A Associação Nacional dos Delegados de
Polícia Federal (ADPF) encaminhou neste domingo (26/04) uma carta pública ao
presidente Jair Bolsonaro, na qual a entidade pede autonomia financeira para a
PF e o estabelecimento de um mandato para o diretor-geral da instituição.
A associação também solicita que
Bolsonaro firme um compromisso público dizendo que o novo diretor-geral terá
"total autonomia" para formar equipe, sem obrigações de repassar
informações ao governo federal e abrir ou intervir em investigações conforme
interesses políticos.
De acordo com a entidade, a adoção das
medidas contribuirá para a "dissipação de dúvidas" sobre as intenções
de Bolsonaro em relação à Polícia Federal.
Ingerências sobre o comando da PF
motivaram o pedido de demissão do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, na última
sexta-feira (24).
Depois de um ano e quatro meses, Moro
deixou a pasta e disse que o presidente Jair Bolsonaro tentava interferir
politicamente na PF, órgão ligado ao Ministério da Justiça.
Na sexta-feira, Moro exibiu à TV Globo reprodução de conversa que teve
com Bolsonaro, na qual o presidente sugere troca no comando da PF em razão de
investigações que envolvem aliados do chefe do Executivo.
Após Moro pedir demissão do Ministério
da Justiça, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes
determinou que a Polícia Federal mantenha, em seus postos, os delegados que
investigam possível esquema ilícito de divulgação de fake news e financiamento de pautas antidemocráticas.
Procurada pela TV Globo, a assessoria do Palácio do Planalto disse que não
comentará a carta da ADPF.
Na carta pública, a ADPF também
apresenta explicações sobre a prerrogativa para a nomeação do diretor-geral da
PF, sobre o acesso a informações de investigações, sobre a competência para a
solicitação de investigações, e sobre a apuração da facada que Bolsonaro levou
durante campanha presidencial de 2018.
Na sequência, a associação afirma:
"Provavelmente se as premissas e esclarecimentos acima tivessem sido
compreendidos e corrigidos os possíveis entraves de comunicação entre vossa
excelência e a Polícia Federal, os fatos que presenciamos nesta semana não
teriam ocorrido e não estaríamos vivenciando as circunstâncias atuais. Da
maneira como ocorreu, há uma crise de confiança instalada, tanto por parte de
parcela considerável da sociedade, quanto por parte dos delegados de Polícia
Federal, que prezam pela imagem da instituição. Nenhum delegado quer ver a PF
questionada pela opinião pública a cada ação ou inação. Também não quer
trabalhar sob clima de desconfianças internas".
OUTROS
PEDIDOS
Além do compromisso público de
Bolsonaro, a associação pede que Bolsonaro encaminhe com urgência um projeto,
ao Congresso Nacional, a fim de fixar mandato para o diretor-geral e que a
escolha seja feita mediante lista previamente apresentada pelo conjunto de
delegados ao presidente da República, com a realização de sabatina.
Essa proposta de lei deverá prever
garantia de autonomia para o diretor-geral da PF, que poderá nomear e exonerar
os titulares dos dos cargos internos da PF.
"Tais medidas irão construir um ambiente institucional menos tenso e,
certamente, constituirão um legado de seu governo para o Brasil, contribuindo
para a dissipação de dúvidas sobre as intenções de vossa excelência em relação
à Polícia Federal", diz a associação.
TRECHOS
DA CARTA
Na carta, a entidade diz que não há
previsão legal de comunicações pessoais, gerais e diárias ao presidente da
República.
Na última sexta-feira, Bolsonaro disse
que queria que Moro fornecesse relatórios diários das atividades da PF para
"poder bem decidir o futuro dessa
nação".
Em uma rede social neste domingo,
Bolsonaro disse que nunca houve pedido sobre investigações sigilosas em
andamento.
Ele afirmou também que sempre lhe foi
negado acesso a "conhecimento de inteligência produzido nos
termos da lei".
Veja a seguir outros trechos da carta
encaminhada pela ADPF a Bolsonaro:
"Embora
seja absolutamente verdadeira a premissa de que a legislação reservou ao
Presidente da República a nomeação do Diretor-Geral da Polícia Federal,
trata-se de um pilar do Estado Democrático de Direito que o estadista se limite
a escolher o comand.ante da instituição, sempre buscando o delegado mais
preparado técnica, moral e psicologicamente para a função."
"Sobre
a investigação relacionada ao atentado [facada] contra vossa excelência. O
inquérito recebeu total atenção da PF, e seguiu em caráter prioritário em razão
de ser um crime contra a segurança nacional e a própria democracia. A
comparação em relação a outros crimes [caso Marielle Franco] é injusta com o
órgão, pois cada investigação tem as suas características e dificuldades
concretas e próprias."
"O
contexto criado pela exoneração do comando da PF e pelo pedido de demissão do
Ministro Sérgio Moro imporá ao próximo Diretor um desafio enorme: demonstrar
que não foi nomeado para cumprir missão política dentro do órgão. Assim, existe
o risco de enfrentar uma instabilidade constante em sua gestão. O último
comandante da PF que assumiu o órgão em contexto semelhante teve um período de
gestão muito curto."
NOVO
DIRETOR
De acordo com a colunista do G1 Cristiana
Lôbo, Bolsonaro já escolheu Alexandre Ramagem para ser o novo diretor-geral da
PF no lugar de Maurício Valeixo, que foi indicado por Moro.
Na Polícia Federal desde 2005, Ramagem
chefiou a equipe de segurança de Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018
e, desde então, se tornou amigo próximo da família do presidente.
No réveillon de 2019, o delegado da PF
foi fotografado ao lado de Carlos Bolsonaro, filho do presidente, durante a
comemoração.
Em 2019, Ramagem foi assessor na
Secretaria de Governo e, em julho, foi escolhido por Bolsonaro para ser diretor
da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
(Do G1)
MUITO BEM, MEU CAPITÃO. INFELIZMENTE TUDO INDICA QUE AINDA TEMOS COMPONENTES NA INSTITUIÇÃO, QUE LAMENTAVELMENTE REZAM PELA CARTILHA DOS ESQUERDISTAS. MAS, NÃO ADIANTA. TEMOS DECRETOS E LEIS QUE TEM QUE SER RESPEITADOS, PRINCIPALMENTE PELOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA, QUE DEVERIAM DAR O EXEMPLO. AGUARDEMOS ESTE NOVO CHEFE E TENHAMOS ESPERANÇA DE DIAS MELHORES.
ResponderExcluirE SEMPRE LEMBRANDO À ALGUNS DELEGADOS E SUPERINTENDENTES, QUE TANTO CLAMAM POR AUTONOMIA, QUE O CHEFE É O PRESIDENTE DA REPÚBLICA. GOSTANDO OU NÃO !