A crise do coronavírus, que atingiu a
economia brasileira, fez com que a ideia de "imprimir dinheiro"
ganhasse apelo entre economistas e especialistas como uma das formas de o país
sair deste momento com os menores impactos econômicos possíveis.
A ideia, que
sempre foi refutada pela teoria econômica, ganhou apoio de profissionais
reconhecidos no Brasil, como o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles e os
economistas André Lara Resende e Pérsio Arida, por exemplo, como forma de
reanimar a economia.
O presidente do Banco Central, Roberto
Campos Neto, no entanto, descartou a medida.
De acordo com ele, aumentar a
massa monetária pode ser perigoso, pois haveria o risco de inflação.
"Eu
acho que a saída não é por aí. É uma ideia, estamos sempre dispostos às ideias,
mas hoje nós não entendemos que seja a melhor saída", disse. Segundo o BC,
nenhuma medida acerca da flexibilização da base monetária ainda foi tomada.
Economistas ouvidos pelo UOL, porém, refutam a ideia de existir pressão
inflacionária neste momento dado o baixo nível da atividade econômica atual.
NÃO
SE TRATA DE CRIAR MAIS NOTAS
Apesar de o imaginário popular crer que
a tarefa de imprimir dinheiro passe pela geração de novas cédulas físicas, não
é exatamente sobre isso que a discussão atual trata.
De acordo com Simão
Silber, professor de economia da USP (Universidade de São Paulo) e doutor em
economia Universidade Yale, nos Estados Unidos, a proposta debatida por
economistas é para que o governo amplie a base monetária, injetando liquidez na
economia.
Quando alguém compra um título de uma empresa está emprestando
dinheiro a ela.
Depois pode trocar o título para recuperar o dinheiro. Segundo
Silber, a maneira mais simples é o BC comprar títulos de instituições financeiras
para deixar mais dinheiro para bancos e empresas emprestarem.
Há também a possibilidade de o governo
aumentar o dinheiro em circulação comprando recebíveis e dívidas das empresas,
como forma de aliviar as contas. Isso deixaria um montante maior livre para que
a roda da economia voltasse a rodar.
Outra possibilidade é o Tesouro emitir
novos títulos públicos e oferecer ao mercado e ao próprio BC.
MEDIDAS
SERIAM POSITIVAS?
Segundo os economistas ouvidos pelo UOL,
o governo poderia, sim, aumentar o dinheiro em circulação para ajudar o país a
sair da crise, tomando apenas alguns cuidados.
"O nosso cenário é de uma
retração tão forte e violenta, que a emissão de moeda vai simplesmente devolver
a economia a uma certa normalidade e, mesmo assim, abaixo da ideal", disse
Sillas de Souza Cézar, professor de economia da Faap.
De acordo com Cézar, o governo optar por
não realizar essa estratégia faz com que a economia seja muito abalada,
principalmente no curto prazo, atingindo emprego e renda dos brasileiros.
O principal argumento do BC é que essa
ampliação da base monetária traria o risco de uma inflação maior. Segundo
Silber, no entanto, a atividade econômica está em um nível tão baixo que não há
esse risco.
"Não há problema inflacionário. A economia parou, já são quase
três meses consecutivos com deflação, com os preços na média caindo. E assim
sucessivamente. Há 12 anos, desde 2008, em uma grande crise econômica, emissão
de moeda não tem problema agora", afirmou.
AMPLIAÇÃO NÃO PODE SER ETERNA
Para Juliana Inhasz, economista e
coordenadora da graduação em economia no Insper, a discussão é positiva, mas o
ponto principal é a manutenção dessa política por um período prolongado, o que
seria negativo ao Brasil no longo prazo.
(Uol)
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