Pragmático e sem ideologia, o
Centrão é um fenômeno do vício governista que sobrevive às mudanças na história
política do País.
O grupo de partidos demonizado em
manifestações de rua de 2013 a 2018 e, num período mais recente, por redes
sociais bolsonaristas, é agora um convidado ilustre das negociações no Palácio
do Planalto.
Visto como fiador da estabilidade em
qualquer governo, o bloco informal da Câmara flutua ao sabor das ondas e
conveniências da política.
O “núcleo duro” do Centrão é formado por
Progressistas, Republicanos, PL, PSD, Solidariedade, PTB e DEM, embora Rodrigo
Maia (RJ), que comanda a Câmara e é filiado ao partido, esteja em rota de
colisão com o presidente Jair Bolsonaro.
O MDB, por sua vez, é um “aliado irmão”
do bloco.
Bolsonaro mantém, ainda, conversas
avulsas com integrantes de legendas menores, que orbitam como satélites do
Centrão. Estima-se que o grupo reúna, atualmente, pelo menos 200 dos 513
deputados.
Cálculos dos próprios partidos indicam
que a taxa de governismo do Centrão, hoje, está em torno de 90%.
O Centrão da vez é o de políticos com
histórico de traições e demonstrações de “toma lá dá cá”.
Nele estão tanto o presidente do PSD,
Gilberto Kassab – que num mesmo dia teve conversas políticas com Bolsonaro e
com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de quem é secretário
licenciado da Casa Civil –, como o senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI).
Kassab nega fazer parte do grupo.
No dia da votação do impeachment de
Dilma Rousseff, em 2016, Ciro tomou café com a presidente e, horas depois,
apoiou o afastamento dela.
Integrantes do bloco dificilmente se
identificam com agendas ideológicas.
O apetite por cargos do governo e o
interesse em ver atendidas reivindicações em defesa de grupos econômicos ou
prefeituras de grotões são marcas de suas identidades.
Quando era deputado federal, Bolsonaro
fez carreira no Centrão. Ao longo de sete mandatos na Câmara, ele adotava um
discurso quase exclusivo da classe militar, longe de ideologias, e passou por
alguns dos partidos do grupo que hoje pode servir de esteio para sua
sobrevivência no Planalto.
Foi do PTB, PFL (atual DEM) e PP (hoje
Progressistas).
Neste último, permaneceu 11 anos, sem
contar o início da trajetória parlamentar nos extintos PDC, PPR e PPB, que
deram origem à sigla.
DESPACHANTE
O bloco atua por excelência na defesa do
lobby de bancos e grandes grupos econômicos, mas é na condição de “despachante”
de prefeituras do interior que ele enfrenta mais críticas.
Casos de negociatas envolvendo seus
integrantes ocorrem tanto no serviço para grandes empreiteiras como para
prefeitos sem influência.
Além disso, o Centrão é cria da
concentração de recursos pela União.
Num País onde todos os setores querem
abocanhar ao máximo o dinheiro público, o bloco tem entre suas missões ajudar
municípios carentes a fisgar parcerias com o governo federal.
Maiorias de posições de centro,
pragmáticas e governistas, sempre deram as cartas no Parlamento.
Eleito presidente da República pelo
Colégio Eleitoral, em 1985, Tancredo Neves admitiu certa vez que o PSD, um de
seus partidos, adotava a política dos conchavos entre os anos 1940 e 1960.
“Entre a Bíblia e O Capital (livro de Karl
Marx), o PSD fica com o Diário Oficial”, disse ele.
O nome Centrão, no entanto, só vingou no
tempo da Constituinte, em 1987 e 1988, quando um grupo de parlamentares
voltados para o mercado financeiro, o agronegócio e os municípios decidiu
buscar poder num caminho do meio entre progressistas e conservadores.
“É
DANDO QUE SE RECEBE”
Recentemente, recebeu a denominação de
“velha política”.
Na Constituinte de 1988, uma ala do PMDB
(atual MDB) que queria pressa no atendimento de suas reivindicações – e não se
identificava nem com os progressistas liderados por Fernando Henrique Cardoso e
Mário Covas, nem com os conservadores – buscou vida própria.
O presidente José Sarney aproveitou a
aproximação do grupo e garantiu cinco anos de mandato numa relação com o
Congresso marcada pela famosa frase do ex-ministro Roberto Cardoso Alves (SP),
um dos primeiros líderes do Centrão: “É dando que se recebe”.
Retirada da oração de São Francisco de
Assis, a frase virou a senha do fisiologismo.
Os integrantes originais do bloco
pertenciam, em sua maioria, a partidos como PFL (atual DEM), PDS (hoje
Progressistas), PMDB, PTB e PDC. Por afinidades e nacos do governo, parte do
grupo deu suporte a Sarney e nunca mais se desgrudou do Planalto.
A última megabancada de um partido do
Centrão foi eleita em 1998 pelo PFL, com 105 deputados.
