A ministra Maria Thereza de Assis Moura,
vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça, determinou o encaminhamento à
ministra Laurita Vaz do recurso da Procuradoria-Geral da República que pede a
revisão do habeas corpus que livrou da prisão o ex-governador da Paraíba
Ricardo Coutinho (PSB), preso preventivamente na quinta-feira (19/12) na Operação
Calvário/Juízo Final, por supostas propinas de R$ 134 milhões na Saúde.
Laurita
Vaz é relatora do caso na Corte, e só julgará o agravo após o fim do recesso do
Judiciário, em fevereiro.
"Determino, tão logo se inicie o
ano judiciário, o encaminhamento urgente deste recurso à eminente relatora, a
quem caberá a sua análise e, inclusive, eventual reconsideração da decisão
impugnada", escreveu a ministra.
Maria Thereza sustenta que cabe à
relatora a apreciação do agravo no órgão colegiado da Sexta Turma, segundo o
regimento interno do STJ.
"Não vislumbro competência para, em decisão
unipessoal, determinar a procedência de recurso de agravo que deve ser julgado
pelo órgão colegiado, ou reconsiderado pela relatora do feito."
No sábado, 21, durante o Plantão Judiciário,
o ministro Napoleão Nunes Maia Filho determinou a soltura imediata ao
ex-governador da Paraíba.
A decisão ainda favoreceu Claudia Veras, Francisco
Chagas Ferreira e David Clemente Correia. Claudia foi secretária de saúde
durante o governo de Coutinho, Francisco é apontado como "laranja" do
ex-secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão da Paraíba, Waldson Souza, e
David seria operador de uma das organizações envolvidas no esquema.
A ministra ressaltou que o caso possui
uma única relatora, e que a distribuição da análise dos habeas corpus seguiu o
regimento interno. "Portanto, todos os habeas corpus decorrentes da
chamada Operação Calvário possuem uma única relatora, a ministra Laurita Vaz. E
unicamente em razão do término do ano judiciário e cumprindo o que dispõe o
regimento interno desta Corte, os writs distribuídos durante o recesso foram
decididos em regime de plantão."
PGR PEDE URGÊNCIA
No documento, assinado pelo
vice-procurador-geral Eleitoral Humberto Jacques de Medeiros e encaminhado ao STJ
na noite desta segunda, 23, a Procuradoria pede com urgência o restabelecimento
das prisões preventivas do ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, e de
outros três investigados na Operação Calvário.
Ao justificar a importância da
manutenção das ordens de prisão, Humberto Jacques defendeu que as acusações
contra o ex-governador "contam com farto material probatório".
O documento reitera a necessidade da
prisão cautelar para restaurar o Estado de Direito.
Segundo Medeiros, as
cautelares alternativas à prisão "são contraproducentes quando seus
beneficiários são lideranças poderosas de organizações criminosas que já se apoderaram
do Estado".
Ele pedia a revisão do habeas corpus e
"a reunião de todos os habeas corpus da Operação Calvário e prolação de
decisão unificadora do tratamento concedido à Operação".
(Por Pedro Prata, Fausto Macedo e Rafael
Moraes Moura – Terra)
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