O Centro de Controle de Epidemias do Imperial College, instituição científica de Londres, divulgou que o Brasil alcançou nesta semana a maior taxa de transmissão da covid-19 desde maio.
O chamado ritmo de contágio (RT) chegou
a 1,30 segundo os dados do instituto, o que significa que 100 pessoas
infectadas transmitem a doença para 130.
O número diz respeito à semana iniciada
nesta segunda-feira (23/11) e é o maior detectado pelo College desde a semana
do dia 24 de maio, quando estava em 1,31.
Pela margem de erro das estatísticas
britânicas, a taxa pode estar entre 0,86 e 1,45.
Logo, 100 pessoas infectadas passam o
novo coronavírus para no mínimo 86 e, no máximo, 145 pessoas.
Segundo os analistas, a ritmo de
contágio acima de 1,00 significa que a doença está avançando, uma vez que um
doente infecta mais de uma pessoa.
Por outro lado, o RT abaixo de 1,00
indica uma diminuição da velocidade da taxa de transmissão.
Segundo o Imperial College, o Brasil
passou cinco semanas seguidas, entre setembro e outubro, com o ritmo de
contágio abaixo de 1,00.
A menor taxa foi registrada há duas
semanas (0,68), que coincidiu com a semana na qual houve um problema no sistema
de dados do Ministério da Saúde (MS) que, segundo o órgão, atrasou a
atualização da pandemia.
Na segunda-feira da semana passada (16)
o RT ficou em 1,10. Segundo o MS, até esta segunda (23), o Brasil tem 6.087.608
casos confirmados e 169.485 mortes pela covid-19.
O país vive uma alta da média de mortes
nas últimos dias, chegando a 496 por dia segundo o consórcio de veículos de
imprensa, em análise feita com base nos dados oficiais das secretarias
estaduais de saúde, quantidade 50% maior que a média há duas semanas.
O mesmo consórcio registrou o aumento
considerável na média diária de mortes em três regiões: Sudeste (118%),
Centro-Oeste (42%) e Sul (19%).
Os dados batem com as estatísticas do
Observatório de Síndromes Respiratórias da Universidade Federal da Paraíba, que
analisa o ritmo de contágio nos Estados brasileiros.
Segundo a UFPB, quatro dos seis Estados
com as maiores taxas são de Sudeste ou Sul: São Paulo (1,32), Paraná (1,28),
Santa Catarina (1,25) e Rio de Janeiro (1,23).
ALERTA
NOS HOSPITAIS E TESTES
Com o maior ritmo de contágio do Brasil
e na região onde a média móvel de mortes mais cresce, São Paulo tem até hoje
1.210.625 casos confirmados e 41.276 mortes pela covid-19.
Os dados apresentados na semana passada
pelo Governo já chamavam a atenção: casos, internações e mortes vinham de duas
semanas de aumento e já eram os maiores em dois meses de registro.
O que mais preocupa a equipe de saúde do
governador João Doria é a ocupação dos leitos de UTI do Estado.
Nos números apresentados ontem pelo
Governo, a taxa estava em 47,4% no Estado e 55,2% na Grande SP.
Já é uma ocupação 17% maior que a semana
passada, que por sua vez era 18% maior do que a anterior.
“O vírus não estaciona, ele acelera quando
não há cuidado. Nada contra os momentos de alegria, mas estamos perdendo vidas
todos os dias no Brasil. Aqueles que querem conviver devem se proteger”,
discursou Doria na última quinta-feira (19).
Apesar de minimizar algumas vezes o
risco da segunda onda no Estado ao garantir que a nova crise sanitária europeia
tem relação com o clima mais frio no hemisfério norte nesta época do ano, a
equipe de saúde de Doria tomou providências frente aos aumentos.
Na semana passada, o secretário de
Saúde, Jean Gorinchteyn, informou a publicação de um decreto que impede a
desmobilização de qualquer leito de UTI ou enfermaria destinados à covid-19
para outros atendimentos de todos os hospitais, públicos e privados, e suspende
novos agendamentos de cirurgias eletivas.
O objetivo é reservar leitos para a
covid-19 frente a uma possível alta ainda maior.
“Precisamos entender como essa curva se
comportará. Esse decreto nos dá tempo para analisar e tomar medidas mais
definitivas”, justificou Gorinchteyn.
Nesta segunda-feira (23), o secretário
voltou a dizer que “algumas informações ainda estão sendo inseridas no sistema para que
possamos analisá-las e, aí sim, instituir medidas de maneira mais efetiva”.
O Governo marcou uma entrevista coletiva
para reclassificação das regiões paulistas de acordo com o plano de retomada
econômica e possível anúncio de novas medidas restritivas para o dia 30 de
novembro, um dia após o segundo turno das eleições municipais.
São Paulo não é caso isolado.
A taxa de ocupação de leitos de UTI para
covid-19 pelo Sistema Único de Saúde (SUS) chegou a 92% na cidade do Rio de
Janeiro no domingo.
É a maior ocupação desde 12 de junho
deste ano, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, informou a Agência Brasil.
A ocupação dos leitos de tratamento
intensivo, que chegou a baixar para 59% em meados de agosto, estava na faixa
dos 80% desde o início de novembro.
Além disso, o Ceará, cujo sistema de
saúde também se viu pressionado no primeiro semestre, também vive um repique.
De acordo com o jornal O Povo, a taxa de
ocupação de leitos intensivos em Fortaleza chega a 56%, mas no interior a
situação é pior.
Na região conhecida como Sertão Central,
onde Canindé é uma cidade de referência, a taxa de ocupação é de 90%.
(El País)
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