissão do filho.”
CONTRADIÇÕES
Maturano informou que “a mãe
leva o filho para a delegacia novamente. Na delegacia, ele fala que havia um
homem em uma bicicleta verde com várias tatuagens”.
O primeiro conflito com as informações
passadas pelo menino surge a partir do vídeo em que o menino e a vítima
aparecem andando de mãos dadas.
“Conseguimos as imagens. Aí ele diz que
estava com a menina e que foram abordados por um homem. Depois ele fala que
foram de ônibus, mas eles não foram. Foram de mãos dadas.”
Na presença da mãe, o menino disse ter
participado do crime.
“Não deu motivação. Foram à pé, brincaram um
pouco e depois ele a agrediu, a empurrou em uma árvore e depois laçou o pescoço
da menina”, disse o delegado.
Depois o menino desmentiu que havia uma
outra pessoa na hora do crime.
“Às 2h da madrugada ele diz isso. Mas
dependemos ainda do laudo pericial. Representamos pela apreensão e internação
provisória dele. Foi decretada e ele foi enviado para a Vara da Infância.”
O delegado disse que os objetos
apreendidos no local do crime estavam na mochila rosa que ele aparece
carregando no vídeo.
“Uma toalha cor de rosa, uma meia masculina e
um fio dentro da mochila rosa. Apreendemos a camisa dele também.”
Maturano disse que o menino descreveu
como matou a menina.
“Ele bateu nas pernas e no rosto dela. Ela
foi amarrada ainda consciente.”
O delegado informou que o Instituto
Médico Legal (IML) está coletando todas as informações necessárias para
concluir a causa da morte.
PERFIL
DO MENINO
Maturano disse que espera obter um laudo
psicológico do menino, mas que os pais dele informaram que ele dava trabalho em
casa.
“Os pais disseram que é um menino problemático,
com vários relatos de malcriações com professores.”
No depoimento, o delegado também
percebeu isso.
“Ele é muito restrito nas informações, não
demonstrou tristeza.”
O evento era aberto no estacionamento do
CEU.
Não havia controle de entrada de
pessoas.
Não havia policiamento.
“Eles se conheciam, não estudavam juntos, mas
moravam na mesma rua”, disse o delegado.
“A única avaliação que eu faço do caso é que
eu saí da delegacia vazio. É uma tragédia para uma criança e também para a
família do menino. Os pais estão chocados, principalmente a mãe dele, que
demonstrou uma serenidade e uma obrigação de levar o filho para a delegacia”,
disse o delegado.
ADOLESCENTES
ERAM PRÓXIMOS
Raíssa e o menino de 12 anos que
confessou tê-la matado sozinho eram muito próximos, de acordo com vizinhos no
bairro do Morro Doce, Zona Norte da capital.
Os dois moravam na mesma rua, a menos de
cem metros de distância.
A menina Raíssa Eloá Caparelli Dadona,
de 9 anos, foi encontrada morta na tarde de domingo (29/09) no Parque
Anhanguera, na região de Perus, Zona Norte de São Paulo, após desaparecer em
uma festa em um Centro Educacional Unificado (CEU) municipal na região.
A confissão do assassinato ocorreu
durante a madrugada desta terça (1º) na sede do Departamento de Homicídios e
Proteção à Pessoa (DHPP), no Centro de São Paulo.
De acordo com a polícia, o menino se
recusou a dizer a motivação do crime.
Os vizinhos, que preferem não gravar
entrevista, contam que Raíssa e o adolescente de 12 anos brincavam muito na rua
de casa e também no Centro Educacional Unificado (CEU) Anhanguera, de onde
Raíssa desapareceu.
Amigos da família contam que os dois estavam
tão apegados que a mãe de Raíssa levou o menino a um culto, junto com filha, no
mês passado, em uma igreja evangélica no Jardim Britânia.
Raíssa era muito tímida.
Os médicos avaliavam se ela tinha
autismo.
Segundo a família, dificilmente ela
deixaria a companhia da mãe.
Só o apego ao amigo explica ela ter deixado o CEU
Anhaguera para ir até o parque, a pouco mais de dois quilômetros de distância.
Uma câmera de segurança gravou Raíssa de
mãos dadas com o menino, por volta de 12h30 do domingo (29), já perto do parque
Anhanguera.
Eles pegaram um ônibus até ali.
Uma hora e meia depois, o menino
procurou a segurança do parque para dizer que tinha encontrado um corpo.
Raíssa
estava amarrada em uma árvore.
O corpo foi enterrado à tarde no
Cemitério Municipal de Perus sob forte emoção.
O menino prestou depoimento à polícia
três vezes.
A última terminou no início da madrugada
desta terça-feira (1º). A Justiça autorizou a apreensão dele por pelo menos 45
dias.
O menino não voltou para casa. Saiu do
Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) já com os
policiais.
Os pais pegaram outro carro.
Ele será ouvido por promotores do
Departamento de Infância e Juventude do Ministério Público (MP).
E, posteriormente, deve ser encaminhado
a uma das unidades da Fundação Casa, entidade que visa recuperar menores
infratores.
COLEGAS
HOMENAGEIAM RAÍSSA
Na manhã desta terça-feira (1º) os
alunos do Núcleo de Apoio à Inclusão Social para Pessoas com Deficiência
(NAISPD) onde Raíssa Eloá Caparelli Dadona era atendida há cerca de um ano
fizeram uma homenagem à menina de 9 anos.
Eles desenharam a colega e lembranças
com a amiga.
“Ela conseguiu ter vários amigos aqui. e eu
pedi que elas guardassem isso. que eles não tivessem nenhum sentimento de ódio
de rancor, mas que eles conseguissem transmitir a paz”, diz Sandra dos
Santos Gonçalves, gerente do Núcleo de Apoio à Inclusão Social para Pessoas com
Deficiência (NAISPD).
(Por Glauco Araújo, G1 SP — São Paulo)
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