O Ministério da Saúde afirmou nesta
quarta-feira (26/02) que está comprovado o caso positivo de coronavírus na capital
paulista.
Este é o primeiro caso da doença no país e em toda a América Latina.
Além dele, há outros 20 casos em
investigação e 59 suspeitas já foram descartadas.
Confira as principais informações:
*Brasil confirmou o primeiro caso de
coronavírus no país
*Trata-se de um homem que mora em SP, tem
61 anos, e veio da Itália
*Ele está em quarentena domiciliar
*30 pessoas da família estão sob
observação
*Além destes casos, há 20 pacientes em
investigação em todo o país
*Outros 59 casos foram descartados
*16 passageiros que estiveram no mesmo
voo devem ser postos em observação – alguns podem ter pego conexão e ido para
outros destinos
De acordo com o ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta, o paciente com Covid-19 chegou ao país vindo da Itália.
Ele
estava assintomático e, depois de alguns dias, procurou um serviço de saúde com
sintomas respiratórios.
Antes, ele havia participado de uma reunião familiar, o
que levou o Ministério da Saúde a colocar 30 pessoas que tiveram contato com
ele em observação.
O secretário de Vigilância em Saúde,
Wanderson Kleber de Oliveira, afirmou que ele é hipertenso e que por ter mais
de 60 anos está entre os pacientes que apresentam maior risco, mas no caso dele
específico, os sintomas são leves e a doença não evoluiu para um quadro mais
grave.
O hospital Albert Einstein registrou a
suspeita, fez um teste, que deu positivo.
O caso foi para o Instituto Adolfo
Lutz para contraprova, que foi concluído em três horas, comprovando a infecção
por coronavírus.
A média de conclusão do exame é de três dias, segundo
Mandetta.
Passageiros não ficarão em quarentena
De acordo com o ministro Luiz Henrique
Mandetta, os passageiros que estavam no avião com o paciente detectado com
Covid-19 não serão postos em quarentena.
Entretanto, 16 passageiros devem ficar
em observação: a partir da poltrona onde o paciente viajava, serão monitorados
os passageiros dos lados e das duas fileiras à frente e atrás.
"Não existe quarentena porque não
existe eficácia nesse tipo de situação", afirmou.
A recomendação é que os passageiros
entrem em contato com a companhia aérea e informem o quadro respiratório e o
local em que viajaram para que se verifique a proximidade que estavam a este
paciente.
Repatriados de Wuhan X caso confirmado
em SP
O ministro da Saúde esclareceu as
diferenças entre os casos dos repatriados de Wuhan, que ficaram em quarentena
em uma base militar em Goiás após chegarem da China, e o caso confirmado de
Covid-19 em São Paulo, que está em quarentena familiar.
Sobre os repatriados, Mandetta disse que
eles vieram de uma região epidêmica e iriam para diversas partes do país, o que
poderia espalhar o vírus caso estivessem infectados.
"É de bom senso que você traga [ao
Brasil] e aguarde 14 dias [para checar os sintomas]", afirmou Mandetta.
Ele relembrou que foram feitos testes antes do embarque e durante a quarentena
– todos deram negativo para a doença.
Já o paciente de SP esteve em trânsito
quando estava assintomático e já estava em casa quando apresentou os sintomas.
"Você levar este paciente para
dentro de um ambiente hospitalar só aumenta as chances de outros pacientes, em
estado debilitado, serem acometidos", afirmou.
"O isolamento domiciliar é o mais
recomendado [para casos leves]. Temos que levar pessoas com quadro respiratório
grave para o ambiente hospitalar, mas não pessoas que estão com resfriado, em
bom estado geral, se alimentando, com febre baixa e que usam qualquer um desses
antitérmicos [para aliviar os sintomas]", afirmou Mandetta.
Providências
Mandetta afirmou que não serão alterados
procedimentos nos aeroportos ou bloqueios a países suspeitos, devido ao grande
número de conexões nos voos.
