O Setor de Investigações Gerais da Central de Polícia Judiciária de Bauru (SP) abriu uma apuração sobre ataques racistas nas redes sociais contra a prefeita eleita, Suéllen Rosim (Patriota).
As mensagens foram divulgadas em um
grupo de WhatsApp e chegaram ao conhecimento dela, que registrou um boletim de
ocorrência após o segundo turno neste domingo (29/11).
De acordo com o delegado Eduardo Herrera
dos Santos, o caso é investigado como injúria racial.
Ainda não foram identificados os
suspeitos.
"Vamos ouvir a prefeita eleita nos
próximos dias, realizar oitivas e juntar documentos", explicou o
delegado.
MENSAGENS
Em um dos trechos da mensagem postada no
grupo, o agressor diz “não podemos eleger
aquela mulher com cara de favelada para ser nossa prefeita. Essa gentinha irá
afundar Bauru”.
Em outra mensagem, ele diz: “não tenho nada contra, mas essa gente de
pele escura, com cara de marginal administrado essa cidade, será o fim".
O conteúdo com cunho racista também
aparece em outra mensagem:
“Essa
gente de cor, representada por essa tal de Suéllen, não vai saber administrar a
cidade, não tem competência.”
Suéllen informou ao G1 e à TV TEM que soube dos ataques por pessoas próximas que
enviaram cópias das mensagens e que o seu advogado já está tomando as medidas
cabíveis para que o autor seja identificado e punido.
“Fui alertada da situação e claro que no
domingo era um dia atípico de eleição e eu queria pensar com muita calma, mas
eu registrei um boletim de ocorrência e o advogado já está no caso para tomar
todas as medidas necessárias. Vivenciar algo assim a gente fica muito
chateada, mas eu quero que sirva de exemplo, a gente não pode deixar esse tipo
de situação passar, a gente não pode achar que isso é comum, simples e isso é
aceitável. Muitas pessoas passam por isso e são silenciadas.”
A prefeita eleita disse também que
pretende com essa atitude evitar que situações como essa continuem a acontecer.
“Entramos com todas as medidas judiciais
possíveis para que essa pessoa seja identificada e diante da justiça corrigida.
Isso não se faz muito menos em um ambiente de internet, onde as pessoas postam
o que querem, comenta o que bem entendem. Nós estamos em um tempo que isso não
é mais permitido, faço isso por mim e por tantas pessoas que enfrentam esse
tipo de situação.”
Suéllen Rosim é a primeira mulher a ser
eleita prefeita de Bauru.
Antes dela, apenas Estala Almagro, que foi eleita
vereadora nestas eleições, ocupou o cargo de vice-prefeita nos dois mandatos de
Rodrigo Agostinho.
“Eu represento muitas mulheres, muitas negras
que buscaram o seu espaço ao longo desse trajeto, não só na política, mas em
todas as áreas. Então eu quero deixar essa mensagem de respeito e de
representatividade. E com isso eu já começo o governo deixando essa mensagem
diante do que eu me senti ofendida, mas que isso não vai me calar e não me
tornar invisível.”
ELEIÇÃO
EM BAURU
Suéllen foi a candidata à Prefeitura de
Bauru mais votada no primeiro turno entre os 12 candidatos que disputaram.
Ela teve 57.844 votos, o que representa
(36,12%).
Com essa atuação, ela foi ao segundo
turno na disputa de votos com o segundo colocado, Dr Raul (DEM), que ficou com
53.299 votos (33,28%) na votação de 15 de novembro.
Já no segundo turno, Suéllen foi eleita com
55,98% dos votos (89.725), mais de 19 mil a frente do Dr Raul, com 44,02%
(70.558 votos)
MAIS
AMEAÇAS CONTRA MULHER NEGRA
A vereadora Ana Lúcia Martins (PT), que
foi a primeira mulher negra eleita para a Câmara de Vereadores de Joinville
(SC), também registrou ocorrência após receber ataques racistas em redes
sociais e até ameaças de morte.
A Polícia Civil do estado instaurou
inquérito por injúria racial e ameaça.
Com 54 anos, Ana Lúcia está entre os 19
eleitos para o Legislativo no maior colégio eleitoral de Santa Catarina e
recebeu 3.126 votos (1,18%).
Segundo a vereadora, antes mesmo de sair
os resultados das urnas, começaram os ataques, que, depois, foram agravados por
duas ameaças.
"Por meio de um perfil fake,
recebi, por duas vezes, ameaças de morte, evidenciando que o problema central
era eu ser a primeira mulher negra eleita da cidade", disse Ana em
uma rede social.
(Do G1)
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