Cobrado por investidores brasileiros e
estrangeiros, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, admitiu, nesta
segunda-feira (13/07) que o governo Jair Bolsonaro demorou a tomar as medidas
necessárias para combater o desmatamento na região amazônica.
Segundo ele, as ações ocorreram com
cerca de cinco meses de atraso.
Mourão também considera que os índices
de desmatamento na Amazônia Legal chegaram a um patamar inaceitável em 2019 e
que este ano ainda não será melhor do que o anterior.
"Em termos de desmatamento, não
será melhor (em 2020) do que no ano passado, posso dizer isso tranquilamente
porque nós deveríamos ter começado o combate ao desmatamento em dezembro do ano
passado ou, no mais tardar, em janeiro deste ano. Fomos começar em maio, o
Conselho (da Amazônia) foi criado só em fevereiro", disse o
vice-presidente durante videoconferência promovida pela Genial Investimentos.
Mourão destacou que também não havia
recursos suficientes para atuar no combate ao desmatamento.
"Vamos lembrar que estamos com
todos os recursos do governo carreados para o enfrentamento da pandemia (da
covid-19). Até agora não tínhamos conseguido nenhum recurso extra para as
operações que estão sendo realizadas", disse.
"Em termos de desmatamento não
será melhor (este ano), mas, em termos de (diminuição das) queimadas, sim",
acrescentou Mourão.
Na semana passada, o Estadão revelou que
a operação Verde Brasil 2, anunciada no início de maio, executou, até o
momento, apenas 0,7% de seu orçamento previsto, um engessamento que tem
impactado diretamente a operação e que já paralisa ações planejadas em campo.
Segundo o vice-presidente, que também
comanda o Conselho da Amazônia, o Brasil começou a registrar um aumento
expressivo no desmatamento e nas queimadas a partir de 2012, o que se
intensificou no ano passado e gerou forte reação internacional. "Até
que, no ano passado, tivemos uma alta bem grande do desmatamento e que chamou
atenção do resto do mundo a esse respeito", declarou Mourão.
"O que nós erramos, vamos colocar
assim... Em primeiro lugar, a gente não nega que houve desmatamento além do que
pode ser considerado aceitável, dentro dos 20% de cada propriedade rural e fora
das unidades de conservação e de terras indígenas. A primeira coisa é aceitar
que ultrapassou o limite essa questão do desmatamento", admitiu.
Mourão voltou a justificar as falhas no
desempenho do governo na área ambiental devido a uma suposta perda de
capacidade operacional do Ibama e do ICMBio.
"Recebemos no nosso governo, tanto
Ibama como ICMBio com 50% do seu efetivo, e o que sobra não está destinado
totalmente para a Amazônia. O efetivo na Amazônia é muito reduzido."
Ele também defendeu que o governo tem
que adotar medidas com o apoio das Forças Armadas "para dar mais corpo na
atividade de fiscalização" na Amazônia Legal.
"Temos que também avançar em
outros temas fundamentais que são regularização fundiária, pagamento por
serviços ambientais e investimento na bioeconomia", disse.
O vice-presidente relembrou o encontro
com representantes de fundos internacionais e com empresários brasileiros na
semana passada.
"Uma vez que o Brasil resgate a
sua vocação, o seu papel, como um grande ator do meio ambiente, que é o que nós
somos, nós temos todos os meios para nos apresentarmos como um player de nível
excelente perante o mundo em relação ao meio ambiente", afirmou
Mourão.
(Estadão)
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