"Não existe nenhuma tecnologia que possa nos
dizer que quem está dentro de um avião possa estar com o vírus ou não", disse.
"A regra continua sendo: se tem
sintomas, não viaje. Viajou? Informe as autoridades quando chega. Passou 14
dias da chegada, se sentir sintomas, procure a rede de saúde da sua
cidade."
"Essa é mais uma gripe que o mundo
vai ter que atravessar. O mundo não tem fronteiras. Não tem como parar uma
pessoa em um lugar. Como todo vírus, a medida de melhor controle é por etapas,
é termos agilidade [no diagnóstico]", afirmou Mandetta.
"O sistema
[de saúde] brasileiro fez tudo com muita agilidade."
O ministro reforçou
que há pacientes assintomáticos que transmitem a doença, e não há eficácia na
testagem de temperaturas, por exemplo.
"Já passamos por epidemias
respiratórias graves, como a H1N1. (...) Vamos passar por essa situação
investindo em soluções, ciência e informação. [A recomendação é] Higiene,
evitar aglomerações desnecessárias, cuidados de etiqueta respiratória, o
brasileiro precisa aumentar o número de vezes que lava a mão", afirmou
Mandetta.
"Passamos a uma nova fase de
providências, no sentido de mitigar os efeitos da doença em SP e em todo
Brasil. Nosso comitê de emergência está reunido em SP, e de tarde vamos nos
juntar a eles para falar sobre o que deve ser feito. Não muda muito com relação
aos casos suspeitos, mas agora temos uma patologia confirmada", afirmou o
ministro.
Segundo Mandetta, é possível que o
número de casos suspeitos aumente no Brasil, porque aumentou o número de países
com mortes.
"Estamos na fase de contenção, que
é evitar que o vírus se espalhe. Caso se espalhe, vamos para a fase de
mitigação", afirmou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber
de Oliveira.
O coronavírus é conhecido desde 1960.
A
doença provocada pelo novo coronavírus, chamada de Covid-19, está sendo
investigada, mas apresenta gravidade moderada a leve, segundo o Ministério da
Saúde.
Cada pessoa infectada pode transmitir
para duas ou três pessoas, em alguns casos chegando a sete.
Segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), o período de incubação varia de 0 a 14
dias, mas já há estudos apontam que os sintomas aparecem de 9 a 10 dias.
Um estudo feito com 44 mil pessoas com
casos confirmados apontou que a maioria dos infectados tinha idade entre 40 e
69 anos.
Destes, 1.023 morreram.
Os quadros mais graves deste estudo apareceram
em pessoas acima de 60 anos.
Caso em SP
O Hospital Albert Einstein, na Zona Sul
da capital paulista, registrou em 25 de fevereiro a notificação do caso
suspeito de um homem de 61 anos.
Ele é brasileiro e viajou para o norte da
Itália entre 9 e 21 de fevereiro.
O paciente tem sinais brandos da doença, como
tosse, e está em isolamento domiciliar.
"O paciente encontra-se em bom
estado clínico e sem necessidade de internação, permanecendo em isolamento
respiratório que será mantido durante os próximos 14 dias. A equipe médica
segue monitorando-o ativamente, assim como as pessoas que tiveram contato
próximo com ele", diz nota do Hospital Albert Einstein
Segundo o Ministério da Saúde, no
atendimento, o hospital adotou todas as medidas preventivas para
transmissão por gotículas, coletou amostras e realizou testes para vírus
respiratórios comuns e o exame específico para SARS-CoV2 (RT-PCR, pelo
protocolo Charité), conforme preconizado pela Organização Mundial de Saúde
(OMS).
Com resultados preliminares realizados
pela unidade de saúde e de acordo com o Plano de Contingência Nacional, o
hospital enviou a amostra para o laboratório de referência nacional, Instituto
Adolfo Lutz, para contraprova, que deu positivo.
O paciente viajou para a região da
Lombardia (norte do país), a trabalho, sozinho, no período de 9 a 21 de fevereiro.