Era o auge do carlismo, grupo do
ex-senador e ex-governador baiano Antônio Carlos Magalhães, presidente do
Senado.
Na Câmara, o Centrão ainda viveria
alguns relances de poder, como a eleição em 2005 do baixo clero, simbolizado
pela presidência do ex-deputado Severino Cavalcanti (PP-PE).
O grupo derrotou o Planalto por divisões
no PT do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mas uma sequência de escândalos de
corrupção, com destaque para o mensalão, em 2004 e 2005, e a Operação Lava
Jato, entre 2014 e 2018, atingiu não apenas o PT como partidos do Centrão –
entre eles, o mais impactado foi o PP.
CUNHA
O Centrão ganhou mais musculatura em
2015, quando o então deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) foi eleito presidente da
Câmara no primeiro turno, derrotando o petista Arlindo Chinaglia (SP), nome
bancado pelo Planalto.
Cunha conseguiu reunir insatisfeitos da
base aliada do governo de Dilma Rousseff e especialmente de seu partido, o MDB,
que tinha o vice Michel Temer.
Ele agregou, ainda, o PSC do pastor
Everaldo, o PP de Arthur Lira (AL) e parte considerável das bancadas do
agronegócio, evangélica e das armas.
No comando da Câmara, Cunha apresentou
pautas “bombas” contra o governo e abriu o processo de impeachment de Dilma.
A queda do deputado, preso no âmbito da
Operação Lava Jato, não desarticulou o bloco por completo, mas iniciou uma
disputa por quem seria o seu sucessor.
Na eleição seguinte para a presidência
da Câmara, em 2017, Rodrigo Maia venceu como “independente” com o DEM, PSDB,
PPS e PSB, além de aliados na esquerda e a simpatia do Planalto. Derrotou
Rodrigo Rosso (PSD-DF), candidato de Cunha.
Em 2018, o Centrão rejeitou Bolsonaro no
primeiro turno e apoiou o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, candidato
do PSDB ao Planalto.
Derrotado, o bloco se dividiu no segundo
turno. Uma ala do PP e do PL ficou com o petista Fernando Haddad, assim como o
Solidariedade, enquanto o DEM e o Republicanos declararam apoio a Bolsonaro.
Com o PT e o PSL no comando das maiores
bancadas da Câmara eleitas naquela disputa, os demais partidos se
reorganizaram.
O novo Centrão, rebatizado de “Blocão”,
aderiu à reeleição de Maia, em 2019.
Ao prever que Arthur Lira (PP-AL), um
dos líderes do Centrão, poderia traí-lo, Maia costurou aliança com o PSL de
Bolsonaro por meio do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Houve um acordo com Lira na composição
da Mesa, hoje dominada principalmente pelo DEM, Republicanos e PL.
No capítulo mais recente da história do
bloco, Maia brigou com Guedes.
O Planalto procurou, então, Lira, Marcos
Pereira (Republicanos) e Valdemar Costa Neto, chefe do PL, para conversar.
Bolsonaro sempre transitou entre esses
três partidos.
Em 2018, quase fechou com Valdemar uma
aliança com o então senador Magno Malta (ES) para sua chapa à Presidência.
Mas até hoje ele diz ser contra a “velha
política”.
(Por Felipe Frazão/Estadão)
ESTE SITE AGRA É FILIADO À REDE GLOBO TAMBÉM ????
ResponderExcluirPelo que estou acompanhando deste site está saindo muita notícia negativa sobre o governo federal, se não fosse as ajudas que ele vem liberando ninguém sabe como ia ficar.
ResponderExcluirMUITO BEM, AMIGO. ACHO QUE A GLOBO COMPROU ESTE SITE !!!
ExcluirAqui no site vi a notícia sobre a prefeitura instalar toldos e disponibilizar cadeiras para o pessoal na fila da caixa, muito louvável está iniciativa, porém esse dinheiro que a prefeitura está gastando, não seria de responsabilidade da caixa econômica, e esse dinheiro ser investido em outra coisa da prefeitura.
ResponderExcluirEssa ajuda que o governo está enviando não é mais que a obrigação, diga se de passagem ainda está pouco em meio a pandemia, outra coisa falar algo negativo sobre o cagão que ensistem em chamar de presidente não é difícil pois ele só faz merda.
ResponderExcluirCOMO AINDA TEM GENTE ALIEBADA BURRA QUE DEFENDE A DESGRAÇA BOLSONARO. BOLSONARO É O PRESIDENTE DA ELITE ESTE HOMEM ATÉ AGORA NÃO FEZ NADA A FAVOR DA POPULAÇÃO POBRE .SEM FALAR NAS MANIFESTAÇÕES QUE SÓ TEM RICOS BANDIDOS AGREDINDO PROFISSIONAIS DA SAÚDE JORNALISTAS MONTE DE BANDIDOS A TURMA DOS MILICIANOS
ResponderExcluirMAIS UM PETISTA ANALFABETO PASSANDO FOME. CORRE E VAI BUSCAR SEUS 600,00. FOME ZERO !!!
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