Iniciou com sinais e sintomas (Febre, tosse seca, dor de garganta e coriza)
compatíveis com a suspeita de Doença pelo Coronavírus 2019 (Covid-19). O
paciente está bem, com sinais brandos e recebeu as orientações de precaução
padrão.
A SES/SP e SMS/SP estão realizando a
identificação dos contatos no domicílio, hospital e voo, com apoio da Anvisa
junto à companhia aérea, diz a nota do Ministério da saúde.
Centro de monitoramento
As autoridades
sanitárias de São Paulo orientam que os pacientes com os sintomas da doença
procurem o serviço de saúde mais próximo, caso apresentem febre, dificuldade
para respirar, tosse ou coriza, associados a aspectos epidemiológicos como
histórico de viagem em área com circulação do vírus ou contato próximo a algum
caso suspeito ou confirmado laboratorialmente para coronavírus.
Para acompanhar
esses casos suspeitos, o governo de São Paulo anunciou a criação de um centro
de operações de emergência, que funcionará 24 horas por dia, controlando os
registros do coronavírus em todo o estado.
O plano de ação,
lançado em parceria com a Prefeitura de São Paulo, integrará profissionais de
todos os municípios e inclui a compra de equipamentos de proteção para
funcionários de saúde.
Dicas de
Prevenção
*Cobrir a boca e
nariz ao tossir ou espirrar;
*Utilizar lenço
descartável para higiene nasal;
*Evitar tocar
mucosas de olhos, nariz e boca;
*Não compartilhar
objetos de uso pessoal;
*Limpar
regularmente o ambiente e mantê-lo ventilado;
*Lavar as mãos
por pelo menos 20 segundos com água e sabão ou usar antisséptico de mãos à base
de álcool;
*Deslocamentos
não devem ser realizados enquanto a pessoa estiver doente;
*Quem for viajar
aos locais com circulação do vírus deve evitar contato com pessoas doentes,
animais (vivos ou mortos), e a circulação em mercados de animais e seus
produtos.
Nota do Hospital
Albert Einstein
"O Hospital
Israelita Albert Einstein informa que recebeu na noite do dia 24 de fevereiro,
na Unidade Morumbi, em São Paulo, um paciente com sintomas semelhantes aos do
Covid-19, sendo confirmada a infecção viral pelo novo coronavírus após a
realização do teste PCR em tempo real.
Na manhã do dia 25 de fevereiro o caso
foi notificado à Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo.
A equipe
assistencial do Pronto Atendimento seguiu com rigor todos os protocolos
estabelecidos pelo Ministério da Saúde, Organização Mundial de Saúde (OMS) e
Centers for Disease Control and Prevention (CDC-EUA), para oferecer o
atendimento apropriado e garantir a segurança do paciente e de todos os
profissionais envolvidos.
O paciente
encontra-se em bom estado clínico e sem necessidade de internação, permanecendo
em isolamento respiratório que será mantido durante os próximos 14 dias.
A
equipe médica segue monitorando-o ativamente, assim como as pessoas que tiveram
contato próximo com ele.
Desde o início
da epidemia mundial, o Hospital Israelita Albert Einstein mantém uma agenda
ativa de monitoramento do avanço de novos casos e evolução do cenário mundial.
O Hospital, que conta com os mais avançados recursos diagnósticos e
assistenciais para os atendimentos que se fizerem necessários, inclusive os
mais graves, vem atuando no treinamento intensivo de seus colaboradores com o
objetivo de assegurar a oferta de atendimento adequado, bem como a segurança de
pacientes, familiares e funcionários.
O Hospital
Israelita Albert Einstein reforça que os padrões de conduta em todas as
situações têm como foco preservar a segurança de todos os pacientes da
instituição e manter a excelência nos atendimentos de qualquer
natureza",diz a nota.
(Por Elida Oliveira e Brenda Ortiz, G1 e
G1 DF)
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